Desenganem-se os optimistas, pois a situação
desesperada na Grécia não augura nenhum futuro grandioso para a
resolução pacifica da crise. Mesmo depois da visita de inspecção da
Grande Chefe a Atenas (e talvez por causa dela) desatou-se de novo a
furia grega, provocando novas derrapagens, desta vez impossiveis mesmo
de controlar. A juntar a esta desgraça, a situação espanhola, longe de
se compor, está cada vez mais desesperada com apelos constantes às
independencias autonomicas e portanto no limiar de uma desagregação
nacional. Por aqui, esperando a chegada da Grande Senhora, como
leitmotif para a lamechice por um lado e para a maledicencia por
outro, o povo portugues aguarda sereno o desenvolvimento dos
acontecimentos como se nada tivesse a ver com a origem deles e tudo
com as suas consequencias.
Os arautos da desgraça centram agora as suas
criticas na necessidade da preservação do chamado estado social,
espécie de grande misericordia sempre pronta a absolver os fracos e
desvalidos dos seus pecados, dando-lhes a sopa diária para que
sobrevivam e a manta esburacada para que não morram de frio. Para
isso, defendem o alargamento do prazo para o reembolso das dividas que
fizemos, acompanhado do abaixamento (alguns até falam em supressão)
dos juros dos emprestimos que contraimos, como se os nossos credores
tivessem obrigação de suportar as nossas faltas e de acarinhar as
nossas debilidades. Será que o leitor destas linhas estaria disposto a
perdoar um qualquer calote que tivesse sofrido por parte dum vizinho
descuidado ou perdulário, à custa de sacrificios da sua parte ou da
sua familia? Eu por mim não. E creio que a maioria das pessoas tambem
não.
O caminho aponta pois cada vez com maior nitidez
para uma desgraça nacional resultante da desagregação da União
europeia e do seu euro e do salve-se quem puder que se lhe seguirá,
logo que alemães, finlandeses, holandeses e outros nórdicos concluirem
que, por muito espremidos, os sulistas já não deitam nenhuma gota
mais. Depois é fazer fila em frente dos centros de acolhimento, a ver
se nos toca algo do estado social que orgulhosamente criamos com o
dinheiro dos outros.
ALBINO
ZEFERINO 8/11/2012
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