quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O DESINVESTIMENTO ESTRANGEIRO

Coincidente com o anuncio dos recentes 
investimentos chineses no sector energético e dos angolanos no 
bancário tem vindo a notar-se um correspondente desinvestimento 
europeu na economia portuguesa. É a retirada progressiva do Barclays, 
a passagem do Santander a agencia, o divórcio do Crédit Agricole com o 
BES, a venda de empresas de leasing, a saida dos fundos imobiliários 
do mercado portugues e outros desinvestimentos que já foram feitos e 
outros que lá virão. Diz-se que é a recessão prolongada que surgiu em 
consequencia da austeridade, mas o certo é que se nota um abandono 
europeu da economia portuguesa. Já os norte-americanos tinham 
desaparecido de Portugal logo que aderimos à CEE, agora são os 
europeus que debandam, mal sentem novos ventos a soprar sobre Lisboa. 
Não fora o exemplo grego e este abandono não teria 
por si só o significado que eu lhe estou a dar. É natural e até 
saudável que os investimentos mudem de mãos, pois isso significa em 
principio novas estratégias de desenvolvimento e mais modernas opções 
de gestão. Mas quando o desinvestimento macisso que alemães e 
franceses fizeram na Grécia desde há dois anos para cá apenas para 
limitarem as suas perdas no caso provável da saída da Grécia da zona 
euro, já o caso muda de figura. Será que arrumada a questão grega com 
este ultimo emprestimo de 130 mil milhões, os nossos amigos se estão 
agora a concentrar em Portugal como próximo alvo a abater para salvar 
a estabilidade da zona euro, ameaçada pelos países sulistas mais 
desgovernados e gastadores? 
Gostaria de não subscrever esta fatídica tese, mas 
só conhecendo como as coisas se fazem na Europa, um pouco à socapa e 
sem aviso prévio, com palmadinhas nas costas e conversinhas fingindo 
intimidade, se pode legitimamente pensar que as coisas são como são e 
não como desejariamos que fossem. Penso porém de que ainda iremos a 
tempo de inverter esta tendência, se soubermos com coragem e 
determinação, mas tambem com manha e persuação, continuar na dificil 
tarefa de reformar a nossa economia e afinar as nossas mentalidades 
aos novos tempos. As grandes reformas ainda não se fizeram e será da 
forma como forem executadas que os europeus vão definitivamente 
largar-nos ou não. A forma como a nova lei das rendas, a fusão das 
autarquias locais, a renegociação das PPP´s, a reforma da 
Administração publica com a redução do numero de funcionários e a 
extinção de organismos inuteis e outras medidas impopulares, forem 
implementadas será determinante para a nossa avaliação como país 
merecedor de pertencer ao mundo das nações civilizadas. 
Apreciemos ou não este governo, consideremos este 
ou aquele ministro mais ou menos capaz, teremos que ter a consciencia 
de que não há alternativa ao caminho que nos foi traçado e que os 
nossos amigos não nos vão dar outra oportunidade de nos safarmos da 
bancarrota. Quem não pensa assim não tem o direito de estar ao nosso 
lado, tal como o desertor ou o traidor à Pátria numa guerra sem 
quartel como é esta para onde fomos empurrados por inconscientes, 
incompetentes, corruptos e venais. Solidariedade não é só darmos aos 
outros aquilo que temos a mais. É além disso apoiarmos o governo 
legitimo do nosso país para que todos (nós incluidos) possamos vencer 
esta guerra, aceitando os sacrificios indispensáveis que todos e cada 
um de nós tem que fazer e não deixarmo-nos levar por cantigas bonitas 
de amanhãs que cantam e mundos de fantasia colectiva. 

ALBINO ZEFERINO 
15/2/2012 

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