domingo, 17 de julho de 2011

PORQUE FOMOS DESCLASSIFICADOS PELA MOODY´S?

Quando uma agencia de notação internacional com as responsabilidades da Moody´s abre uma polémica como aquela que provocou com a recente desclassificação de Portugal nos seus rankings de confiança, algo vai mal no reino da Dinamarca. Dir-se-á que a nossa indignação foi acompanhada pelos grandes do nosso império, o que prova aos nossos olhos a injustiça de tal atitude. Não nos iludamos. Estamos no meio duma guerra sem piedade da qual não conhecemos nem a estratégia nem as tácticas. Somos uma tropa auxiliar, colocada num dos extremos do teatro de guerra, que não se consegue aguentar no balanço com os bombardeamentos do inimigo. No que nos diz respeito, a questão é a de saber se será mais útil para o desfecho da contenda continuarmos na luta (mesmo sem lhe aportarmos qualquer mais-valia) ou se começamos a ser considerados dispensáveis. Um pouco como aconteceu na 1ª Guerra mundial. Se a Comissão e até o governo alemão se pronunciaram agora a nosso favor foi porque ainda não era a hora de nos darem o pontapé no cu que estamos a pedir.
            Passado mais de um mês da posse do governo maravilha, vejamos então quais têm sido os progressos que já atingimos no cumprimento dos encargos que nos impuseram:
1. Levantamento de todas as despesas fiscais, imposto por imposto e respectiva estimativa de custos para 2011: Está-se ainda na fase da descoberta dos buracos deixados pelo anterior governo. Conforme eu dizia em 7 de Junho passado, nunca até hoje foi possivel determinar com rigor o volume das despesas do Estado.
2. Redução da taxa social única: Estamos ainda à procura da taxa mais conveniente, das empresas que irão beneficiar do abaixamento dessa taxa e sobretudo de qual a compensação orçamental a introduzir para a sua redução.
3. Venda do BPN: Ouvi dizer que há interessados. Quem serão? Já foi tapado o buraco dos 2 mil milhões de euros que a desgraçada nacionalização feita pelo Teixeira dos Santos provocou?
4. Avaliação dos planos de redução dos custos operacionais e estrutura de tarifas no sector empresarial do Estado: Não tenho notícias de que a atitude negativa das empresas visadas tenha sido alterada desde o governo anterior. Pelo contrário, só oiço é falar nos próximos aumentos das facturas do gás, da electricidade e da água. Talvez a anunciada saída do Estado do capital destas empresas permita uma redução das tarifas...
5. Apresentação no Parlamento de proposta de legislação para mudar as regras das indemnizações por despedimento: Os sindicatos têm estado calados, o governo mudo e o Parlamento já anunciou que em Agosto vai de férias.
6. Eliminação das golden shares: O anterior governo deixou tudo pronto e este governo já anunciou a medida. Falta agora o Estado vender as acções. Quando será? Antes ou depois das anunciadas privatizações?
7. Publicação do documento de estratégia orçamental para as Administrações Públicas: Ainda não estão sequer definidas as grandes linhas dessa estratégia, nem a dimensão que este governo prevê para as Administrações Publicas. O que se sabe é que a Associação dos municipios portugueses se opõe energicamente a qualquer concentração ou redução do numero de câmaras municipais.
8. Avaliação das 20 maiores PPP: Não se ouviu nunca mais falar do grupo de trabalho criado pelo governo anterior para o efeito.
9. Aumento das taxas moderadoras do SMS: Tambem aqui o novo governo tem estado mudo.
            Como se vê, a determinação governamental no cumprimento das obrigações vitais estabelecidas com a troika mostra sinais de algum desfalecimento, o que se reflectiu no primeiro murro no estomago sofrido pelo nosso PM. Queira Deus que o homem se aguente nas canetas nos próximos rounds senão vamos todos perder o combate por KO.
 
                                                 ALBINO ZEFERINO  16/7/2011

1 comentário:

  1. Neste combate final de dois mundos em decadência - a Europa e os EUA - interessa, porventura, saber quem cai primeiro, mas sabemos de antemão que vão cair os dois. O meu vaticínio vai para os EUA, muito provavelmente no Outono (senão, mesmo, antes), mas, a bem dizer, é aleatório o saber-se quem vai ao tapete primeiro, porque ambos vão tombar. Neste quadro, Portugal não é mais que um pequeno destacamento de infantaria, que sofreu os primeiros tiros, mas que é dispensável para a batalha final. Todos sabemos disso. Pena e que, nem a Europa, nem os EUA dispõem de líderes à altura. Merkel e Obama já demonstraram que não são. Mais. O problema é essencialmente político antes de ser financeiro.

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