domingo, 4 de novembro de 2012

A NOVA ERA

Sem que nos apercebamos realmente, estamos, com 
esta crise começada em 2008 e ainda não terminada, a entrar numa nova 
era do desenvolvimento humano diferente das anteriores. Com a 
Revolução industrial inglesa e a criação da burguesia no seculo XVII 
iniciou-se a era capitalista, onde tudo valia para se fazer dinheiro. 
Exploração do homem pelo homem, atropelos da lei e da ética, alianças 
espurias entre classes sociais, etc. Funcionou como uma tese. 
Seguiu-se-lhe, como reacção, a era comunista nos finais do seculo XIX 
com a publicação do livro "Das Kapital" do alemão Karl Marx e iniciada 
já no seculo XX com a revolução russa, inspirada nas teses marxistas e 
completada com a ditadura do proletariado leninista e todos os seus 
abusos contra a dignidade e os direitos humanos. Foi a antítese da 
tese anterior. Com a falência do Lehman Bros nos E.U.A. em 2008 e a 
subsequente crise financeira mundial que provocou, iniciou-se a 
síntese das eras anteriores. Caracterizada por uma enorme confusão 
resultante dos abusos cometidos pelos financeiros na mira de fazer 
sempre maiores fortunas, esta crise desarticulou o mercado de capitais 
e está a dar origem a uma nova era que será pautada por maior rigor e 
vigilancia por parte das autoridades sobre a acção das pessoas, 
fundamentados numa regulação mais profunda e mais vasta das 
actividades económicas. 
A rapidissima transformação social provocada pelo 
desenvolvimento exponencial da informática com a proliferação das 
redes sociais e do uso generalizado da cibernautica, transformou as 
sociedades antes divididas entre ricos e pobres, burgueses e povo, 
licenciados e iletrados, numa amálgama de gente indiferenciada que 
convive e sobrevive em conjunto, com os mesmos problemas e com os 
mesmos meios ao seu alcance para os resolver. O aparecimento desta 
nova era de verdadeira igualdade dentro do género humano, 
independentemente das respectivas proveniencias, das nacionalidades, 
dos sexos ou das crenças de cada um, vai certamente trazer novos 
conceitos de vida às pessoas e novas formas de se relacionarem. A 
síntese entre o capitalismo selvagem do seculo XIX e o 
marxismo-leninismo brutal do seculo XX marcará o futuro dos nossos 
descendentes. A procura equilibrada entre a defesa exigente de um 
colectivismo que proteja os mais débeis e a dificil preservação da 
liberdade de acção individual de cada um como força dinamizadora do 
desenvolvimento humano, vai caracterizar as sociedades do futuro, 
através da criação de mecanismos de acção politica que preservem os 
direitos individuais e fomentem os deveres de cada um relativamente 
aos demais. Para isto será necessário uma consciencialização social 
apurada, assente na obrigatoriedade de procedimentos comuns a todos e 
liberta de constrangimentos de ordem sociológica que entravem a livre 
expressão da inteligencia humana e a capacidade de cada um em fazer 
mais e melhor. 
Não se pense porém que assim se chegará à 
sociedade perfeita, pois, não sendo o ser humano um ente perfeito, 
será impossivel criar sociedades perfeitas. Haverá que contar sempre 
com a natureza humana, com os seus vícios e as suas limitações. A 
inveja, a ganãncia, a ausencia de escrupulos e a natural tendência 
para o disparate do ser humano, não permitirão a erradicação da 
corrupção, da incompetencia e dos abusos. O que a nova sociedade terá 
é mais e melhores condições para enfrentar estes flagelos humanos, 
prevenindo e reprimindo acções ilegitimas contra ela, que prejudicam o 
seu normal desenvolvimento e a melhoria do bem-estar dos seus 
cidadãos. 


ALBINO ZEFERINO 3/11/2012 

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