Apesar das excitadas notícias que a nossa
comunicação social comunica, que provocam nos espíritos simples dos
portugas confusões comprometedoras, a visita da chanceler alemã veio
trazer uma certa acalmia ao ambiente conturbado das últimas semanas. É
que mau grado os convénios esquerdistas apelando à morte da senhora e
as cartas abertas que nenhum dos subscritores teria coragem de
subscrever sozinho maldizendo a sua visita, o amor-próprio lusitano
sentiu-se afagado com a importancia que a "gnaedige Frau" deu aos
portugas, dignando-se aterrar na Portela, mesmo que por escassas
horas.
O reflexo da entrevista concedida à repórter
portuguesa em Berlim e passado à exaustão nas televisões portuguesas,
salientando ela não ter nada que ver com a elaboração do programa da
troika (que como se sabe é da responsabilidade das entidades
interventoras e do governo portugues - este e o anterior) deu aos
portugas uma certa noção de injustiça feita relativamente à senhora,
perpetrada nos comentários negativos na imprensa dos ultimos dias e
nas manifestações orquestradas pelas esquerdas nas ruas. Os
portugueses reconhecem os seus erros e são suficientemente humildes
para o fazerem, infelizmente sempre muito tarde e sem qualquer
proveito. A vinda da senhora até junto deles (ou de quem os
representa) deu-lhes a oportunidade para fazerem falar os sentimentos
antes de darem largas aos seus instintos. Compreende-se (e ela mais do
que ninguem pelas responsabilidades que tem) que portugueses, gregos e
quejandos estejam desesperados por serem obrigados a pagar pelos
disparates que cometeram durante décadas, mas seria mais dificilmente
compreensivel aceitar culpas, quando uma pessoa se sente mordida na
mão que alimenta a besta. De mal-agradecidos está o inferno cheio,
como diz sabiamente o povo. E ao contrário dos gregos, os portugas não
querem passar por mal-agradecidos.
O pequeno grupo de empresários alemães que
acompanha Frau Merkel já vem com planos (ao contrário das hordas de
empresários portugueses que geralmente acompanham os presidentes da
Republica nas suas visitas turisticas) preparados com antecedencia e
dentro dos apertados limites que a capacidade de desenvolvimento
portugues hoje oferece. Saibam os seus congéneres lusitanos e o
governo que os representa estabelecer com eles os laços económicos
necessários para fazer finalmente sair Portugal deste enorme fosso
para onde inconscientes e aldrabões empurraram os portugas sérios e
trabalhadores que ainda há em Portugal. Saibamos aproveitar esta
visita com espírito aberto e construtivo e não nos deixemos levar nas
cantigas destrutivas e fantasistas dos amanhãs que cantam e das
solidariedades bacocas.
ALBINO ZEFERINO 12/11/2012
Sem comentários:
Enviar um comentário