terça-feira, 10 de novembro de 2015

A REPUBLICA VAI NUA


          Parafraseando o velho epíteto de "o Rei vai nu" para significar que alguem chamou a atenção para uma realidade que todos viam mas que fingiam não ver, eu diria que a Republica em Portugal vai nua. Vai nua porque a despiram de todas as virtudes que uma republica deve ter: honestidade, principios, entrega, justiça e equidade. Foram 40 anos de roubalheiras, aproveitamentos e desonestidades de toda a ordem que condenaram o regime que se arrastou pelo mesmo tempo que durou o vilipendiado salazarismo. 40 anos de depravação, de devassidão, de imoralidade e de licenciosidade.
          Esta republica das bananas (ou dos bananas) em que o velho Portugal se tornou está a dar as últimas. E tal como começou vai acabar. Começou com a entrega do poder conquistado sem esforço aos comunas e vai acabar entregando de novo o poder aos comunas, mas desta vez conquistado com manha e aleivosia. Mas não creio que seja através do Cavaco que isso aconteça. Cavaco é demasiado casmurro e orgulhoso para conceder que se enganou ao dar posse a Passos há uma escassa semana atrás. Os truques do Costa bem podem convencer os incautos e os mal-intencionados, mas não convencem o Cavaco que ninguem vira. Pois se nem o aldrabão do Sócrates o conseguiu, seria o chico-esperto do Costa que o iria conseguir? A troco de quê? Duma saida airosa da cena? Não será preferivel (mal por mal) que Cavaco fique na história com o epitáfio de intransigente, do que como aquele que entregou o ouro ao bandido? Esquecem-se de que o homem é algarvio.
          Manhoso como é, Cavaco vai deixar passar o tempo em consultas e mais consultas até que chegue o momento em que, já não valendo a pena continuar com mais consultas, lhe parecerá preferivel deixar ao seu sucessor (seja lá ele quem for) o ónus de convocar novas eleições clarificadoras. Pois se foi assim com esta manha que o tipo se elevou à grandeza em 1985, porque não irá usar a mesma estratégia na saída?
          Esperemos porém que a Republica, ficando assim tanto tempo nua, não se venha a constipar.

                   ALBINO ZEFERINO                                                  10/11/2015

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