quinta-feira, 10 de outubro de 2013
PORTUGAL SOCIALISTA
Cada vez é mais visível a natureza socializante que a politica portuguesa reveste nos dias de hoje. Ao contrário do que os socialistas assumidos deste país afirmam, Portugal é hoje mais socialista do que durante o PREC que se seguiu ao 25 de abril. Já não há ricos (refiro-me aos verdadeiros milionários) e a classe média (a chamada classe emergente, nascida com Cavaco Silva) está em desagregação. Apenas se vêm remediados, pois pobres, pobres, tambem já não há. E o que é isto senão uma sociedade socialista? Como se chegou a este ponto?
A forma que o governo de Passsos encontrou para dar satisfação às imposições da troika no sentido de obrigar o país a endireitar-se rapidamente, foi a de penalizar fiscal e socialmente os que tinham alguma coisa de onde "sacar" dinheiro, poupando os desgraçados que nada tinham de seu a uma fatal indigencia.
Terá sido esta a melhor opção? Custa-me admiti-lo, mas não creio. Ao optar por uma redução generalizada do nível de vida da maioria da população (poupando é certo uma classe que nada produz, mas que gasta), o governo condenou a sociedade portuguesa em geral a um retrocesso civilizacional que tardará (se as condições objectivas o permitirem) dezenas de anos a recuperar. Tentar fazer uma reforma do Estado às apalpadelas, cuidando não ferir susceptibilidades de classe nem direitos adquiridos por anos de bebedeira socialista, sem antes se precaver constitucionalmente (aproveitando a necessária colaboração do PS ainda com o complexo da culpa herdada de Sócrates) pareceu-me imprudente e pouco sensato. Agora já é tarde para isso e quiçá até impossivel de fazer, pois o futuro governo socialista prefirirá sempre recorrer aos cada vez menos remediados que ainda existam, do que trair o seu natural eleitorado retirando-lhes direitos constitucionalmente garantidos.
ALBINO ZEFERINO 10/10/2013
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Sucede, meu caro Albino Zeferino, é que temos uma dívida perpétua, perene e portanto insusceptível de ser paga. Dívida que já passou para os nossos filhos, que transitará para os nossos netos, bisnetos e pelas gerações seguintes. Existiam 4 soluções possíveis: a) aumentar a tributação (correndo-se o risco de deprimir a economia, gerar mais desemprego e empobrecer a população); b) vender o património do Estado (o problema é que é limitado e de impacto muito reduzido nas contas do Estado); c) reduzir a despesa pública (cortar nos gastos sociais - pensões, saúde, educação, etc. que são considerados despesas "úteis" ou apenas nas "inúteis" - obras públicas de grande dimensão, gastos estatais sumptuários) ; d) aplicar uma dosagem combinada das 3 opções anteriores. Em Portugal optámos pela d), mas, note-se, com especial incidência no aumento da fiscalidade e na redução da despesa pública "útil", o que conduziu à pauperização brutal inescapável do país. Gerou-se um círculo vicioso de onde não podemos sair. Os credores (designadamente a banca alemã) exigem-nos o pagamento a taxas de juro incomportáveis. A drenagem de capitais do Sul para o Norte - padrão a que não escapamos, juntamente com outros países periféricos Grécia, Itália, Espanha, Chipre - é uma realidade incontornável e cada vez mais insuportável. Pela via do rigor financeiro, perdemos a soberania política. Só há uma alternativa sair ordenadamente do Euro, sem bater com a porta e sem grande derramamento de sangue. Isso é possível. Essa via tem de ser explorada. Serão dois ou 3 anos de sacrifícios (mas sacrificados já estamos) e depois podemos navegar à vista, com alguma prudência e recuperarmos o tempo perdido. O Euro, principalmente por culpa da França de Mitterrand, foi uma criação que só beneficiou a Alemanha e o Norte. Temos de pôr cobro a isto.
ResponderEliminarFrancisco Henriques da Silva
Meu caro amigo
EliminarObrigado pelo excelente comentário. Verifico com agrado que estamos sintonizados quanto à análise catastrófica da situação. Só não concordo com a conclusão. Não me parece que a saìda do euro possa trazer algum alivio. Pelo contário. Deixariamos de beneficiar das ajudas financeiras que a UE nos proporciona e então sim, iriamos directamente pelo cano abaixo. Seria o fim de Portugal como país soberano e independente. Outra coisa será afirmar que talvez não tivesse sido boa ideia do Gutierres entrarmos precipitadamente na zona euro. Mas tambem não sei se (com os espanhois lá dentro) não tivemos outro remédio.