quinta-feira, 7 de abril de 2011

ACABOU O BAILE

  Finalmente o primeiro-ministro rendeu-se à evidência. Portugal está falido. Já não conseguimos honrar os nossos compromissos nem cumprir as nossas obrigações. Há meses que esta situação era previsivel mas Sócrates teimosamente continuava a meter a cabeça na areia esperando que a tormenta passasse sem nada fazer para evitar esta situação. É espantoso como um primeiro-ministro, cuja função é prioritariamente prever, erra infantilmente de cada vez que é preciso agir. Se vivessemos em ditadura como aconteceu até há 30 anos (e durante 50) poderiamos dizer que Sócrates nos tinha sido imposto e que não eramos culpados dos seus disparates e da sua incompetência. Mas em democracia não. Se Sócrates dirige os destinos deste pobre país há mais de 6 anos foi porque os portugueses o escolheram (e por duas vezes seguidas!). Não nos queixemos então das consequencias das nossas erradas escolhas. Viver é escolher o caminho que trilhamos. Se nos deixamos levar nas cantigas sócretinas teremos agora que arcar com as culpas. Não procuremos mais culpados. Os culpados são os tontos que votaram no PS de Sócrates. A esses e só a esses devem ser pedidas explicações.
          Não vale a pena Sócrates alegar a crise internacional para justificar os seus clamorosos erros. A crise tocou a todos e uns reagiram melhor e outros pior. Nós fomos dos países que pior reagiu. Em primeiro lugar negando que a crise nos tivesse afectado da mesma forma que afectara os outros. Depois fingindo que as nossas crescentes dificuldades em conter as consequencias brutais desta crise radicavam na própria crise e não na forma errada de reagir a ela. E finalmente, recusando aceitar a evidência dos seus erros e incapacidade de reagir convenientemente à crise. Por outras palavras, eu diria que se tivessemos pedido ajuda há uns meses atrás (tal como outros países o fizeram e os nossos credores nos sugeriam) teriamos podido negociar essa ajuda. Agora já não. Com a cabeça em terra como estamos há que aceitar a rendição sem condições. Não nos admiremos pois se nos impuserem condições draconianas para nos emprestarem o dinheiro necessário para comermos todos os dias a partir de agora.
          Portugal vai mudar após mais de 35 anos passados desde a última revolução social. A um país apertado (Soares dizia à francesa "bailloné") sucedeu um país solto, festivo, inconsciente e quiçá um pouco anárquico. Com a CEE voltaram as regras, agora mais civilizadas, obedecendo à lei e à ética política e nós julgamo-nos livres de todos os males. Começamos a viver à custa de outros, lá longe na Europa (que iamos criticando de cada vez que nos puxavam as orelhas, enquanto recebiamos toneladas de dinheiro que gastavamos alegremente sem critério nem contenção). Até que surgiu a crise, qual monstro peçonhento, que tudo leva pela frente: empregos, subsidios, direitos adquiridos, aforros, pensões, créditos, negócios e esperanças. O que nos resta então? Um país em recessão prolongada com um caminho duro pela frente, submetido a ditames comportamentais que nos vão ser impostos por outros (à sombra duma coisa mal conhecida chamada União europeia) e aos quais vai ser dificil reagir sob pena de sermos proscritos do clube dos ricos (malgré tout).  Habituemo-nos á nova vida que lá vem e saibamos tirar as lições dos nossos erros. A nova geração (a dos rascas à rasca) vai sofrer pelos erros da anterior, tal como essa sofreu pelos erros dos seus pais. A natureza humana é assim. Já Sinatra cantava "that´s life".
 
                                                               ALBINO  ZEFERINO       7/4/2011

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