sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A MUDANÇA DAS MENTALIDADES

   Se alguma coisa a mudança de governo nos trouxe foi certamente a convicção de que sem mudança nas mentalidades não será possivel sairmos deste enorme buraco onde nos encontramos. Os conceitos de emprego definitivo (ou do quadro), de casamento para a vida ou de aforro seguro (tipo certificados de aforro) tendem a desaparecer na voragem desta crise que de financeira passou a economica e depois se transformou numa crise social. É claro que a desagregação destes principios que constituiram pilares seguros para gerações que hoje já se encontram fragilizadas pela idade não é fácil de aceitar para muita gente que construiu a sua vida e as suas mentalidades em redor destes conceitos. A vida hoje faz menos sentido sem que à simples passagem do tempo não se agregue algum risco. E a assumpção desse risco como fazendo parte da própria vida é precisamente o que caracteriza as mentalidades dos jovens de hoje. À aceitação conformada das vicissitudes que a vida trouxe às gerações mais velhas está a suceder na mentalidade dos mais jovens um certo inconformismo por uma vida mais dificil, menos segura e de futuro mais incerto. Daqui resulta o nascimento de novas mentalidades mais assentes na assumpção do risco, do desconhecido e até do próprio imprevisto, do que anteriormente.
             Tudo isto se reflecte na ideia que os jovens têm hoje da politica e dos chamados politicos. Para eles a politica não é mais do que um meio de alguns espertalhões se governarem à custa das outras pessoas. Em vez de se traduzir num serviço que alguns prestam aos outros, a politica tornou-se num mal maior que a sociedade organizada impôs aos cidadãos como fazendo parte do sistema. Por essa razão as teses assentes no principio de "menos Estado, melhor Estado" têm vindo a merecer cada vez mais acolhimento junto dos jovens. As crescentes manifestações espontâneas dos jovens nas diversas capitais europeias e os levantamentos sociais contra as ditaduras norte-africanas maioritariamente protagonizados pela juventude, são um reflexo da saturação juvenil pela imposição de regras cujo fundamento não compreendem e por isso não aceitam. A democracia como a temos vivido até agora está em crise e enquanto não se encontrar um sistema alternativo que devolva às sociedades a segurança e o bem-estar que a Humanidade exige, não deveremos dormir descansados.
 
                                ALBINO ZEFERINO   18/8/2011

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