Desde que foi inventada durante a revolução russa de 1917 e ficou consagrada no Chile de Allende, que esta expressão revolucionária passou a ser usada no mundo, em todas as situações de détresse que provocam reacções populares de desagrado contra os poderes constituidos. Pressupõe que aquilo de que alguns se queixam (os protestadores) foi deliberadamente organizado contra todo o povo trabalhador e ordeiro, explorado pelo capitalismo miserável e impiedoso, que deve ser esmagado por meio duma luta continua sem tréguas nem desfalecimentos.
Também em Portugal a expressão ficou conhecida nos calores do 25 de abril, quando era invocada nas manifestações organizdas pelos comunistas (PC e Inter) constantemente por tudo e por nada. Agora com a crise, parece ter renascido das cinzas do reformismo nascido com a queda do muro de Berlim e de novo trazida para a ribalta politica, para despertar velhos ressentimentos de classe adormecidos no doce embalar da mediania da nova classe social introduzida por Cavaco em Portugal, graças aos dinheiros vindos da CEE.
Os portugueses não sabem verdadeiramente o que querem. Se lhes dão dinheiro, depressa o gastam em luxos e superficialidades; se lhes dão poder, execem-no logo em proveito próprio e dos seus; se lhes dão benesses, agarram-nas como propriedade sua, ameaçando de morte quem as quer de volta; se lhes dão confiança, abusam imediatamente dela. Parecem uns miúdos pequenos que ainda não sabem o que querem e que agarram tudo o que lhes vem à mão, sem distinguir o que lhes convém ou as consequencias das suas decisões precipitadas.
Vem isto a propósito das constantes declarações publicas do nóvel ministro centrista da Economia, que entrou na 2ª parte deste campeonato, aureolado de muita competencia e sabedoria. Ao se aperceber que afinal era mais um dos rodriguinhos do teatrinho montado para distrair a malta, resolveu pôr a sua basófia em bicos dos pés, não fosse a horda de jornalistas sempre em voo rasante como as moscas desprezá-lo por inutil para a chicana politica, como fizeram com o seu antecessor e começou a dizer coisas para os jornais e tv´s. Depois da sua recente visita turistica a Angola ( liturgia iniciática de todo e qualquer novo ministro portugues) Pires de Lima resolveu dizer à Visão que Portugal "vive a humilhação de ter perdido a soberania (com a troika) e o que o governo está a fazer é um compromisso entre aquilo que desejaria fazer e aquilo a que os obrigam". Então para Pires de Lima o governo não quer cumprir o programa que negociou para conseguir o dinheiro necessário para sobreviver?
Pois se até o governo reclama da troika, como queremos nós que os nossos credores nos olhem e nos ajudem? Não é pelo PM repetir à exaustão que Portugal não é a Grécia (não creio que os gregos apreciem muito estas afirmações, mas enfim...) que não está diante dos olhos de todos o que nos espera se continuarmos nesta bábara e indesculpável estupidez de reclamarmos do que nos é aconselhado fazer para continuarmos a beneficiar da boa-vontade dos que nos sustentam e que nos vão continuar a sustentar. Ou talvez não...
ALBINO ZEFERINO 24/10/2013
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