segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A ALTERNATIVA DA ESQUERDA

Qual movimento salvador do caos instalado no país 
pela troika e seus "esbirros" governativos que estão levando Portugal 
para a desgraça colectiva, nasceu um grupo de descontentes que 
produziu um documento de reflexão que consubstancia uma proposta de 
esquerda para salvar Portugal da crise que o assola e que vai ser 
debatido no chamado congresso das alternativas, a realizar 
simbolicamente no próximo 5 de outubro. 
O que dizem os esquerdistas alternativos no tal 
documento salvador? Na intenção ultima de despedir a troika 
definitivamente dos seus conturbados espíritos, os promotores 
salvadores defendem: 
a) busca de meios para cortar a fuga de capitais 
para os bancos estrangeiros; promoção da poupança interna e aumento do 
financiamento de curto prazo do Estado, diminuindo a sua dependência 
dos fundos de resgate; criação de um sistema de titulos fiscais que 
permitam ao contribuinte pagar impostos contra um beneficio; 
b) quaisquer impostos extraordinarios deverão 
incidir sobre os capitais, os lucros das PPP e os grandes rendimentos; 
aumento da progressividade no sistema de impostos; 
c) criação de um fundo soberano a alimentar 
através de contribuições do Estado e de receitas de concessões 
nacionais que permita estancar a crise orçamental e garantir a 
independencia que permita avançar com uma renegociação da divida. 
Após o cancelamento do memorando de entendimento 
em vigor através das medidas atrás enunciadas, a esquerda (uma vez 
liderante) pretende promover a negociação de um memorando de 
desenvolvimento com o povo, uma espécie de novo contrato social (o new 
deal portugues) através de um amplo debate nacional, cívico e 
político, mobilizador da vontade popular. Nesse novo contrato social, 
a obsessão pela diminuição dos chamados custos unitários do trabalho 
deve ser substituida por um esforço continuado de capacitação da força 
de trabalho, de qualificação do empreendorismo e de potenciação do 
sector cooperativo. Dão exemplos, como seja a criação de um banco de 
operações mutualistas assente na conjunção de esforços do Estado, das 
fundações e de investidores a título pessoal; transição de um país de 
mão de obra para um país de cerebros de obra, estancando a fuga de 
jovens licenciados para o estrangeiro; reinstituição do ministerio da 
cultura e do patrimonio com vastas competencias que iriam do turismo à 
reabilitação urbana. 
No campo politico, os artistas salvadores propõem 
as medidas seguintes: criação de uma bolsa-escola para combater o 
impacto da pobreza na infância e fixação legislativa de um estatuto do 
idoso com garantias estatais; politicas tendentes ao pleno emprego e 
ao combate à precariedade. Propõem ainda que o parlamento realize um 
estudo de impacto social sobre estas propostas. 
Quanto ao sistema judicial, pretendem-no próximo 
do cidadão e íntegro, privilegiando um sistema generalizado de juri, 
agindo de forma coadjuvante à acção dos juizes. Finalmente advogam 
para a eleição dos deputados a introdução de um sistema de listas 
aberto a todos os cidadãos a fim de aumentar o grau de qualidade e 
responsabilização do sistema politico. 

Se estes artistas não estivessem a falar a sério, 
este programa poderia servir de argumento para um sketch televisivo de 
humor, daqueles que se servem do ridiculo para fazer graça com a 
desgraça alheia. Como quererão aquelas almas evitar coercivamente a 
fuga de capitais, se há liberdade de circulação de capitais? Como 
querem estes tipos promover a poupança se a malta não tem dinheiro 
sequer para o essencial? Com que fundos iria o Estado criar um fundo 
soberano? Cancelado o memorando de entendimento que nos alimentaria, 
quem nos sustentaria? Como se passa de um país de mão de obra para um 
país de cérebros de obra? Como se atinge o pleno emprego? Dando 
emprego a toda a gente? Para fazerem o quê? Como se lhes pagaria? Como 
se aproxima a justiça dos cidadãos? Com tribunais populares? Com que 
critério se estabeleceriam listas abertas de candidatos a deputados? 
Seriam admitidos apenas os companheiros da esquerda apoiantes desta 
bambuchata? Tudo isto não passa de uma brincadeira de mau gosto, 
própria de épocas passadas que serviria para reinstalar em Portugal um 
sistema felizmente morto desde 1989 e que nos ameaçou durante o 
famigerado PREC dirigido pelo inefável Cunhal e os seus esbirros 
marxistas-leninistas. Vade-retro, como se diz ao diabo. E que o diabo 
os carregue! 

ALBINO ZEFERINO 1/10/2012 

2 comentários:

  1. Longe dos esquerdismos, uma proposta alternativa:
    http://notaslivres.blogspot.pt/2012/09/medida-2-criacao-de-condicoes-para.html

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