segunda-feira, 11 de abril de 2011

O RESCALDO DO 25 DE ABRIL

  Enquanto nos entretemos nas querelas intestinas desta fase intermedia entre o fim de uma época e o principio de outra, o nosso futuro vai-se definindo lá fora paciente e inexoravelmente como o tempo das nossas vidas. Preocupados como de costume com o acessório e deixando o essencial para decisão de outros, o grande problema lusitano parece ser o de saber quem vai ficar com o ónus das duras negociações que os nossos credores nos querem impôr. O governo socialista, escudando-se na interinidade, vai dizendo aos atarantados dos portugas que não tem competencia para tal tarefa que necessariamente irá beliscar eleitoralmente quem do lado de cá apareça como tendo cedido às chantagens dos credores, atirando a responsabilidade para cima do timorato presidente (como se agora o pobre homem tivesse que arcar com as consequencias dos disparates que os sócretinos fizeram nos últimos anos) que, em vez e dar um valente murro na mesa, se refugia em etérias conferencias presidenciais numa vilória hungara de nome impronunciavel. 
         O essencial seria que o presidente conseguisse a dificil empreitada de juntar uma maioria de partidos que apoiasse o governo interino nas negociações com os homens do fraque vindos do norte. A dificuldade não está no conteúdo das negociações cujos pressupostos já nos foram apresentados previamente (e que portanto não deixam margem para quaisquer negociações substanciais) mas sim no amplo compromisso que temos que mostrar para que nos comecem a mandar o dinheiro que nos vai fazer sair deste buraco (será que irá?). Em vez de lá das estepes hungaras o presidente desta pobre republica venha pesporrentemente aconselhar mais imaginação aos mensageiros desta desgraça anunciada, deveria era tocar a rebate para unir as suas tropas como qualquer comandante que se preza faria no inicio de uma batalha decisiva para os destinos do país que foi encarregado de defender.
         O que os nossos líderes parecem esquecer (mais preocupados na recolha de votos do que na defesa dos interesses do país) é que o que os nossos credores querem no essencial é ressarcirem-se dos milhões que para cá mandaram para que nos reformassemos e que nós em vez disso gastamos alegremente em auto-estradas e jipes, através da apropriação das empresas publicas publicas que irão ser privatizadas à pressa. Aqui é que haverá matéria para discussão a troco de mais dinheiro que nos mandarão e dos sacrificios que as correspondentes medidas de saneamento económico nos vão infligir.
         Os únicos que deram por isto e que já começaram a espernear foram os comunistas que iniciaram uma aproximação tactica aos bloquistas e começaram a acenar aos socialistas para a constituição de uma frente de esquerda que fizesse frente a este avanço do capitalismo internacional sobre a indefesa e empobrecida Lusitania.  Esquecem--se é que já vão tarde e que os dados já estão lançados. O que os espanhois perderam em 1640 vai cair-lhes nas mãos em 2011 sem sequer necessidade de invasão militar. Afinal de contas são eles os nossos maiores credores, não são?
 
                                                    ALBINO  ZEFERINO       10/4/2011

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