quinta-feira, 28 de julho de 2011

O PAÍS DOS BRANDOS COSTUMES

Neste país de brandos costumes as coisas não acontecem. Vão acontecendo. E por vezes quando parece que vão acontecer, afinal não acontecem. Borregam, como se diz na hípica. Vem isto a propósito do famigerado plano de salvamento que a «troika» nos impingiu como condição para nos continuar a emprestar o dinheiro de que precisamos para viver (ou seja, para comer e dar de comer aos nossos, pagar as nossas obrigações pecuniárias e receber os nossos salários ou ajudas do Estado).
             Passado mais de um mês desde que assumiu funções (cheio de genica), o novo governo pouco ou nada fez. Dizem os conformistas: "Estão a estudar os dossiers". Mas afinal não está tudo bem explicadinho no plano da «troika»? Para o que será preciso mais estudo? O essencial que os nossos credores querem é que deixemos de gastar à tripa forra o dinheiro deles. E como já demonstrámos não ser capazes de travar esta espiral dissipadora, fizeram-nos um "road map" para nos orientar neste dificil percurso que temos que palmilhar até à redenção.
             Conscientes de que os tugas (não sendo tão vígaros como os gregos) são porém mais malandros e dissimulados, os nossos troikanos já regressaram a Portugal para a elaboração do primeiro relatório sobre o nível do nosso empenhamento no cumprimento das suas directivas. Se até que se vão embora de novo (parece que ficarão por cá durante o maldito mês das férias no Algarve) não conseguirmos convencê-los de que algo de novo aconteceu nas terras de Portugal, tempos dificeis nos esperarão lá para o outono.
             Enquanto persistirmos em conversas, negociações, pareceres, comissões e grupos de reflexão, não chegaremos a nenhum lugar. O indispensável é cortar na despesa do Estado, suprimindo os funcionários a mais. Ou seja, despedindo pessoas bem e depressa. É aqui que 75% da despesa do Estado se consome. Tudo o resto são lérias. Não contemos pois com o apoio dos sindicatos para isso, pois eles existem precisamente para se oporem aos despedimentos. Enquanto continuarmos como bons meninos a procurar agradar a gregos e troianos não chegaremos a lugar nenhum. O tempo não está para as branduras costumeiras deste povo cobarde e calaceiro. Chegou o momento de cortar a direito. Se não o fizermos, outros virão fazê-lo por nós. Não nos iludamos. Será a nossa última oportunidade.
 
                                               ALBINO ZEFERINO   28/7/2011

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