quarta-feira, 25 de março de 2015

A VERGONHA NACIONAL


          Quando se fala de vergonha nacional é quando algo acontece no nosso país de tão relevante que define o nosso comportamento perante terceiros de uma forma chocante. Fala-se de vergonha nacional quando a selecção de futebol não consegue chegar ao apuramento ou quando o país se vê forçado a pedir ajuda externa para sobreviver. Contudo, não há obrigação nenhuma da equipe nacional chegar à fase de apuramento, nem o governo que pede a ajuda é mais responsável na tragédia do que os seus antecessores. Verdadeira vergonha nacional é quando acontecem fenómenos anormais de repercussão nacional da exclusiva responsabilidade do povo. Falo das aldrabices do Sócrates e do Salgado.
          Sócrates foi eleito primeiro ministro por duas vezes (uma delas por maioria absoluta) e nessas funções enriqueceu enganando vergonhosamente quem o elegeu (pelo menos aqueles que não estavam ao corrente das suas maroscas). É objectivamente uma vergonha para o país onde ele foi líder e para o povo (em geral) que o pôs no poleiro.
          Salgado não foi eleito mas eregiu-se em banqueiro nacional, por detrás de 150 anos de actividade séria e competente duma familia tradicional portuguesa de banqueiros, com o beneplácito dos vários governos que por ele passaram e sem contestação alguma por parte das instituições nacionais do sector.
          Ambos constituem, a meu ver, motivo de vergonha nacional. Sem o apoio (ou mesmo a cumplicidade) de muitos dos responsáveis pelo andamento da coisa publica não teria sido possivel que, tanto Sócrates como Salgado, pudessem ter protagonizado as malandrices e os crimes que cometeram. Sócrates roubou o erário publico (ou seja as pessoas que o elegeram) através de esquemas fraudulentos e criminosos que o vão levar à cadeia por muitos anos. Salgado enganou a familia, os amigos e os que nele confiaram o seu dinheiro, com esquemas tambem fraudulentos e com uma incompetencia gritante (considerava-se o banqueiro de Portugal que podia pôr e dispôr de tudo a seu belprazer).
          Ora a continuidade de situações que se vieram a revelar anormais e fraudulentas (e que por serem tão dificeis de aceitar, ainda hoje têm quem os defenda) durante tantos anos e tão profundamente se reflectiram na sociedade portuguesa, é motivo de vergonha nacional. Muita gente, como eu, se considera envergonhado por pertencer a um povo que permitiu com a sua tacanhez e ignorância que tais sujeitos ocupassem os lugares cimeiros que ocuparam e decidissem por nós os destinos deste pobre país entregue aos bichos. Para que a vergonha seja definitiva só falta que os juizes e alguma imprensa corrupta os absolvam dos seus vergonhosos crimes que prejudicaram milhões de pessoas e mancharam a reputação de um povo velho de séculos.

                          ALBINO ZEFERINO                                          25/3/2015

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