quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O GRANDE DESENGANO

Desenganem-se os optimistas, pois a situação 
desesperada na Grécia não augura nenhum futuro grandioso para a 
resolução pacifica da crise. Mesmo depois da visita de inspecção da 
Grande Chefe a Atenas (e talvez por causa dela) desatou-se de novo a 
furia grega, provocando novas derrapagens, desta vez impossiveis mesmo 
de controlar. A juntar a esta desgraça, a situação espanhola, longe de 
se compor, está cada vez mais desesperada com apelos constantes às 
independencias autonomicas e portanto no limiar de uma desagregação 
nacional. Por aqui, esperando a chegada da Grande Senhora, como 
leitmotif para a lamechice por um lado e para a maledicencia por 
outro, o povo portugues aguarda sereno o desenvolvimento dos 
acontecimentos como se nada tivesse a ver com a origem deles e tudo 
com as suas consequencias. 
Os arautos da desgraça centram agora as suas 
criticas na necessidade da preservação do chamado estado social, 
espécie de grande misericordia sempre pronta a absolver os fracos e 
desvalidos dos seus pecados, dando-lhes a sopa diária para que 
sobrevivam e a manta esburacada para que não morram de frio. Para 
isso, defendem o alargamento do prazo para o reembolso das dividas que 
fizemos, acompanhado do abaixamento (alguns até falam em supressão) 
dos juros dos emprestimos que contraimos, como se os nossos credores 
tivessem obrigação de suportar as nossas faltas e de acarinhar as 
nossas debilidades. Será que o leitor destas linhas estaria disposto a 
perdoar um qualquer calote que tivesse sofrido por parte dum vizinho 
descuidado ou perdulário, à custa de sacrificios da sua parte ou da 
sua familia? Eu por mim não. E creio que a maioria das pessoas tambem 
não. 
O caminho aponta pois cada vez com maior nitidez 
para uma desgraça nacional resultante da desagregação da União 
europeia e do seu euro e do salve-se quem puder que se lhe seguirá, 
logo que alemães, finlandeses, holandeses e outros nórdicos concluirem 
que, por muito espremidos, os sulistas já não deitam nenhuma gota 
mais. Depois é fazer fila em frente dos centros de acolhimento, a ver 
se nos toca algo do estado social que orgulhosamente criamos com o 
dinheiro dos outros. 

ALBINO 
ZEFERINO 8/11/2012 

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