quinta-feira, 14 de maio de 2015

A INEXORÁVEL E LENTA CONQUISTA DA EUROPA


          Depois de várias tentativas (sempre vãs) para conquistar a Europa, começa-se a definir de novo a próxima. Desde Gengis Kahn, passando pelos turcos, por Napoleão e por Hitler e depois pelos soviéticos na guerra fria, eis que surge agora, vinda de África, a ameaça de invasão protagonizada pelos desgraçados sem-terra que fogem do continente maldito na busca duma utópica nova vida de fartura e de felicidade nas terras dos seus antigos senhores.
          Dir-se-ia que esta invasão (diária, pacifica e imperceptivel a olho nu) constituiu o refluxo daquilo a que se chamou o colonialismo europeu da África negra.  Embora o europeu tenha chegado ao continente negro no sec. 15, através das primeiras incursões maritimas portuguesas (Bartolomeu Dias dobrou o Bojador em 1434), a efectiva invasão do continente africano pelos europeus só começou com o tráfico de escravos iniciado no séc.16, depois do descobrimento da América. Mas a verdadeira ocupação só viria a ocorrer no séc. 19, com as explorações de Stanley e de Livingstone, na sequencia das quais o continente foi dividido em zonas de influência europeias, na famosa conferencia de Berlim.
          Parece agora ter chegado a hora da vingança, na qual os explorados de ontem passam a ser os exploradores de hoje. Porque efectivamente se trata de exploração. Os desgraçados embarcados quase à força em barcaças improvisadas, atravessam o Mediterrâneo sem as minimas condições de segurança e desembarcam (os que conseguem chegar sãos e salvos) nas costas italianas, invadindo pacificamente a Europa caduca, sem forças nem ânimo para os evitar e sem condições para os receber. Esta entrada forçada de gente de outras etnias e de outros costumes e hábitos de vida no continente outrora líder do mundo civilizado, está provocando inexoravelmente uma verdadeira revolução na forma de viver dos europeus e nos velhos hábitos quotidianos dos outrora exploradores de outras etnias.
          Sem força de trabalho própria (ou sentindo-a reduzir-se drasticamente) pela baixa natalidade verificada desde as guerras mundiais do século passado, a Europa debate-se com o dilema de aceitar esta nova imigração ou de a excluir liminarmente por perturbadora da sua forma civilizada de viver. Cada vez mais se constata a utilização da xenofobia como argumento politico nas permanentes eleições que anualmente ocorrem nos civilizados e democraticos países europeus. O agitar da bandeira da crescente imigração (sobretudo africana) que desagua diariamente às catadupas nas costas mediterranicas da UE tem servido para fazer crescer os partidos mais xenófobos nos vários países europeus, fazendo perigar a democracia pluralista baseada na concertação e na negociação permanentes.
         A recusa britânica das medidas contemporizadoras apresentadas pela Comissão europeia para a solução do problema é, a meu ver, prenunciadora do grave problema com que as autoridades europeias se vêem confrontadas, cuja abordagem conjunta não se me afigura fácil e que julgo se irá agudizando cada vez mais com o passar do tempo. O crescente aumento do índice demográfico africano aliado à cada vez maior descida do produto nos países daquele continente, irá empurrar inexoravelmente cada vez mais gente para a Europa, que se verá cada vez mais incapaz de suster a onda de imigrantes que afluem diariamente às suas costas. Teremos definitivamente que nos adaptar a conviver cada vez mais intimamente com os descendentes dos nossos antigos escravos, agora já não numa posição de submissão da parte deles, como ocorria no tempo dos nossos bisavós, mas de igual para igual e por vezes até aceitando as suas determinações e os seus caprichos e até as suas vinganças. Cést lá vie!

                  ALBINO ZEFERINO                                                    14/5/2015

2 comentários:

  1. Caro amigo, estou totalmente de acordo com o texto que brilhantemente escreveu. Temo que os dirigentes que infelizmente a Europa tem, na actualidade, não sejam capazes de ver a situação e de encontrar remédios para ela, antes que seja tarde. Um abraço

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    1. Obrigado meu excelente Amigo e Professor. As suas palavras animadoras são o bálsamo que o meu heterónimo precisa para espevitar a inspiração.
      EP

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