quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A INEVITABILIDADE DO AUMENTO DOS IMPOSTOS


     
          Não valerá a pena ter ilusões. Os impostos sobre os mais ricos (ou menos pobres, como se queira) terão que aumentar por força.  Se a Constituição portuguesa, na leitura restritiva e limitadora que o Tribunal Constitucional lhe vem fazendo, impuser alterações constantes às medidas de redução da despesa publica que o governo esforçadamente vem lançando, não haverá outro recurso do que recorrer ao aumento dos impostos sobre os rendimentos das pessoas. Sejam eles provenientes do trabalho, das pensões, das poupanças ou da propriedade.
          O que está acontecendo é uma luta entre o conceito liberal do governo (que defende uma redução da intervenção estatal na economia do país) e o conceito socialista interiorizado há decadas na sociedade portuguesa em geral (desde Salazar) de que a responsabilidade de tudo o que acontece aos cidadãos recai no Estado.
          Diz-se que a pertença à União Europeia tem modernizado os portugueses. Eu diria que sim, mas apenas na parte formal ou material do conceito. É certo de que os portugueses de hoje estão mais cultos (menos matarruanos, dirão alguns) do que os seus pais e tambem que interiorizaram os beneficios do sistema democrático europeu, tornando-o indiscutível na sua vida cívica. Psicologicamente, porém, o ser lusitano continua arreigado ao conceito de dependencia de que sofre desde a origem deste velho país de séculos. Foram primeiro os romanos, depois os árabes, depois os castelhanos, em seguida os franceses, depois os ingleses e agora os alemães. Não conseguimos ainda atingir a maioridade nas coisas do espírito.
          Em quase novecentos anos de história independente (relativamente independente, diria eu) Portugal nunca esteve só. Nem quando Salazar proclamava saloiamente o "orgulhosamente sós" para justificar o injustificável. Sempre houve alguém (ou alguns) que nos deitaram o olho (e a mão) para nos "ajudarem" no nosso perclitante caminho. Hoje são os alemães (através da UE) que nos vão aguentando e que nos continuarão a segurar (à custa de cada vez mais sacrificios colectivos e individuais da nossa parte) enquanto não for descoberto o caminho para a definitiva ejecção dos párias, sem que o euro saia ferido de morte.
          O portugues não tem infelizmente o amor-próprio suficiente para se lançar no espaço globalizado da economia de hoje sem garantias de sucesso garantido (sem embargo dos êxitos isolados que alguns compatriotas mais afoitos têm registado nas suas corajosas investidas internacionais) precisando sempre do empurrão estatal ou da garantia bancária para se atrever a avançar. O mesmo ocorre na gestão das suas vidas. Quem está disposto a abdicar dos inumeros e por vezes injustificados subsidios que recebe, em prol da salvação do país que lhe deu vida e o mantém à tona d´água?  Muito poucos, direi eu. Quase tantos quantos aqueles poucos que acompanharam o Infante nas aventuras maritimas de quinhentos. A maioria ficou à espera, no Restelo, que os navegadores regressassem, trazendo-lhes as garantias que os fizeram viver durante os 300 anos seguintes.
          Mas hoje, o que esperamos? Acabado o comunismo e com a subsidio-dependência em crise não vamos ter outro remédio senão ir aguentando as troikas que nos forem impondo para que não morramos de inanição. E enquanto ainda houver onde ir buscar, será fartar vilanagem! O problema é quando formos todos mendigos. O que será de nós?

                                          ALBINO ZEFERINO                    30/10/2013

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