sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

PORTUGAL NO FIO DA NAVALHA

Está aproximando-se o momento da verdade para a
salvação de Portugal como país autónomo e formalmente independente dos
seus vizinhos com os quais se vem relacionando de igual para igual nos
ultimos 350 anos. Já não é mais possivel ao governo empurrar com a
barriga os verdadeiros problemas que é mister resolver para a reforma
do país que a troika exige para nos continuar a sustentar. Entalado
entre a consciencialização da necessidade de tomar medidas que em
ultima análise poderão atirar o país para uma guerra civil e
consequentemente para o percipicio e as enormes pressões e chantagens
de que está a ser alvo por parte dos fortes interesses instalados (eu
diria mesmo arreigados) em certos (eu diria até demasiados) sectores
da população, o governo atingiu o ponto de não retorno no fim de
semana passado com a reunião informal mas muito mediatizada do
Conselho de ministros em S.Julião da Barra. A partir de agora o
governo não terá mais alternativas: ou empreende de forma clara e
determinada as reformas necessárias à regeneração do país ou os
portugueses deixam de receber ajuda externa como ocorre com os gregos.
Se Passos opta como espero no vai ou racha, terá a meu ver que se
desfazer de alguns ministros cuja prestação tem deixado muito a
desejar. Refiro-me por exemplo ao da Economia, que não percebeu ainda
o que tem pela frente, desde os aguerridos sindicatos dos
trabalhadores aos patrões amalandrados, que ainda não empreendeu
qualquer reforma no sentido do crescimento económico, que abandonou o
abaixamento da TSU sem dar alternativas crediveis, que inventou uma
inverosimil linha ferroviária para substituir o TGV para Madrid
desejado pela Europa e que manifestamente não está à altura do
importante lugar que lhe foi confiado. Tambem o famigerado Relvas nada
ainda fez a não ser negócios para ele e para os seus. O audio-visual e
as Câmaras municipais são sectores vitais para a regeneração do país e
Passos já foi alertado para isso. Não estamos em tempos de fazer
política. Há que enfrentar abertamente os sectores disfuncionais do
Estado. Num país ao borde da insolvencia, é óbvio para todos (excepto
para os exploradores) que televisões e autarquias a mais são nefastas.
Tambem na Segurança Social a coisa não arranca. Os reformados têm sido
injustamente flagelados e não se vê um plano de sustentação dos apoios
sociais necessários nestes momentos de crise. Saude, Educação e as
pastas institucionais têm mostrado algum serviço, mas é preciso mais
determinação. Quanto aos outros, há anuncios de reformas. Vamos lá a
ver como e quando sairão.
Com um PS amorfo e paralizado pela vinculação ao
programa da troika (cuidado com tantas rectificações ao plano que
poderão dar pretexto aos socialistas para se desvincularem) não se vê
motivo para tanta prudencia reformista por parte do governo. A luta
está definida. Será entre os que terão algo a perder (empregos,
aforros, imóveis, seguros, lucros, casas) e aqueles que nada têm a
perder (indigentes, devedores, desempregados, biscateiros,
inquilinos). Os partidos já contam pouco. A democracia está em crise e
já a poucos interessa. A luta pela sobrevivencia impõe-se às
ideologias. Ganham aqueles que souberem conduzir mais convictamente um
verdadeiro programa reformista que permita a Portugal sair deste
atoleiro onde está metido com a cabeça erguida. E não se pense que
isto tem que ver com soberanias e independencias nacionais que tambem
já não mobilizam ninguem. A "thin red line" que separa o purgatório do
inferno chama-se "zona euro". Ou Portugal consegue permanecer na UEM e
sobrevive (de que maneira veremos) ou então somos empurrados para fora
do sistema onde ninguem nos ajudará e passaremos todos para o grupo
dos países párias como Cuba, o Kosovo, a Albânia, o Zimbabwe, a
Guatemala, Timor e muitos outros mais infelizmente. Nessa altura já
não haverá nada a fazer senão esperar a morte debaixo duma ponte. Deus
nos livre desse inferno.

ALBINO ZEFERINO 22/12/2011

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