Ao cabo de 37 anos de administração anárquica, os últimos 6 dos quais de gestão danosa, Portugal soçobrou. Como se o exigente (e a meu ver incumprivel) plano de resgate (ou de salvamento, como se quizer) não bastasse como prova da nossa morte, veio ontem a agencia de rating Moodie`s passar-nos a certidão de óbito destinada áqueles que ainda tinham duvidas sobre a morte institucional deste belo país à beira-mar plantado. A grande questão não tem sequer a ver com o nosso futuro como país (que já foi decidido pelo directório europeu) mas é reflexo duma luta pelo poder no mundo, que escapa completamente a Portugal: a sobrevivencia do euro como moeda de referencia em contraposição ao dólar americano. Aos europeus que contam (Alemanha e outros) a fortaleza da moeda europeia é essencial à manutenção do seu estatuto de grande potencia mundial. Pelo contrário, aos americanos (demasiado endividados com as guerras em que sucessivamente se têm metido para manter a sua supremacia planetária) não convém que o seu dólar seja substituido como meio mundial de pagamento. A China, por seu turno, vê com agrado estes arrufos americano-europeus, enquanto o seu reimimbi se vai reforçando face ao dólar (não nos esqueçamos que a China detém a maioria da colossal dívida externa norte-americana). E no meio destas guerras estranhas aos chamados países periféricos do euro, Portugal vai-se distraindo com eleições, novos governos, compromissos incumpriveis e apertos à vida dos portugas, convencido de que o sol gira à nossa volta e de que somos o umbigo do mundo.
Afinal para que conta Portugal e o que riscamos nós neste filme? Eu diria que, desde que entrámos no clube do euro (inadvertidamente é certo), passámos a ser confrontados com um nível de exigencia orçamental e financeira ao qual não estávamos habituados e nem sequer preparados para tal. Com a inconsciencia que nos caracteriza (para a frente e fé em Deus) não tivemos a preocupação de reformar o Estado e as mentalidades de forma a adaptar os portugueses às exigencias derivadas dessa mudança. O resultado ficou à vista. Com o nosso comportamento descuidado durante 15 anos, estamos (nós e os nossos primos gregos) a comprometer o desenvolvimento do euro como moeda universal, ameaçando as praças financeiras europeias e o próprio projecto europeu como um todo. Ora isto é inaceitável para os alemães (e para outros europeus) que já decidiram penalizar-nos. A troco do nosso salvamento (?) vamos ter que lhes entregar as nossas joias da coroa (vamos lá a ver o que é que eles querem para além do que consta do papel da troika) e reduzir-nos a viver na marquise da casa europeia (backyard em ingles técnico) nas traseiras onde vive e trabalha o pessoal, rodeados de gatos famintos e caixotes do lixo. Será este o futuro que a geração de Abril nos legou e será a partir de aqui que nós iremos deixar alguma coisa aos nossos filhos.
ALBINO ZEFERINO 6/7/2011
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