A reacção europeia (BCE, Comissão, Alemanha e até as declarações a respeito feitas pela nova directora do FMI) foram unanimes quanto ao despropósito da desclassificação norte-americana de Portugal. Não que a Moody´s não possa vir a ter razão, mas por agora não havia justificação para tal ataque. O recuo da congénere Standard & Poor"s, que se preparava para seguir nas pisadas da Moody¨s, é sintomático quanto ao reconhecimento da precipitação. Não se pense porém que este desassossego teve alguma coisa que ver com o cuidado que os tugas pensam que os estranjas estão dedicando a Portugal. Nada disso. O cuidado deles é com a estabilidade do euro. Imaginemo-nos a defender um flanco numa batalha. Perante um ataque inimigo capaz de penetrar através do flanco defendido por nós no coração do Estado maior das forças a que pertencemos, o socorro que tropas aliadas nos prestam não tem nada que ver conosco mas com a preocupação que a nossa debilidade possa causar ao sucesso da batalha. Não deveremos pois embandeirar em arco, mas pelo contrário perceber que se não conseguirmos cumprir com o compromisso com a troika, o castigo será ainda maior do que o previsto até hoje.
Esta reflexão leva-me a outra bem mais séria e profunda. Como poderá a Europa (refiro-me aos países credores em especial) sair desta encrenca em que gregos, portugueses, irlandeses e outros a meteram? Sinceramente não vejo outra solução que não seja um aprofundamento da integração europeia. No presente estado de coisas não me parece porém que uma integração harmónica, planeada e faseada possa ter lugar. A ideia de uma Europa igualitária unida em torno de grandes ideais e principios está a agonizar. O que hoje mais conta é a capacidade de produzir e de ganhar dinheiro. Para que a Europa não expluda em mil pequenas unidades inviáveis, os países mais ricos vão ter que tomar conta dos mais pobres (os que se estão já hoje a mostrar inviáveis). Não pensem os mais perguiçosos que assim poderão continuar a levar a vida que até agora levaram, pois viver á custa de outros tem os seus custos. Por cada euro que para cá mandam, os nossos credores vão exigir trabalho correspondente. Por essa razão não me admiraria que o próximo passo possa vir a ser a criação de um ministério europeu das finanças que elabore anualmente um orçamento e o faça cumprir pelos faltosos renitentes. Só assim se salvará o euro e com ele a União europeia e os países que a compõem.
ALBINO ZEFERINO 8/7/2011
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