Portugal está em guerra. Em guerra não contra um
inimigo visivel, definido, que nos atira balas e bombas, mas contra
uma crise que nos avassala o espírito e nos consome o corpo. À
excepção de uns quantos sortudos a quem saiu a lotaria, a maioria de
nós está enfrentando com dor e mágoa as penosíssimas consequencias de
décadas de dilates e inconsciencias que amalandrados governantes nos
impuseram do alto das suas irresponsáveis convicções. Eu diria que
estamos sujeitos à mesma indefinição sobre o futuro que aquela em que
se encontrou a geração de 1940. E igualmente sujeitos aos mesmos
sacrificios. Só que não temos um inimigo concreto sobre quem possamos
despejar as nossas mágoas e as nossas frustrações. O nosso combate não
se faz com balas e baionetas mas com denodo e inteligencia. O nosso
desafio não é vencer o inimigo aniquilando-o, mas superá-lo com
paciencia e sensatez. Eu sei que é necessária uma grande dose de
civismo e de entrega para resistir tranquilo às sucessivas agressões
aos nossos hábitos e costumes recentes. Mas o que distingue o cidadão
consciente da sua cidadania do energumeno que apenas pensa em si, é
precisamente a forma como cada um reage às privações que esta guerra
impõe às pessoas que aqui nasceram e aqui ficaram.
Não é promovendo greves sucessivas nos sectores
profissionais por si controlados, escondidos detrás duma Constituição
caduca e desajustada da realidade, que os partidos da esquerda (alguns
socialistas incluidos) conseguem vencer esta guerra feroz. O resultado
é precisamente o inverso do que eles pretendem. Agravando
escusadamente as condições de vida já penosas da generalidade da
população, comunistas e sindicalistas agitam os espiritos da
população, empurrando os mais aguerridos (jovens e imigrantes) para
acções condenáveis como as que se vêm na Grécia, que contrariam o
dificil caminho trilhado pelo governo no cumprimento do plano da
troika, unica forma de sair desta embrulhada. Falar com a troika,
aconselhar o governo, usar dos seus poderes constitucionais para
ajudar o país e o povo portugues na sua luta de morte contra a crise,
esse é o papel que os cidadãos sensatos esperam das oposições. Tudo o
que for agitar as águas, confundir os espiritos, ignorar a guerra,
fingir que não estamos intervencionados, invocar saloiamente a nossa
soberania cada vez mais limitada, inventar conflitos institucionais
apenas para conseguir mais "shares", é crime de lesa-pátria que deverá
ser energicamente denunciado e repudiado. Façam-se greves contra as
greves, despeçam-se jornalistas traidores, calem-se os arautos da
desgraça e os velhos do Restelo que pululam nas televisões dizendo
disparates que as pessoas mais simples tomam como verdades absolutas.
Olhe-se para a Grécia e faça-se o contrário. Só assim poderemos dizer
que somos diferentes deles. De contrário seremos considerados como
eles e ser-nos-á aplicada a mesma receita.
O grande Churchil (ídolo da maioria da nossa
classe politica que bacocamente o quer copiar) dizia em 1939 a
propósito da impreparação aliada para enfrentar os guerreiros
teutónicos que: "Se o presente tentar julgar o passado, perderá o
futuro". E justificando perante a Camara dos Comuns em 13 de maio de
1940 (já a guerra começara há 8 meses) o voto de confiança do novo
governo de coligação que chefiava, dizia para a Oposição: "Vocês
perguntam: Qual é a vossa política? Responderei: Travar uma guerra no
mar, na terra e no ar, usando todo o nosso poderio e toda a força que
Deus nos queira dar. Fazer guerra contra uma tirania monstruosa que já
tem um longo catálogo de tremendos e lamentáveis crimes contra a
Humanidade. Essa é a nossa política. Podem perguntar: Qual é o nosso
objectivo? Responderei com uma palavra: Vitória. Vitória a todo o
custo, vitória apesar de todo o terror; vitória por mais longo e árduo
que seja o caminho, porque sem essa vitória, não sobreviviremos. Que
todos fiquem a saber: não haverá possibilidade de sobrevivencia do
império britanico, nem de tudo aquilo que representa, nem dos eternos
anseios e desejos da Humanidade de atingir o seu objectivo final. Mas
aceito a tarefa com ânimo e esperança. Estou certo de que a nossa
causa está predestinada a vencer entre os homens. E desta vez sinto-me
no direito de pedir a ajuda de todos, pelo que grito: "Venham.
Marchemos juntos com todas as nossas forças unidas."
A Câmara votou unanimemente a favor desta programa simples. Assim ia a
democracia na Grã-Bretanha em 1940.
ALBINO ZEFERINO em 21/2/2012
Sem comentários:
Enviar um comentário