A recente descoberta de mais um enorme buraco orçamental escondido pelo anterior governo na amálgama de interesses confusos e desordenados como pode ser classificada a anterior gestão governativa, veio levantar de novo a questão, que muitos já se põem, da sobrevivência do país dentro das apertadas regras em que actualmente se move. Se a indispensável ajuda financeira internacional está dependente do cumprimento rigoroso das regras de conduta traçadas no memorando da «troika», o aparecimento imprevisto de mais um substancial deslize orçamental vai concerteza alterar os pressupostos nos quais assentou a elaboração do memorando e assim comprometer as metas traçadas para a nossa salvação. Foi a meu ver isto mesmo que determinou a recente classificação negativa que a agência de notação «Moody´s» atribuiu a Portugal.
A questão da sobrevivência de Portugal como Estado organizado, membro da União europeia e da eurozona, dependerá da capacidade que consigamos demonstrar aos nossos parceiros e ao Mundo em continuarmos a viver em democracia, dentro de regras de convivencia assentes na liberdade e na igualdade de oportunidades, no cumprimento dos direitos humanos e sociais, sem subterfugios iníquos e falsas verdades, sem esquemas ardilosos e manhas interesseiras. Enquanto suscitarmos nos outros a desconfiança nas nossas capacidades não pensemos em levantar cabeça. Quanto mais tempo demorarmos e menos determinação demonstrarmos em cumprir as regras que, por incapacidade nossa (não nos esqueçamos disto), nos foram impostas, mais próximo estaremos dos nossos limites como Estado auto-determinado. A ajuda externa só existirá enquanto a permanência de Portugal no clube europeu fôr útil aos europeus. Por essa razão é que nunca haverá apoio sem contrapartidas. Não estejamos à espera de soluções milagrosas, definitivas e duradouras que não dependam de nós, do nosso esforço e do nosso engenho. Não são os europeus que não manifestam vontade suficiente para nos ajudar . Somos nós que não nos ajudamos a nós próprios.
ALBINO ZEFERINO 13/7/2011
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