sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A AJUDA AMERICANA

A crise europeia está cada vez mais a parecer-se 
com a crise de 1930. Recessão crescente com ameaça de alastrar a nível 
mundial, inflação sem controle a despontar, níveis de endividamento 
gigantescos, produtividades a diminuirem, crises politicas a 
rebentarem por todo o lado, desvalorização das democracias, lideranças 
débeis sem capacidade para dar a volta à situação, tudo sinais de que 
poderemos estar a entrar numa crise de proporções incontroláveis 
propícias ao surgimento de experiencias governativas musculadas, em 
geral conducentes a situações perigosas para a liberdade e o bem-estar 
das populações. 
As recentes declarações publicas do presidente da 
Reserva federal americana de que os europeus não esperassem qualquer 
ajuda dos E.U.A. para a resolução das suas crises veio afastar 
quaisquer esperanças de novos planos Marshal e o desalinhamento 
britanico das decisões do ùltimo Conselho europeu de apoio aos países 
mais endividados da UE mostrou que as fidelidades à Nação são ainda o 
que move os politicos sobre quaisquer solidariedades continentais por 
muito institucionalizadas que estejam. Tambem a indisponibilidade do 
FMI de alargar os montantes e as formas de ajuda aos países europeus 
em dificuldades anunciada pela sua directora geral em Nova Yorque 
apontam no mesmo sentido. A própria América, a braços com problemas de 
desenvolvimento da sua produção, face à emergência dos novos países em 
crescimento acelerado, está cada vez mais a repousar a sua ligação 
europeia no antigo colonizador britanico, agora que a NATO está a 
perder força e até razão de existir. Para os americanos o futuro está 
na Ásia e a aposta na Europa, velha e caduca, é coisa do passado e já 
deu os frutos que tinha a dar. 
Não se pense que haverá alternativas ao plano de 
resgate UE/FMI em execução na Grécia, na Irlanda e em Portugal. O 
drama reside no facto de os outros países europeus com possibilidades 
de ajudarem os mais débeis (ou mais gastadores conforme os ângulos) 
não terem capacidade para socorrer a Itália ou a Espanha se porventura 
estes países entrarem em dificuldades mais sérias. Aí a crise, que 
começou por ser imobiliária, passou a financeira e depois a económica 
e social, passará a ser global e então nem a alma se nos aproveitará. 
Não se pense que a salvação reside nos eurobonds ou na tomada de 
dívida pelo BCE. Se não houver cobertura para o buraco ninguem nos vem 
salvar. Façamos o que nos cabe e que consta do MdE e não pensemos em 
salvar a Europa e o euro porque para isso estão lá outros com mais 
capacidades do que nós. Se cada um fizer o que lhe cabe e não se 
preocupar tanto com o que os outros fazem ou não fazem, talvez nos 
consigamos safar desta alhada sem muita dor. De contrário vamos todos 
para o galheiro. 

ALBINO ZEFERINO 16/12/2011 

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