Fala-se muito em austeridade como se esta palavra
fosse uma palavra vã, oca, muito própria do linguarejar abrasileirado
que os portugas hoje adoptaram na fala. Interjeição sem sentido,
expressão intercalar numa frase dificil de exprimir, tentativa de
intelectualização duma ideia mal compreendida, o termo é utilizado a
torto e a direito, quer no discurso directo, quer na comunicação
social, como se já tivesse sido automaticamente interiorizado na
linguagem popular portuguesa.
A expressão austeridade traz consigo porém uma
carga pesadissima de sacrificios e de abdicações da qual a
generalidade do povinho parece ainda não se ter apercebido. Associados
à austeridade aparecem os conceitos de rigor, disciplina, severidade,
contenção, sobriedade e outros que sugerem privações e submissões
próprias de povos subjugados ou vencidos. E embora custe aceitar, é
essa a situação em que Portugal se encontra: subjugado a uma
indispensável ajuda externa com condições e vencido na sua caminhada
em direcção à Europa da civilização. Olhe-se para a Grécia e
constate-se o que acontece a um país que, igualmente vencido e
subjugado, não aceita a austeridade. Os portugueses, chicos-espertos,
convenceram-se porém que não terão o destino dos gregos mesmo não
aceitando como eles fazem a austeridade que lhes é imposta. Bastará
para isso fingir que a aceitam sem arcar contudo com as suas
consequencias. Como se os outros fossem estupidos. Sob a aparência de
bons alunos da escola alemã, os portugas vão deixando correr os
trimestres sempre na esperança de que algo milagroso surja que os
livre dos sacrificios resultantes da necessária austeridade. Só ainda
não perceberam que quanto mais tarde assumirem a sua situação
desesperada, maior será a austeridade a que terão que se submeter para
sair dessa situação.
Ou pensarão os portugas que de Badajoz para cá os
europeus não estão atentos ao dinheiro que para cá enviaram ao engano?
Desenganem-se. Há-de ser todo pago. Mais tarde ou mais cedo. De
maneira mais suave ou mais à bruta. Só dependerá de nós. A tão
propalada democracia de abril será tanto ou mais preservada quanto os
portugas saibam inteligentemente gerir as relações perigosas com a
troika. Regulamentação das greves e feriados, duração e flexibilidade
do trabalho, ajustamentos na estrutura do Estado, liberalização da
economia, redefinição das regras do mercado, privatizações, etc. tudo
terá que ser feito sem hesitações ou truques, na calma e com juizo,
senão deitaremos tudo a perder. Mas sempre com austeridade não nos
olvidemos.
ALBINO ZEFERINO 27/2/2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
A 3ª GRANDE GUERRA
Quer aceitemos quer não, estamos no limiar duma
nova guerra mundial não declarada. Mas desta vez não entre países
desavindos entre si formando blocos de interesses estratégicos
antagónicos, mas entre grupos sociais diferenciados pela detenção ou
não de meios próprios de subsistência. Com o prolongamento da crise
internacional começa a tornar-se cada vez mais nítida a diferenciação
entre os que não precisam de apoios estatais para sobreviver e os que
não conseguem fazê-lo sem esses apoios. Há países onde os ricos são
poderosos e conseguem por isso controlar os menos ricos através de
apoios sociais travestidos em subsídios e empregos e países onde todos
são pobres ou para lá caminham e não têm por isso essa possibilidade,
proporcionando a criação de moles humanas reivindicativas e
despeitadas, prontas a tomar pela força os bens necessários à sua
subsistência. Enquanto esses grupos não estiverem organizados
internacionalmente de forma a actuarem coordenadamente com objectivos
definidos e alvos determinados, os governos vão conseguindo através
dos elementos das respectivas seguranças nacionais dispersar essas
turbas pontualmente. Mas quando as próprias seguranças nacionais
começarem a não responder à chamada, desprezando ordens dos seus
superiores e integrando-se elas próprias nos grupos reivindicativos e
lançando o caos nas sociedades de que são supostamente os guardiões da
paz e da tranquilidade, então aí a guerra social estalará com fragor
instalando-se a desordem e o caos e o terror nas sociedades. O acesso
generalizado aos meios de comunicação social com a propagação
universal instantânea das notícias que proporciona, será o veículo
aglutinador das crescentes vagas humanas de desempregados desesperados
e famintos na busca de pão para si e para os seus filhos, justificando
saques, roubos, vinganças, assassinatos e violências. Foi o que se viu
nas explosões sociais da chamada primavera árabe e é o que se vê
diariamente nas televisões proveniente da Grécia e não só.
Este panorama dantesco da sociedade que vivemos
hoje é prenuncio duma crise universal de valores que conduzirá
fatalmente a um caos social onde todos se virarão contra todos numa
bebedeira anárquica de desejos incontrolados de vingança e de justiça
social face à constatação colectiva da ausência de saídas credíveis
duma situação cada vez mais desesperada em que a maioria das pessoas
se encontra. Tenhamos muito cuidado nas nossas atitudes e nas nossas
decisões para não nos precipitarmos inconscientemente numa guerra que
ninguem deseja e que não aproveitará a ninguem.
ALBINO ZEFERINO
26/2/2012
nova guerra mundial não declarada. Mas desta vez não entre países
desavindos entre si formando blocos de interesses estratégicos
antagónicos, mas entre grupos sociais diferenciados pela detenção ou
não de meios próprios de subsistência. Com o prolongamento da crise
internacional começa a tornar-se cada vez mais nítida a diferenciação
entre os que não precisam de apoios estatais para sobreviver e os que
não conseguem fazê-lo sem esses apoios. Há países onde os ricos são
poderosos e conseguem por isso controlar os menos ricos através de
apoios sociais travestidos em subsídios e empregos e países onde todos
são pobres ou para lá caminham e não têm por isso essa possibilidade,
proporcionando a criação de moles humanas reivindicativas e
despeitadas, prontas a tomar pela força os bens necessários à sua
subsistência. Enquanto esses grupos não estiverem organizados
internacionalmente de forma a actuarem coordenadamente com objectivos
definidos e alvos determinados, os governos vão conseguindo através
dos elementos das respectivas seguranças nacionais dispersar essas
turbas pontualmente. Mas quando as próprias seguranças nacionais
começarem a não responder à chamada, desprezando ordens dos seus
superiores e integrando-se elas próprias nos grupos reivindicativos e
lançando o caos nas sociedades de que são supostamente os guardiões da
paz e da tranquilidade, então aí a guerra social estalará com fragor
instalando-se a desordem e o caos e o terror nas sociedades. O acesso
generalizado aos meios de comunicação social com a propagação
universal instantânea das notícias que proporciona, será o veículo
aglutinador das crescentes vagas humanas de desempregados desesperados
e famintos na busca de pão para si e para os seus filhos, justificando
saques, roubos, vinganças, assassinatos e violências. Foi o que se viu
nas explosões sociais da chamada primavera árabe e é o que se vê
diariamente nas televisões proveniente da Grécia e não só.
Este panorama dantesco da sociedade que vivemos
hoje é prenuncio duma crise universal de valores que conduzirá
fatalmente a um caos social onde todos se virarão contra todos numa
bebedeira anárquica de desejos incontrolados de vingança e de justiça
social face à constatação colectiva da ausência de saídas credíveis
duma situação cada vez mais desesperada em que a maioria das pessoas
se encontra. Tenhamos muito cuidado nas nossas atitudes e nas nossas
decisões para não nos precipitarmos inconscientemente numa guerra que
ninguem deseja e que não aproveitará a ninguem.
ALBINO ZEFERINO
26/2/2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
A GRANDE GUERRA
Portugal está em guerra. Em guerra não contra um
inimigo visivel, definido, que nos atira balas e bombas, mas contra
uma crise que nos avassala o espírito e nos consome o corpo. À
excepção de uns quantos sortudos a quem saiu a lotaria, a maioria de
nós está enfrentando com dor e mágoa as penosíssimas consequencias de
décadas de dilates e inconsciencias que amalandrados governantes nos
impuseram do alto das suas irresponsáveis convicções. Eu diria que
estamos sujeitos à mesma indefinição sobre o futuro que aquela em que
se encontrou a geração de 1940. E igualmente sujeitos aos mesmos
sacrificios. Só que não temos um inimigo concreto sobre quem possamos
despejar as nossas mágoas e as nossas frustrações. O nosso combate não
se faz com balas e baionetas mas com denodo e inteligencia. O nosso
desafio não é vencer o inimigo aniquilando-o, mas superá-lo com
paciencia e sensatez. Eu sei que é necessária uma grande dose de
civismo e de entrega para resistir tranquilo às sucessivas agressões
aos nossos hábitos e costumes recentes. Mas o que distingue o cidadão
consciente da sua cidadania do energumeno que apenas pensa em si, é
precisamente a forma como cada um reage às privações que esta guerra
impõe às pessoas que aqui nasceram e aqui ficaram.
Não é promovendo greves sucessivas nos sectores
profissionais por si controlados, escondidos detrás duma Constituição
caduca e desajustada da realidade, que os partidos da esquerda (alguns
socialistas incluidos) conseguem vencer esta guerra feroz. O resultado
é precisamente o inverso do que eles pretendem. Agravando
escusadamente as condições de vida já penosas da generalidade da
população, comunistas e sindicalistas agitam os espiritos da
população, empurrando os mais aguerridos (jovens e imigrantes) para
acções condenáveis como as que se vêm na Grécia, que contrariam o
dificil caminho trilhado pelo governo no cumprimento do plano da
troika, unica forma de sair desta embrulhada. Falar com a troika,
aconselhar o governo, usar dos seus poderes constitucionais para
ajudar o país e o povo portugues na sua luta de morte contra a crise,
esse é o papel que os cidadãos sensatos esperam das oposições. Tudo o
que for agitar as águas, confundir os espiritos, ignorar a guerra,
fingir que não estamos intervencionados, invocar saloiamente a nossa
soberania cada vez mais limitada, inventar conflitos institucionais
apenas para conseguir mais "shares", é crime de lesa-pátria que deverá
ser energicamente denunciado e repudiado. Façam-se greves contra as
greves, despeçam-se jornalistas traidores, calem-se os arautos da
desgraça e os velhos do Restelo que pululam nas televisões dizendo
disparates que as pessoas mais simples tomam como verdades absolutas.
Olhe-se para a Grécia e faça-se o contrário. Só assim poderemos dizer
que somos diferentes deles. De contrário seremos considerados como
eles e ser-nos-á aplicada a mesma receita.
O grande Churchil (ídolo da maioria da nossa
classe politica que bacocamente o quer copiar) dizia em 1939 a
propósito da impreparação aliada para enfrentar os guerreiros
teutónicos que: "Se o presente tentar julgar o passado, perderá o
futuro". E justificando perante a Camara dos Comuns em 13 de maio de
1940 (já a guerra começara há 8 meses) o voto de confiança do novo
governo de coligação que chefiava, dizia para a Oposição: "Vocês
perguntam: Qual é a vossa política? Responderei: Travar uma guerra no
mar, na terra e no ar, usando todo o nosso poderio e toda a força que
Deus nos queira dar. Fazer guerra contra uma tirania monstruosa que já
tem um longo catálogo de tremendos e lamentáveis crimes contra a
Humanidade. Essa é a nossa política. Podem perguntar: Qual é o nosso
objectivo? Responderei com uma palavra: Vitória. Vitória a todo o
custo, vitória apesar de todo o terror; vitória por mais longo e árduo
que seja o caminho, porque sem essa vitória, não sobreviviremos. Que
todos fiquem a saber: não haverá possibilidade de sobrevivencia do
império britanico, nem de tudo aquilo que representa, nem dos eternos
anseios e desejos da Humanidade de atingir o seu objectivo final. Mas
aceito a tarefa com ânimo e esperança. Estou certo de que a nossa
causa está predestinada a vencer entre os homens. E desta vez sinto-me
no direito de pedir a ajuda de todos, pelo que grito: "Venham.
Marchemos juntos com todas as nossas forças unidas."
A Câmara votou unanimemente a favor desta programa simples. Assim ia a
democracia na Grã-Bretanha em 1940.
ALBINO ZEFERINO em 21/2/2012
inimigo visivel, definido, que nos atira balas e bombas, mas contra
uma crise que nos avassala o espírito e nos consome o corpo. À
excepção de uns quantos sortudos a quem saiu a lotaria, a maioria de
nós está enfrentando com dor e mágoa as penosíssimas consequencias de
décadas de dilates e inconsciencias que amalandrados governantes nos
impuseram do alto das suas irresponsáveis convicções. Eu diria que
estamos sujeitos à mesma indefinição sobre o futuro que aquela em que
se encontrou a geração de 1940. E igualmente sujeitos aos mesmos
sacrificios. Só que não temos um inimigo concreto sobre quem possamos
despejar as nossas mágoas e as nossas frustrações. O nosso combate não
se faz com balas e baionetas mas com denodo e inteligencia. O nosso
desafio não é vencer o inimigo aniquilando-o, mas superá-lo com
paciencia e sensatez. Eu sei que é necessária uma grande dose de
civismo e de entrega para resistir tranquilo às sucessivas agressões
aos nossos hábitos e costumes recentes. Mas o que distingue o cidadão
consciente da sua cidadania do energumeno que apenas pensa em si, é
precisamente a forma como cada um reage às privações que esta guerra
impõe às pessoas que aqui nasceram e aqui ficaram.
Não é promovendo greves sucessivas nos sectores
profissionais por si controlados, escondidos detrás duma Constituição
caduca e desajustada da realidade, que os partidos da esquerda (alguns
socialistas incluidos) conseguem vencer esta guerra feroz. O resultado
é precisamente o inverso do que eles pretendem. Agravando
escusadamente as condições de vida já penosas da generalidade da
população, comunistas e sindicalistas agitam os espiritos da
população, empurrando os mais aguerridos (jovens e imigrantes) para
acções condenáveis como as que se vêm na Grécia, que contrariam o
dificil caminho trilhado pelo governo no cumprimento do plano da
troika, unica forma de sair desta embrulhada. Falar com a troika,
aconselhar o governo, usar dos seus poderes constitucionais para
ajudar o país e o povo portugues na sua luta de morte contra a crise,
esse é o papel que os cidadãos sensatos esperam das oposições. Tudo o
que for agitar as águas, confundir os espiritos, ignorar a guerra,
fingir que não estamos intervencionados, invocar saloiamente a nossa
soberania cada vez mais limitada, inventar conflitos institucionais
apenas para conseguir mais "shares", é crime de lesa-pátria que deverá
ser energicamente denunciado e repudiado. Façam-se greves contra as
greves, despeçam-se jornalistas traidores, calem-se os arautos da
desgraça e os velhos do Restelo que pululam nas televisões dizendo
disparates que as pessoas mais simples tomam como verdades absolutas.
Olhe-se para a Grécia e faça-se o contrário. Só assim poderemos dizer
que somos diferentes deles. De contrário seremos considerados como
eles e ser-nos-á aplicada a mesma receita.
O grande Churchil (ídolo da maioria da nossa
classe politica que bacocamente o quer copiar) dizia em 1939 a
propósito da impreparação aliada para enfrentar os guerreiros
teutónicos que: "Se o presente tentar julgar o passado, perderá o
futuro". E justificando perante a Camara dos Comuns em 13 de maio de
1940 (já a guerra começara há 8 meses) o voto de confiança do novo
governo de coligação que chefiava, dizia para a Oposição: "Vocês
perguntam: Qual é a vossa política? Responderei: Travar uma guerra no
mar, na terra e no ar, usando todo o nosso poderio e toda a força que
Deus nos queira dar. Fazer guerra contra uma tirania monstruosa que já
tem um longo catálogo de tremendos e lamentáveis crimes contra a
Humanidade. Essa é a nossa política. Podem perguntar: Qual é o nosso
objectivo? Responderei com uma palavra: Vitória. Vitória a todo o
custo, vitória apesar de todo o terror; vitória por mais longo e árduo
que seja o caminho, porque sem essa vitória, não sobreviviremos. Que
todos fiquem a saber: não haverá possibilidade de sobrevivencia do
império britanico, nem de tudo aquilo que representa, nem dos eternos
anseios e desejos da Humanidade de atingir o seu objectivo final. Mas
aceito a tarefa com ânimo e esperança. Estou certo de que a nossa
causa está predestinada a vencer entre os homens. E desta vez sinto-me
no direito de pedir a ajuda de todos, pelo que grito: "Venham.
Marchemos juntos com todas as nossas forças unidas."
A Câmara votou unanimemente a favor desta programa simples. Assim ia a
democracia na Grã-Bretanha em 1940.
ALBINO ZEFERINO em 21/2/2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
O DESINVESTIMENTO ESTRANGEIRO
Coincidente com o anuncio dos recentes
investimentos chineses no sector energético e dos angolanos no
bancário tem vindo a notar-se um correspondente desinvestimento
europeu na economia portuguesa. É a retirada progressiva do Barclays,
a passagem do Santander a agencia, o divórcio do Crédit Agricole com o
BES, a venda de empresas de leasing, a saida dos fundos imobiliários
do mercado portugues e outros desinvestimentos que já foram feitos e
outros que lá virão. Diz-se que é a recessão prolongada que surgiu em
consequencia da austeridade, mas o certo é que se nota um abandono
europeu da economia portuguesa. Já os norte-americanos tinham
desaparecido de Portugal logo que aderimos à CEE, agora são os
europeus que debandam, mal sentem novos ventos a soprar sobre Lisboa.
Não fora o exemplo grego e este abandono não teria
por si só o significado que eu lhe estou a dar. É natural e até
saudável que os investimentos mudem de mãos, pois isso significa em
principio novas estratégias de desenvolvimento e mais modernas opções
de gestão. Mas quando o desinvestimento macisso que alemães e
franceses fizeram na Grécia desde há dois anos para cá apenas para
limitarem as suas perdas no caso provável da saída da Grécia da zona
euro, já o caso muda de figura. Será que arrumada a questão grega com
este ultimo emprestimo de 130 mil milhões, os nossos amigos se estão
agora a concentrar em Portugal como próximo alvo a abater para salvar
a estabilidade da zona euro, ameaçada pelos países sulistas mais
desgovernados e gastadores?
Gostaria de não subscrever esta fatídica tese, mas
só conhecendo como as coisas se fazem na Europa, um pouco à socapa e
sem aviso prévio, com palmadinhas nas costas e conversinhas fingindo
intimidade, se pode legitimamente pensar que as coisas são como são e
não como desejariamos que fossem. Penso porém de que ainda iremos a
tempo de inverter esta tendência, se soubermos com coragem e
determinação, mas tambem com manha e persuação, continuar na dificil
tarefa de reformar a nossa economia e afinar as nossas mentalidades
aos novos tempos. As grandes reformas ainda não se fizeram e será da
forma como forem executadas que os europeus vão definitivamente
largar-nos ou não. A forma como a nova lei das rendas, a fusão das
autarquias locais, a renegociação das PPP´s, a reforma da
Administração publica com a redução do numero de funcionários e a
extinção de organismos inuteis e outras medidas impopulares, forem
implementadas será determinante para a nossa avaliação como país
merecedor de pertencer ao mundo das nações civilizadas.
Apreciemos ou não este governo, consideremos este
ou aquele ministro mais ou menos capaz, teremos que ter a consciencia
de que não há alternativa ao caminho que nos foi traçado e que os
nossos amigos não nos vão dar outra oportunidade de nos safarmos da
bancarrota. Quem não pensa assim não tem o direito de estar ao nosso
lado, tal como o desertor ou o traidor à Pátria numa guerra sem
quartel como é esta para onde fomos empurrados por inconscientes,
incompetentes, corruptos e venais. Solidariedade não é só darmos aos
outros aquilo que temos a mais. É além disso apoiarmos o governo
legitimo do nosso país para que todos (nós incluidos) possamos vencer
esta guerra, aceitando os sacrificios indispensáveis que todos e cada
um de nós tem que fazer e não deixarmo-nos levar por cantigas bonitas
de amanhãs que cantam e mundos de fantasia colectiva.
ALBINO ZEFERINO
15/2/2012
investimentos chineses no sector energético e dos angolanos no
bancário tem vindo a notar-se um correspondente desinvestimento
europeu na economia portuguesa. É a retirada progressiva do Barclays,
a passagem do Santander a agencia, o divórcio do Crédit Agricole com o
BES, a venda de empresas de leasing, a saida dos fundos imobiliários
do mercado portugues e outros desinvestimentos que já foram feitos e
outros que lá virão. Diz-se que é a recessão prolongada que surgiu em
consequencia da austeridade, mas o certo é que se nota um abandono
europeu da economia portuguesa. Já os norte-americanos tinham
desaparecido de Portugal logo que aderimos à CEE, agora são os
europeus que debandam, mal sentem novos ventos a soprar sobre Lisboa.
Não fora o exemplo grego e este abandono não teria
por si só o significado que eu lhe estou a dar. É natural e até
saudável que os investimentos mudem de mãos, pois isso significa em
principio novas estratégias de desenvolvimento e mais modernas opções
de gestão. Mas quando o desinvestimento macisso que alemães e
franceses fizeram na Grécia desde há dois anos para cá apenas para
limitarem as suas perdas no caso provável da saída da Grécia da zona
euro, já o caso muda de figura. Será que arrumada a questão grega com
este ultimo emprestimo de 130 mil milhões, os nossos amigos se estão
agora a concentrar em Portugal como próximo alvo a abater para salvar
a estabilidade da zona euro, ameaçada pelos países sulistas mais
desgovernados e gastadores?
Gostaria de não subscrever esta fatídica tese, mas
só conhecendo como as coisas se fazem na Europa, um pouco à socapa e
sem aviso prévio, com palmadinhas nas costas e conversinhas fingindo
intimidade, se pode legitimamente pensar que as coisas são como são e
não como desejariamos que fossem. Penso porém de que ainda iremos a
tempo de inverter esta tendência, se soubermos com coragem e
determinação, mas tambem com manha e persuação, continuar na dificil
tarefa de reformar a nossa economia e afinar as nossas mentalidades
aos novos tempos. As grandes reformas ainda não se fizeram e será da
forma como forem executadas que os europeus vão definitivamente
largar-nos ou não. A forma como a nova lei das rendas, a fusão das
autarquias locais, a renegociação das PPP´s, a reforma da
Administração publica com a redução do numero de funcionários e a
extinção de organismos inuteis e outras medidas impopulares, forem
implementadas será determinante para a nossa avaliação como país
merecedor de pertencer ao mundo das nações civilizadas.
Apreciemos ou não este governo, consideremos este
ou aquele ministro mais ou menos capaz, teremos que ter a consciencia
de que não há alternativa ao caminho que nos foi traçado e que os
nossos amigos não nos vão dar outra oportunidade de nos safarmos da
bancarrota. Quem não pensa assim não tem o direito de estar ao nosso
lado, tal como o desertor ou o traidor à Pátria numa guerra sem
quartel como é esta para onde fomos empurrados por inconscientes,
incompetentes, corruptos e venais. Solidariedade não é só darmos aos
outros aquilo que temos a mais. É além disso apoiarmos o governo
legitimo do nosso país para que todos (nós incluidos) possamos vencer
esta guerra, aceitando os sacrificios indispensáveis que todos e cada
um de nós tem que fazer e não deixarmo-nos levar por cantigas bonitas
de amanhãs que cantam e mundos de fantasia colectiva.
ALBINO ZEFERINO
15/2/2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
A REFORMA DO SECTOR PUBLICO
Uma das reformas estruturais mais importantes que
o governo tem que fazer é a do sector publico. É o sector publico o
que mais despesa consome e o que menos rende em termos de produto
nacional. Não se sabe ao certo quantos funcionários estão pendurados
no sector publico nem o que realmente fazem. Desde há anos que o
sector publico tem sido o maior empregador dos partidos que passaram
pelo governo, sem que a admissão de pessoal corresponda efectivamente
às necessidades dos respectivos serviços. Segundo algumas contas
(feitas sempre por alto) o Estado portugues tem à sua conta cerca de
700 mil funcionários, mais de metade dos quais de inutil valia,
consumindo aproximadamente 70% das verbas orçamentadas anualmente.
Determinar às respectivas chefias que proponham reduções efectivas no
seu pessoal é o mesmo que acusá-las de terem pessoal a mais. Todos os
chefes reclamam sistematicamente aumentos de pessoal nos seus
serviços, para assim poderem parecer mais importantes do que os outros
chefes que têm menos pessoal. A criação de bolsas de excedentários com
as sobras do pessoal de serviços aleatóriamente extintos ou fundidos,
além de quantitativamente irrelevantes, não diminuem (a não ser
residualmente) a despesa e portanto, já se viu, não resolvem o
problema. A decisão de Sócrates de apenas admitir 1 funcionário por
cada 5 (depois passou para 3) reformados era boa se tivesse sido
aplicada. Pecava contudo por ser aleatória, não se podendo aplicar
genericamente (v.g. nas policias). Razão pela qual foi abandonada.
Como proceder então, antes que a troika dê pela inacção e imponha ao
governo o despedimento macisso de 15 mil funcionários, como fez na
Grécia?
Começando pelas chamadas carreiras fechadas (ou
seja, as que possuem quadros orgânicos) como as Forças Armadas, as
Policias, as magistraturas, o corpo diplomático e outras, eu diria
que, após a suspensão das promoções (o que já foi feito), fossem
reestruturados os quadros orgânicos do pessoal extinguindo as vagas
que se revelassem excedentárias, começando no topo e reflectindo a
extinção dos lugares sucessivamente de cima para baixo nos respectivos
quadros orgânicos (ex. para que existem dezenas de generais numas
Forças Armadas que, no seu todo, correspondem a um escasso corpo de
Exército noutro qualquer país civilizado? Ou para que servem centenas
de juizes superiores e de Procuradores da Republica numa magistrtura
dum país de escassos 10 milhões de pessoas? Ou para que servem 30
embaixadores num corpo diplomático com escassos 400 diplomatas?).
Bastaria aguardar que os actuais elementos das várias carreiras fossem
sendo reformados (eventualmente dando-lhes estímulos para isso) e não
os substituindo automaticamente a todos. Assim poderiam muitos
serviços inuteis ser extintos ou fundidos e o respectivo pessoal não
orgânico (que tambem não aproveitasse os estímulos para se reformar)
seria transferido para outros serviços onde fizesse falta. Quanto ao
pessoal contratado (cerca de 30% dos activos) seria pura e
simplesmente dispensado no final dos seus contratos.
Deste modo poupar-se-ia muito dinheiro ao Estado
para investir em acções reprodutivas e reduzir-se-ia drasticamente a
despesa publica, essencial para se atingir o rácio na despesa
determinado pela troika. A médio prazo deixariamos de estar com o
cutelo sobre as nossas cabeças e poderiamos recuperar a dignidade
perdida por anos e anos de desmandos governativos.
ALBINO ZEFERINO
(CORRESPONDENTE DIPLOMÁTICO APOSENTADO) 11/2/2012
o governo tem que fazer é a do sector publico. É o sector publico o
que mais despesa consome e o que menos rende em termos de produto
nacional. Não se sabe ao certo quantos funcionários estão pendurados
no sector publico nem o que realmente fazem. Desde há anos que o
sector publico tem sido o maior empregador dos partidos que passaram
pelo governo, sem que a admissão de pessoal corresponda efectivamente
às necessidades dos respectivos serviços. Segundo algumas contas
(feitas sempre por alto) o Estado portugues tem à sua conta cerca de
700 mil funcionários, mais de metade dos quais de inutil valia,
consumindo aproximadamente 70% das verbas orçamentadas anualmente.
Determinar às respectivas chefias que proponham reduções efectivas no
seu pessoal é o mesmo que acusá-las de terem pessoal a mais. Todos os
chefes reclamam sistematicamente aumentos de pessoal nos seus
serviços, para assim poderem parecer mais importantes do que os outros
chefes que têm menos pessoal. A criação de bolsas de excedentários com
as sobras do pessoal de serviços aleatóriamente extintos ou fundidos,
além de quantitativamente irrelevantes, não diminuem (a não ser
residualmente) a despesa e portanto, já se viu, não resolvem o
problema. A decisão de Sócrates de apenas admitir 1 funcionário por
cada 5 (depois passou para 3) reformados era boa se tivesse sido
aplicada. Pecava contudo por ser aleatória, não se podendo aplicar
genericamente (v.g. nas policias). Razão pela qual foi abandonada.
Como proceder então, antes que a troika dê pela inacção e imponha ao
governo o despedimento macisso de 15 mil funcionários, como fez na
Grécia?
Começando pelas chamadas carreiras fechadas (ou
seja, as que possuem quadros orgânicos) como as Forças Armadas, as
Policias, as magistraturas, o corpo diplomático e outras, eu diria
que, após a suspensão das promoções (o que já foi feito), fossem
reestruturados os quadros orgânicos do pessoal extinguindo as vagas
que se revelassem excedentárias, começando no topo e reflectindo a
extinção dos lugares sucessivamente de cima para baixo nos respectivos
quadros orgânicos (ex. para que existem dezenas de generais numas
Forças Armadas que, no seu todo, correspondem a um escasso corpo de
Exército noutro qualquer país civilizado? Ou para que servem centenas
de juizes superiores e de Procuradores da Republica numa magistrtura
dum país de escassos 10 milhões de pessoas? Ou para que servem 30
embaixadores num corpo diplomático com escassos 400 diplomatas?).
Bastaria aguardar que os actuais elementos das várias carreiras fossem
sendo reformados (eventualmente dando-lhes estímulos para isso) e não
os substituindo automaticamente a todos. Assim poderiam muitos
serviços inuteis ser extintos ou fundidos e o respectivo pessoal não
orgânico (que tambem não aproveitasse os estímulos para se reformar)
seria transferido para outros serviços onde fizesse falta. Quanto ao
pessoal contratado (cerca de 30% dos activos) seria pura e
simplesmente dispensado no final dos seus contratos.
Deste modo poupar-se-ia muito dinheiro ao Estado
para investir em acções reprodutivas e reduzir-se-ia drasticamente a
despesa publica, essencial para se atingir o rácio na despesa
determinado pela troika. A médio prazo deixariamos de estar com o
cutelo sobre as nossas cabeças e poderiamos recuperar a dignidade
perdida por anos e anos de desmandos governativos.
ALBINO ZEFERINO
(CORRESPONDENTE DIPLOMÁTICO APOSENTADO) 11/2/2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
A DOENÇA DO ZÉ POVINHO
|
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
A 3ª GUERRA MUNDIAL
Diz-se para aí que nova guerra mundial rebentará
lá para o verão deste ano de 2012. As condições objectivas existem. As
sanções contra o Irão foram decididas e a ameaça iraniana de encerrar
o estreito de Ormuz foi feita. Contudo, não creio que os politicos
sejam tão loucos que vão por aí. É certo tambem que Sarkozy não está
seguro de conseguir o 2º mandato, nem Obama a sua reeleição. Cameron e
Merkel tambem não se sentem lá muito confortáveis nas suas maiorias e
a Europa não consegue arrancar para a recuperação economica. A Turquia
de Erdogan está cada vez mais longe da Europa e Netanyau cada vez mais
radical. Os condimentos para a catástofre estão a perfilar-se: as
esquadras norte-americana, francesa e inglesa estão estacionadas ao
largo de Omã e parece haver indicios de movimentações militares no
estreito de Ormuz em território iraniano. 30% do trafego petrolífero
mundial, proveniente do Irão, do Iraque, do Kuwait e dos Emirados
passa pelo estrito de Ormuz. Só falta a oportunidade. Russia, Síria,
China e Israel espreitam de perto, prontas a intervir. O preço do
barril de crude não pára de subir e a OPEP não consegue já
controlá-lo. A lenta deterioração das economias ocidentais acentua-se
e os próprios países emergentes parece terem travado o seu
crescimento. Nunca desde há 70 anos estivemos tão perto duma nova
desgraça. Será que o governo portugues tem consciencia disto?
ALBINO ZEFERINO
(CORRESPONDENTE DIPLOMÁTICO APOSENTADO) 5/2/2012
lá para o verão deste ano de 2012. As condições objectivas existem. As
sanções contra o Irão foram decididas e a ameaça iraniana de encerrar
o estreito de Ormuz foi feita. Contudo, não creio que os politicos
sejam tão loucos que vão por aí. É certo tambem que Sarkozy não está
seguro de conseguir o 2º mandato, nem Obama a sua reeleição. Cameron e
Merkel tambem não se sentem lá muito confortáveis nas suas maiorias e
a Europa não consegue arrancar para a recuperação economica. A Turquia
de Erdogan está cada vez mais longe da Europa e Netanyau cada vez mais
radical. Os condimentos para a catástofre estão a perfilar-se: as
esquadras norte-americana, francesa e inglesa estão estacionadas ao
largo de Omã e parece haver indicios de movimentações militares no
estreito de Ormuz em território iraniano. 30% do trafego petrolífero
mundial, proveniente do Irão, do Iraque, do Kuwait e dos Emirados
passa pelo estrito de Ormuz. Só falta a oportunidade. Russia, Síria,
China e Israel espreitam de perto, prontas a intervir. O preço do
barril de crude não pára de subir e a OPEP não consegue já
controlá-lo. A lenta deterioração das economias ocidentais acentua-se
e os próprios países emergentes parece terem travado o seu
crescimento. Nunca desde há 70 anos estivemos tão perto duma nova
desgraça. Será que o governo portugues tem consciencia disto?
ALBINO ZEFERINO
(CORRESPONDENTE DIPLOMÁTICO APOSENTADO) 5/2/2012
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