Depois se uma juventude alegre e sem problemas, o
Zé Povinho foi apanhado há 37 anos pela democracite. Doença silenciosa
mas mortal, a democracite instalou-se subrepticiamente no corpo do Zé
Povinho na sequencia dum acidente ocasional provocado por um bando de
militares inconscientes, que, fartos de serem obrigados a trabalhar
para ele, resolveram revoltar-se contra o Zé Povinho, deixando-o à
mercê desta terrivel doença que, qual epidemia, assola o mundo dito
civilizado.
Numa primeira fase da doença, a democracite
instála-se indiscriminadamente no corpo do Zé Povinho, ocupando zonas
estratégicas vitais para o seu desenvolvimento: a sua mobilidade, o
seu pensamento e a noção que ele tem de justiça. O Zé Povinho fica
assim limitado nos seus movimentos, intoxicado com noções macissas e
superficiais de justiça social e submetido a dogmas ideológicos que
ofuscam o seu pensamento. A democracite na sua fase inicial confunde o
Zé Povinho, que se julga imune a todos os males e livre para fazer
tudo o que lhe vem à cabeça sem pensar nas consequencias.
Convencido da sua imunidade aos males da
democracite, o Zé Povinho começou a agir descontroladamente sem cuidar
de que a doença o estava a minar aos poucos, gastando as suas
poupanças e endividando-se sem critério, convencido que tinha ficado
rico. Enquanto o dinheiro fácil ia fluindo, o Zé Povinho continuava
alegremente a consumir bens e serviços desnecessários, à sombra da
doença que progressivamente o ia minando. Até que um dia verificou com
espanto que o dinheiro acabara e que mais ninguem lhe emprestava nada,
por não acreditar que o Zé Povinho pudesse algum dia pagar as suas
dívidas.
Preocupados com a saude do Zé Povinho, alguns
amigos dele que lhe tinham emprestado dinheiro resolveram ajudá-lo a
tentar recuperar a saude, elaborando um plano de recuperação, que ele
deveria cumprir sob pena de morrer da doença. Para isso, o Zé Povinho
teria que abandonar os seus hábitos de gastador compulsivo e além
disso alterar o seu modo de vida devasso provocado pela doença que
alastrava. O Zé Povinho porem, pouco convencido de que o plano de
recuperação resultaria, foi deixando-se levar pela doença que o
dominava e lhe tolhia o juízo, não fazendo caso dos conselhos avisados
dos seus amigos, que até se propuseram a deixar-lhe um dinheirito para
combater os maleficios da democracite.
Tanto hesitou e tão pouco fez para combater a
doença que, um belo dia, o Zé Povinho acordou em coma, já
completamente minado pela doença mortal e sem condições de recuperação
nenhumas, não tendo outro remédio senão entregar-se nas mãos de N.Srª
de Fátima, que lá do alto o chamava com voz doce.
ALBINO ZEFERINO
9/2/2012 |
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