terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


                                                           A INTERMINÁVEL CRISE


          Será que esta crise nunca mais acabará? Tudo parece indicar que sim. De cada vez que a troika vem a Portugal em vez de nos trazer boas noticias pelo contrário descobre mais buracos e empurra-nos cada vez para mais longe. Agora parece que será só em 2015 que as contas poderão ficar acertadas. Mas parece tambem que entretanto já estaremos aptos a reentrar nos mercados. Por um lado dizem que estamos atrasados na nossa recuperação, mas por outro, reconhecem que a nossa capacidade de pagar as dívidas está recuperada. Em que ficamos? 
         Jugo que a questão aqui é outra. Com a Europa em crise e sem fim à vista (agora são os italianos que, eleições feitas, parece que ainda estão piores do que antes) os nossos amigos alemães gizaram um original plano para tomar conta definitivamente da Europa  (diz-se que não há duas sem tres).  O plano é simples (como o raciocinio germanico) e consiste no seguinte: os bancos alemães emprestam dinheiro ao mecanismo europeu de resgate aos Estados em falência, que por sua vez o emprestam aos seus bancos falidos para que estes possam pagar as suas dividas aos bancos alemães. É uma espécie de jogo de bilhar feito de carambolas. No final do processo o dinheiro volta para donde saiu, mas com juros e deixando os países por onde passou mais dependentes dos alemães, que no decurso do processo se imiscuiram entretanto na gestão das dívidas.  A crise só terminará quando a liderança europeia da Alemanha estiver consolidada e os países comunitários submetidos aos ditames germanicos.  Desde a conferencia de Berlim no final de séc.XIX que a Alemanha optou por ganhar colónias perto de si, em vez de as procurar no ultramar, deixando essa tarefa aos chamados países descobridores. 
          Quando a situação estiver controlada, então a Alemanha preocupar-se-á em resolver os problemas estruturais que possam por em causa o processo europeu, que nessa altura será já alemão. Como será então isso feito?  Dois problemas se destacam pela sua generalização e pela sua dimensão: o sobreendividamento dos países e o crescimento exponencial das prestações sociais resultantes do aumento generalizado do desemprego.  Com a recessão económica (nalguns países já se fala em depressão) o desemprego tende a aumentar e com ele o aumento da despesa publica em prestações sociais.  Para fazer face ao aumento da despesa publica, os Estados têm por sua vez que endividar-se cada vez mais. É uma espécie de circulo vicioso que só terminará quando a solução for globalizada. E a Alemanha só o fará quando tiver o controlo absoluto da Europa. Sem dimensão europeia (lebensraum) a Alemanha soçobrará num mundo globalizado e multipolar. Não lhe interessa assim que a UE se desmembre. Apenas que se adapte aos seus interesses.
          A forma de a Alemanha combater na altura própria estes flagelos tambem é simples. O sobreendividamento passará a ser interno e apenas a um credor, a Alemanha, que através dele controlará as economias dos seus devedores. Já quanto ao desemprego causador de despesas sociais crescentes, ele será combatido através da mutualização da segurança social. Á semelhança do que hoje ocorre para o desenvolvimento, serão criados uns QRENS destinados aos apoios sociais, onde os orçamentos nacionais participam em percentagens a definir com regras comuns harmonizadas em toda a União, de acordo com os interesses alemães e segundo regras por eles ditadas. Por isso, os nossos problemas de sobreendividamento não diminuem apesar de nos considerarem já aptos a reentrar nos mercados da divida.  Sem que se chegue à completa germanização da UE, bem podem os PIIGS guinchar, que da Europa só lhes virão conselhos de amigo e esmolas controladas.

                                  ALBINO ZEFERINO                    26/02/2013

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