Tal como o explorador viajante se sente constantemente atraído para o abismo nas suas aventurosas caminhadas pelas escarpas das montanhas que incessantemente percorre, os portugas lusitanos parece terem caído na mesma desdita no decurso do sinuoso caminho para onde os sucessivos desmandos governativos os conduziram. Não fazendo caso nenhum do exemplo grego, que por obra e graça do Espirito Santo os antecedeu na desgraça, os lusitos avançam inconsciente e determinadamente em direcção ao abismo que os atrai, sem fazerem qualquer ideia da pavorosa morte que os espera. Compreendia-se que, por azar ou inadvertencia, fossem levados ao caminho que os conduzirá inexorávelmente à desgraça se outros não os antecedessem nessa perigosa caminhada; mas olhando os gregos com desprezo e compaixão, como quem lastima a má sorte do vizinho congatulando-se secretamente por não estar no seu lugar, os portugas lusitanos seguem religiosamente os helénicos passos, atraídos por uma inelutável atracção só explicável pela miopia que obnubila os seus espíritos e tolhe as suas mentes.
As recentes desventuras do ministro deslumbrado aliadas aos sucessivos buracos financeiros deixados em herança pelos amigos xuxas afastam cada vez mais decisivamente os lusos portugas da politiquice para onde esta democracite abrileira conduziu o país, abrindo portas para uma viragem à grega no panorama partidário lusitano, impedindo assim (tal como na Grécia) qualquer solução de compromisso que possa ajudar quem quer ajudar a pobre Lusitania a levantar-se do chão. A cada vez mais evidente coligação de interesses entre o PS e o PSD, mau-grado os arrufos que as respectivas direcções partidárias teatrealizam para a galeria popular especada perante tanta pouca-vergonha, está minando quaisquer veleidades de compromisso sério a que os portugas precisam de chegar para continuarem a beneficiar da indispensável ajuda externa para sobreviverem. Aproveitando-se desta confusão, os partidos da extrema esquerda começam a reagir inscrevendo nas paredes das ruas dizeres ofensivos contra a presença da troika (como se de desabafos populares expontaneos se tratassem) tentando atrair a atenção dos pobres lusos sofredores e ignorantes para a eventualidade de eleições antecipadas. O exemplo do Sirysa (partido irmão na Grécia do lusitano Bloco de Esquerda) que multiplicou por 3 os votos recebidos nas ultimas eleições legislativas (consequencia do descontentamento popular com a acção dos chamados partidos do arco governativo, o PASOK- irmão do PS lusitano e a Nova Democracia - irmão do PSD lusitano) e destroçando qualquer hipótese de formação de um governo sério em condições de continuar a negociação permanente com a troika, está a criar expectativas nas cabecinhas bloquistas (cuja direcção já se prepara para mudanças nesse sentido) de que estará para breve uma tomada do poder em Portugal.
Não deixemos que nos tomem por parvos, antes reagindo com determinação e vontade de vencer a esta atracção para o abismo mostrando de uma vez por todas aos nossos credores de que somos capazes de pagar as nossas dívidas e de honrar os nossos compromissos, afastando estas tentações diabólicas dos nossos espíritos e continuando firmes e rectos no caminho da recuperação económica e financeira com a ajuda daqueles que nos querem ajudar e repudiando os que apenas se querem governar a si próprios e aos seus amigos. Doa a quem doer.
PS. - Já oiço falar em confisco do ouro portugues como garantia do pagamento das nossas dívidas. Porque não substituir esta garantia com avales pessoais daqueles que enriqueceram de repente depois de terem sido importantes. E eles são tantos!
ALBINO ZEFERINO 1/6/2012
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