Há dias ouvi ou li um desabafo de uma destas
comentadoras políticas que abundam na comunicação social falando
acerca da famosa crise que atravessamos, dizendo bacocamente do alto
da sua pesporrência que "...a Alemanha está-se borrifando para nós
portugueses." Mas porque razão não deveria a Alemanha estar a
borrifar-se para nós portugueses? Não estaremos nós portugueses a
borrifar-nos para a Alemanha? Não estaremos todos a borrifar-nos uns
nos outros? Eu acho que é precisamente por nos estarmos todos a
borrifar uns nos outros que se chegou à situação em que actualmente
nos encontramos. Quando o borrifanço é geral como hoje sucede, são
naturalmente os mais débeis quem mais sofre. Mas curiosamente todos
sofrem. Tambem os mais fortes que precisam dos mais fracos para serem
mais fortes sofrem. E quanto mais fracos estão estes mais fazem sofrer
os mais fortes. Vem tudo isto a propósito da salvação do euro e em
último caso da União europeia como a conhecemos. Lá diz o velho ditado
portugues que "casa onde não há pão, todos ralham e ninguem tem
razão". Parece que hoje todos ralham uns com os outros, porque ninguem
ajuda ninguem, todos querem é governar-se a si próprios e atirar as
culpas das desgraças para cima do vizinho. Assim não chegaremos a lado
nenhum e sem que alguem ponha ordem nos países desavindos e dentro
destes nas cabeças das pessoas, será inevitável a descida aos infernos
como alguns profetas da desgraça já vaticinam.
Como bem assinalou o anterior Presidente da
Republica num avisado comentário feito há dias, não existe hoje
alternativa ao capitalismo. É dentro desta permissa que temos que
encontrar conjuntamente, primeiro entre nós e depois entre os países
do euro, a solução para os nossos problemas. Quer queiramos quer não,
estamos endividados até à raiz dos cabelos. De quem foi a culpa? De
todos dirão os mais culpados. De alguns dirão todos. Eu direi mais
simplesmente que a culpa foi de todos nós. Daqueles que contrairam as
dívidas, quiçá levianamente, mas tambem dos que através do voto lhes
deram essa possibilidade. Agora há que trabalhar em conjunto para
encontrar soluções viáveis para cumprir as metas a que nos
comprometemos com os nossos credores. À oposição (refiro-me à
responsável, a outra não conta, é residual e sobrevive à conta da
democracia que paradoxalmente repudia) cabe um papel fundamental de
moderador das decisões governativas tomadas por vezes com demasiada
temeridade ou ao contrário com excessiva prudencia. O doseamento do
processo regenerador das contas publicas deverá decorrer a um ritmo
certo e sustentado tendo em atenção as verdadeiras carencias da
população e a necessidade de relançamento da economia. Será pela forma
como esta acção moderadora se fará que o PS será julgado nas urnas
dentro de 4 anos. Do mesmo modo PSD e CDS serão julgados pela forma
como conseguirem fazer sair ou não Portugal desta crise avassaladora
que não poupa ninguem, ricos e pobres, empregados e desempregados,
doutores e trabalhadores manuais, velhos e novos, mulheres e homens.
Temos oportunidade de mostrar agora que não somos
pequenos mas sim grandes na determinação e no génio para vencer esta
adversidade pela qual estamos a passar, valorizando a ajuda que nos
está a ser proporcionada e aproveitando-a da melhor maneira para
transformar um país velho e atrasado num Estado Membro moderno e
decisivo duma União Europeia forte e influente capaz de ombrear com as
novas potencias do sec. 21. Não deixemos passar esta oportunidade como
os descobridores do mundo tambem não deixaram nos sec 15 e 16.
ALBINO ZEFERINO 18/12/2011
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