segunda-feira, 4 de abril de 2011

OS DOIS IRMÃOS

   Através do Wikileaks ficou a saber-se a verdadeira razão da fraterna amizade que une Khadafi a Socrates. Um e outro foram atingidos pela mesma doença que vulgarmente é conhecida por patrioteirismo. Consideram-se ambos predestinados a defenderem até à morte as respectivas pátrias dos ataques soezes que os respectivos inimigos (normalmente compatriotas seus) lhes fazem. Depois de definitivamente comprovadas (julgam os incautos) as mentiras e os logros em que as suas acções se basearam, ambos persistem em continuar a defendê-las com a mesma tenacidade doentia, com energia redobrada e acutilancia renascida. Pobres daqueles ingénuos que, perante tão óbvias provas de incompetência governativa, julgaram que tanto Khadafi como Sócrates tinham os dias contados como líderes políticos dos respectivos países. Santa ignorancia.!  Uma insuspeitada vontade de persistir no erro apossou-se daquelas mentes brilhantes e, tal como Fénixes renascidas, ambos se lançam corajosamente numa patética defesa dos seus princípios, usando todos os meios ao seu alcance para convencer os seus incautos compatriotas da razão que lhes assiste. Khadafi os seus aviões e os seus tanques, Socrates o seu discurso e a sua pouca-vergonha.
          Perante tais desaforos, a assustada comunidade internacional lança sobre um e outro contra-ataques ferozes. Sobre Khadafi a resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas e os aviões da NATO, sobre Socrates a ameaça do FMI e o downgrading das agencias de rating. Um e outro resistem tenazmente a tais afrontas recusando abandonar o poder e, aproveitando-se da confusão gerada por tais inesperadas reacções, lançam contra-ataques ferozes sobre as respectivas populações. Khadafi procurando dizimá-las, Socrates (desejando tambem isso, mas não podendo) sarrazinando os espíritos e os ouvidos dos assustados portugueses.
          Esperemos que o impasse a que a situação na Líbia e em Portugal chegaram, graças aos inesperados contra-ataques desencadeados pelos seus ainda lideres não desemboquem em negociações e compromissos espúrios muito próprios dos lideres fracos que governam o mundo, fazendo lembrar Chamberlain e Laval quando em 1939 propuseram negociações a Hitler, convencidos de que assim evitariam a tragédia mundial que depois se verificou. 
 
                                              ALBINO  ZEFERINO   3/4/2011      

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