Ao questionar a supressão dos subsidios de Natal e de
férias aos funcionários públicos, Cavaco não fez mais do que libertar
a sua indignação (e a da sua mulher) por estar incluido nos
penalizados. Cavaco sabe por experiencia própria que tudo isto são
"numeros de circo" para animar a malta, pois a despesa do Estado não é
passivel de redução. Enquanto outros vão sendo visados, Cavaco entra
no "filme" apoiando, mas quando lhe toca a ele, reage como se nada
tivesse tido a ver com o assunto.
A atribuição do 13º e mais tarde do 14º mes ao
funcionalismo (medida que vem do salazarismo) serviu inicialmente para
premiar aqueles que faziam o seu trabalho mais de acordo com os
interesses da politica da altura. Só com o 25 de Abril foi a medida
generalizada a todos os trabalhadores deixando de ter as
caracteristicas de prémio com que foi instituida e passando a
constituir um complemento remuneratório para toda a gente.
O que o governo pretendeu com esta medida foi poupar na
despesa suprimindo uma benesse que tinha deixado já de o ser. Como
ocorre nos reembolsos de despesas participadas ou nas ajudas de custo.
Não perceberam que o povinho já tinha interiorizado a benesse como
fazendo parte do seu salário. Ora quem mexe no que é meu, está a
roubar-me. E Cavaco - expoente máximo do Zé povinho - foi o primeiro a
reagir indignado a tão soez indignidade governativa. Agora vem a
oposição aproveitar-se desta enorme argolada para "aparecer"
anunciando que talvez já não apoie o orçamento pela indignidade contra
o povo que ele contém.
Tudo isto é ridiculo e risivel visto lá de fora numa
altura em que precisamos de mostrar aos estrangeiros, de quem
dependemos para ir ao supermercado e para receber o dinheiro para
pagarmos as nossas despesas pessoais, que somos pessoas de bem e que -
ao contrário dos gregos - tencionamos portar-nos na linha e pagar tudo
o que já devemos e ainda o que iremos dever no futuro, nem que seja no
ano 2099.
Preocupemo-nos com o que alemães, franceses e outros vão
decidir amanhã e na próxima quarta-feira que nos afectará
decisivamente nas nossas vidas e não nos preocupemos tanto se não
pudermos comprar mais uma boneca ou um carrinho a pilhas para pôr na
árvore de Natal dos nossos filhos. Não nos esqueçamos que já em 1975 o
Vasco Gonçalves (o da muralha de aço) nos levou o subsidio de Natal e
ninguem morreu por causa disso.
ALBINO ZEFERINO em 22/10/2011
Relativamente ao seu post, apenas duas pequenas reflexões...
ResponderEliminarNa crise que estamos a viver os media muitas vezes não ajudam, pois resvalam para a incoerência e para a imbecilidade, convictos de que, à sua própria imagem e semelhança, somos todos atrasados mentais. Ainda no sábado passado, o Expresso dizia que o Gaspar queria cortar 14% nos salários da FP e idem, idem aspas, aspas paras as pensões dos aposentados. O corte dos chamados subsídios extra (mais uma mentira: não existem, nem nunca existiram subsídios extra, excepto no primeiro ano em que foram criados, pois aí assumem um carácter excepcional, passando logo a seguir a integrar numa base regular o rendimento global para apuramento fiscal). Feitas as contas o que é que, realmente, se passa? O que sucede é que se ganha um salário ou pensão bruta anual que se pode dividir por qualquer número (12, 14 ou 3.487 - é tudo igual ao litro). Donde o terem retirado 2 meses num total de 14, equivale a um sétimo ou, para ser exacto, a 14,285%, por conseguinte o corte dessas duas parcelas é até ligeiramente superior ao corte de 14% alegadamente proposto pelo Gaspar. É só fazer as contas! É claro que psicologicamente o impacto é outro: cortar 14% nos salários e pensões é muito mais bombástico do que cortar nos ditos "subsídios extra", que, como disse, não são, porquanto estão incorporados, como sempre estiveram, no bolo anual do que nos vem parar ao bolsinho, ou será que pagamos o IRS numa base mensal? Somos todos tolos ou quê?
Mas há mais: os chamados subsídios de Natal e de Férias (no meu entender, falsos subsídios) têm (neste caso, tinham) uma outra função na economia nacional reanimavam sazonalmente certos sectores económicos: principalmente, o comércio de retalho no Natal e a restauração, hotelaria e outras actividades relacionadas com o turismo, no Verão. Ora, esses estímulos vão deixar de existir. Mas ninguém fala nisto!
Pense- e pensem os seus leitores - nestas questões singelas e mais do que evidentes!