sábado, 23 de fevereiro de 2013

PORTUGAL EXPLOSIVO

 As recentes manifestações anti-governamentais animadas por cantigas revolucionárias sempre que ministros se deslocam fora dos seus gabinetes por parte de jovens desempregados desesperados pela ausencia de perspectivas que antevêem para o seu futuro, estão tornando-se numa rotina desagradável, não tanto pelo ruido que produzem, mas sobretudo pela imagem anárquica que transmitem da tradicional pacatez lusitana. Perante tais ruidosos desacatos, quem tivesse saído de Portugal há um ano e agora regressasse, poderia pensar que a situação social e economica portuguesa se tivesse degradado a tal ponto como ocorre na Grécia. Mas aparentemente não foi o que aconteceu. Portugal conseguiu descolar definitivamente da Grécia ao ponto de lhe ter sido recusado tratamento de favor semelhante ao que lhe foi concedido pelos seus credores. Então o que se passa verdadeiramente? Os portugueses sempre foram conhecidos pelas suas originalidades. Foi a revolução original, é a originalidade das vitórias morais e demais originalidades definidoras de uma personalidade colectiva tacanha e complexada que caracteriza o portuguesismo desde que o rei D.Sebastião se ficou por Alcácer-Quibir. Ora a originalidade dos dias de hoje é a que se manifesta desta forma ruidosa e desagradável, sem verdadeira razão de ser que não seja a do impulso colectivo de uma frustração de classe muito própria dos estádios de futebol onde as claques reagem às derrotas dos respectivos clubes atribuindo as culpas aos árbitros em vez de culparem os jogadores pelas suas derrotas. É certo que a volatilidade da politica europeia ainda não permitiu que se definisse com clareza o rumo da recuperação económica, mas tambem não restam duvidas sobre o enorme e original esforço (aqui sim, a designação é adequada) que este governo tem feito para que Portugal consiga sair airosamente desta crise que o assaltou. Foi pela primeira vez que se puseram em causa as intocáveis premissas económicas marxistas pelas quais o país se tem regulado desde há 38 anos e é por causa disso mesmo que estas e outras manifestações originais se têm verificado de cada vez que algum dos "direitos adquiridos" é beliscado (note-se, por exemplo, a originalidade da manifestação popular contra o abaixamento da TSU, logo aproveitada e papagueada à exaustão pelos esquerdistas da nossa praça). Dir-se-á então que vamos por bom caminho? Eu não seria assim tão assertivo. A falta de coragem do governo demonstrada na não redução das chamadas rendas dos grandes monopólios (EDP, PPP`s, petrolíferas e outras empresas penduradas no Estado) bem como a perseguição aos institucionalmente desprotegidos a pretexto da salvação do Estado social, não augura a tranquilidade necessária e desejável ao processo de recuperação em curso. Haja coragem para levar as reformas até ao fim, com determinação e critério, sem desvios de rumo nem hesitações de consciencia. Não queiramos simultaneamente sol na horta e chuva no nabal. Sem sacrificios e sem riscos nada se faz. Não confundamos diminuição de gastos com aumento de receitas. Enquanto não se cortar nas despesas do Estado (autarquias, institutos publicos, segurança social, tropa, mordomias, excesso de funcionários publicos, etc. etc.) não conseguiremos chegar ao destino desta maratona longa e dificil. Haja saúde! ALBINO ZEFERINO 23/02/2013

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