Coincidente com o anuncio dos recentes
investimentos chineses no sector energético e dos angolanos no
bancário tem vindo a notar-se um correspondente desinvestimento
europeu na economia portuguesa. É a retirada progressiva do Barclays,
a passagem do Santander a agencia, o divórcio do Crédit Agricole com o
BES, a venda de empresas de leasing, a saida dos fundos imobiliários
do mercado portugues e outros desinvestimentos que já foram feitos e
outros que lá virão. Diz-se que é a recessão prolongada que surgiu em
consequencia da austeridade, mas o certo é que se nota um abandono
europeu da economia portuguesa. Já os norte-americanos tinham
desaparecido de Portugal logo que aderimos à CEE, agora são os
europeus que debandam, mal sentem novos ventos a soprar sobre Lisboa.
Não fora o exemplo grego e este abandono não teria
por si só o significado que eu lhe estou a dar. É natural e até
saudável que os investimentos mudem de mãos, pois isso significa em
principio novas estratégias de desenvolvimento e mais modernas opções
de gestão. Mas quando o desinvestimento macisso que alemães e
franceses fizeram na Grécia desde há dois anos para cá apenas para
limitarem as suas perdas no caso provável da saída da Grécia da zona
euro, já o caso muda de figura. Será que arrumada a questão grega com
este ultimo emprestimo de 130 mil milhões, os nossos amigos se estão
agora a concentrar em Portugal como próximo alvo a abater para salvar
a estabilidade da zona euro, ameaçada pelos países sulistas mais
desgovernados e gastadores?
Gostaria de não subscrever esta fatídica tese, mas
só conhecendo como as coisas se fazem na Europa, um pouco à socapa e
sem aviso prévio, com palmadinhas nas costas e conversinhas fingindo
intimidade, se pode legitimamente pensar que as coisas são como são e
não como desejariamos que fossem. Penso porém de que ainda iremos a
tempo de inverter esta tendência, se soubermos com coragem e
determinação, mas tambem com manha e persuação, continuar na dificil
tarefa de reformar a nossa economia e afinar as nossas mentalidades
aos novos tempos. As grandes reformas ainda não se fizeram e será da
forma como forem executadas que os europeus vão definitivamente
largar-nos ou não. A forma como a nova lei das rendas, a fusão das
autarquias locais, a renegociação das PPP´s, a reforma da
Administração publica com a redução do numero de funcionários e a
extinção de organismos inuteis e outras medidas impopulares, forem
implementadas será determinante para a nossa avaliação como país
merecedor de pertencer ao mundo das nações civilizadas.
Apreciemos ou não este governo, consideremos este
ou aquele ministro mais ou menos capaz, teremos que ter a consciencia
de que não há alternativa ao caminho que nos foi traçado e que os
nossos amigos não nos vão dar outra oportunidade de nos safarmos da
bancarrota. Quem não pensa assim não tem o direito de estar ao nosso
lado, tal como o desertor ou o traidor à Pátria numa guerra sem
quartel como é esta para onde fomos empurrados por inconscientes,
incompetentes, corruptos e venais. Solidariedade não é só darmos aos
outros aquilo que temos a mais. É além disso apoiarmos o governo
legitimo do nosso país para que todos (nós incluidos) possamos vencer
esta guerra, aceitando os sacrificios indispensáveis que todos e cada
um de nós tem que fazer e não deixarmo-nos levar por cantigas bonitas
de amanhãs que cantam e mundos de fantasia colectiva.
ALBINO ZEFERINO
15/2/2012
Sem comentários:
Enviar um comentário