domingo, 24 de junho de 2012

OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE


   Passado um ano do inicio da implementação do famoso plano de austeridade da troika (que nos tem permitido viver desde então) verifica-se que a sua execução não tem conseguido os resultados esperados. Apesar dos animadores resultados das avaliações periódicas a que a actividade governativa tem sido sujeita, o certo é que as receitas fiscais estão a cair e as despesas a crescer mais do que o previsto. Os numeros da execução orçamental divulgados esta semana não deixam duvidas quanto a isso: a receita fiscal caiu 3,5% nos primeiros cinco meses do ano, quando estava previsto que crescesse 2,8%. Se chegarmos ao fim do ano com a mesma performance dos primeiros cinco meses, o buraco na receita será de 2.170 milhões de euros.  Porque será isto? A explicação é simples: porque o governo não tem conseguido reduzir a despesa. 
                    Confrontado com as reacções dum povo que herdou a manha dos judeus e a vigarice dos mouros seus antepassados, o governo da troika tem sido constantemente toureado pelas organizações de classe e pela pieguice do povinho miserável que se arrasta nas vielas onde antes se cantava o fado. Já Pitágoras dizia nos seus teoremas: o abaixamento da actividade económica produz mais desemprego, que por sua vez determina maior despesa com o apoio social que implica. Comparado com 2011, o défice da Administração central e da Segurança social (sem contar com as autarquias e as regiões) aumentou mais de seis vezes, ou seja de 194,3 milhões para 1.237,6 milhões de euros.
                    Continuando a raciocinar segundo o filósofo, a solução está no aumento dos impostos. Como as receitas provenientes do IVA não crescem (apesar da taxa ter aumentado) resta aumentar o IRS. Mas como a maioria dos contribuintes fica de fora dos aumentos porque o governo não quer prejudicar os pobrezinhos (mesmo os que pagam IRS), resta aumentar a taxa do IRS para os que mais recebem, que cada vez são menos pois aos poucos e poucos passam de riquinhos a pobrezinhos. Os verdadeiros ricos já cá não têm nada, pois os países mais espertos e mais desafogados já se encarregaram de os seduzir com taxas de IRS e IRC mais baixas e eles transferiram para lá as suas fortunas. Suspeito que iremos todos de vitória em vitória até à derrota final. Como a selecção nacional de futebol.

                                                                ALBINO ZEFERINO                           24/6/2012

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