Quer aceitemos quer não, estamos no limiar duma
nova guerra mundial não declarada. Mas desta vez não entre países
desavindos entre si formando blocos de interesses estratégicos
antagónicos, mas entre grupos sociais diferenciados pela detenção ou
não de meios próprios de subsistência. Com o prolongamento da crise
internacional começa a tornar-se cada vez mais nítida a diferenciação
entre os que não precisam de apoios estatais para sobreviver e os que
não conseguem fazê-lo sem esses apoios. Há países onde os ricos são
poderosos e conseguem por isso controlar os menos ricos através de
apoios sociais travestidos em subsídios e empregos e países onde todos
são pobres ou para lá caminham e não têm por isso essa possibilidade,
proporcionando a criação de moles humanas reivindicativas e
despeitadas, prontas a tomar pela força os bens necessários à sua
subsistência. Enquanto esses grupos não estiverem organizados
internacionalmente de forma a actuarem coordenadamente com objectivos
definidos e alvos determinados, os governos vão conseguindo através
dos elementos das respectivas seguranças nacionais dispersar essas
turbas pontualmente. Mas quando as próprias seguranças nacionais
começarem a não responder à chamada, desprezando ordens dos seus
superiores e integrando-se elas próprias nos grupos reivindicativos e
lançando o caos nas sociedades de que são supostamente os guardiões da
paz e da tranquilidade, então aí a guerra social estalará com fragor
instalando-se a desordem e o caos e o terror nas sociedades. O acesso
generalizado aos meios de comunicação social com a propagação
universal instantânea das notícias que proporciona, será o veículo
aglutinador das crescentes vagas humanas de desempregados desesperados
e famintos na busca de pão para si e para os seus filhos, justificando
saques, roubos, vinganças, assassinatos e violências. Foi o que se viu
nas explosões sociais da chamada primavera árabe e é o que se vê
diariamente nas televisões proveniente da Grécia e não só.
Este panorama dantesco da sociedade que vivemos
hoje é prenuncio duma crise universal de valores que conduzirá
fatalmente a um caos social onde todos se virarão contra todos numa
bebedeira anárquica de desejos incontrolados de vingança e de justiça
social face à constatação colectiva da ausência de saídas credíveis
duma situação cada vez mais desesperada em que a maioria das pessoas
se encontra. Tenhamos muito cuidado nas nossas atitudes e nas nossas
decisões para não nos precipitarmos inconscientemente numa guerra que
ninguem deseja e que não aproveitará a ninguem.
ALBINO ZEFERINO
26/2/2012
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