sábado, 16 de maio de 2015

BYE BYE TAP


          Finalmente parece que é desta vez que a TAP vai mesmo ser vendida. Foi preciso a greve dos pilotos para acordar esta gente estremunhada e dissimulada para a realidade dos factos. Como é que há ainda hoje quem queira que a TAP continue como está? Ou são cegos, ou ignorantes ou são aldrabões. Num mundo globalizado (o que signfica que nada nem ninguem está imune a tudo), onde as low-cost estão a ocupar o lugar das velhas companhias de bandeira tirando-lhes os passageiros e as rotas, já não é possivel subsistirem elefantes brancos com 13 mil empregados para 77 aviões e uma divida consolidada de mil milhões de euros. Admiro-me, isso sim, como ainda haja quem queira ficar com o monstro em que a TAP se transformou.
          Desiludam-se os cépticos de que a TAP não venha a ser desmantelada a prazo depois de adquirida por nada. O que os compradores querem é ficar com os direitos de tráfego (como os chineses querem ficar apenas com o alvará do falido BANIF com a manifestação de vontade na compra do banco, desmantelando-o em seguida) para depois absorverem a companhia nas suas empresas reformando-a com o pretexto das sinergias. Bem podem os 15 sindicatos fazer greves de protesto (até todos de uma vez) que não se livram dum processo de despedimentos selectivo e impiedoso. E bem pode o governo artilhar o contrato com limitações a despedimentos e manutenções de regalias ou de condições anti-liberais que os tribunais internacionais, a quem os compradores recorrerão, se encarregarão de desmanchar os chico-espertismos lusitanos que eles fingiram aceitar sem se comprometer.
         Numa fase onde toda a gente sabe que a TAP já não vale nada, pois tem divida e trabalhadores a mais, é estulticia pretender evitar o inevitável. A TAP já deveria ter sido negociada numa altura onde ainda valia alguma coisa (no governo do Guterres) e assim haveria ainda capacidade negocial para impor algumas condições, que hoje não serão aceites por ninguem. Esta é a ultima hipótese de vender formalmente a companhia (mesmo sem qualquer lucro) com uma aparência de normalidade. De contrário, a TAP abrirá oficialmente falência com as consequencias jurisdicionais que se lhe seguirão e que arrastarão o processo por dolorosos anos e penoso percurso, que afectarão, não só os seus trabalhadores, como o Estado, no aspecto financeiro e no da sua credibilidade internacional.

                              ALBINO ZEFERINO                                            16/5/2015

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