A crise europeia está cada vez mais a parecer-se
com a crise de 1930. Recessão crescente com ameaça de alastrar a nível
mundial, inflação sem controle a despontar, níveis de endividamento
gigantescos, produtividades a diminuirem, crises politicas a
rebentarem por todo o lado, desvalorização das democracias, lideranças
débeis sem capacidade para dar a volta à situação, tudo sinais de que
poderemos estar a entrar numa crise de proporções incontroláveis
propícias ao surgimento de experiencias governativas musculadas, em
geral conducentes a situações perigosas para a liberdade e o bem-estar
das populações.
As recentes declarações publicas do presidente da
Reserva federal americana de que os europeus não esperassem qualquer
ajuda dos E.U.A. para a resolução das suas crises veio afastar
quaisquer esperanças de novos planos Marshal e o desalinhamento
britanico das decisões do ùltimo Conselho europeu de apoio aos países
mais endividados da UE mostrou que as fidelidades à Nação são ainda o
que move os politicos sobre quaisquer solidariedades continentais por
muito institucionalizadas que estejam. Tambem a indisponibilidade do
FMI de alargar os montantes e as formas de ajuda aos países europeus
em dificuldades anunciada pela sua directora geral em Nova Yorque
apontam no mesmo sentido. A própria América, a braços com problemas de
desenvolvimento da sua produção, face à emergência dos novos países em
crescimento acelerado, está cada vez mais a repousar a sua ligação
europeia no antigo colonizador britanico, agora que a NATO está a
perder força e até razão de existir. Para os americanos o futuro está
na Ásia e a aposta na Europa, velha e caduca, é coisa do passado e já
deu os frutos que tinha a dar.
Não se pense que haverá alternativas ao plano de
resgate UE/FMI em execução na Grécia, na Irlanda e em Portugal. O
drama reside no facto de os outros países europeus com possibilidades
de ajudarem os mais débeis (ou mais gastadores conforme os ângulos)
não terem capacidade para socorrer a Itália ou a Espanha se porventura
estes países entrarem em dificuldades mais sérias. Aí a crise, que
começou por ser imobiliária, passou a financeira e depois a económica
e social, passará a ser global e então nem a alma se nos aproveitará.
Não se pense que a salvação reside nos eurobonds ou na tomada de
dívida pelo BCE. Se não houver cobertura para o buraco ninguem nos vem
salvar. Façamos o que nos cabe e que consta do MdE e não pensemos em
salvar a Europa e o euro porque para isso estão lá outros com mais
capacidades do que nós. Se cada um fizer o que lhe cabe e não se
preocupar tanto com o que os outros fazem ou não fazem, talvez nos
consigamos safar desta alhada sem muita dor. De contrário vamos todos
para o galheiro.
ALBINO ZEFERINO 16/12/2011
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