Então prendem finalmente o ladrão (para jubilo daqueles
que ainda duvidavam da seriedade deste governo) mas libertam-no 24
horas depois? Estarão a gozar conosco? Haverá qualquer pessoa de bem
(juiz ou não) que duvide da culpa do sujeito? Creio que nem mesmo os
energumenos que nele votaram depois dele ter sido formalmente acusado
de roubo aos próprios municipes duvidam disso. Se isto não é uma
republica das bananas (como a Madeira) então parece que é. Agora que
estamos a ser escrutinados diariamente pelos estrageiros que nos
sustentam, ainda acontecem coisas destas que fazem especar um burro.
Haja vergonha na cara. Isto nem os desesperados gregos. Depois não se
admirem das austeridades. A cada um o que merece.
E não se venha dizer que foram formalismos legais (eu
diria alçapões legais criados pelo espirito mesquinho e complexado dos
nossos legisladores) que obrigaram à soltura do bicho pois, repito,
ninguem de bem tem duvidas de que se trata dum aldrabão de grande
coturno. Espero que a juiza valente (uma jovem certamente) não venha a
ser penalizada por ter tido a coragem de ordenar aquilo que a maioria
da população já desesperava por que acontecesse (excepto naturalmente
os burros de Oeiras que nele votaram).
Misturar coisas sérias que têm a ver com a dignidade das
pessoas e os principios pelos quais as suas condutas se devem reger,
com brincadeiras de crianças grandes que não tiveram brinquedos em
pequenos e agora que são grandes e poderosos se divertem à custa dos
bem intencionados que ainda pensam que a lei e a justiça estão acima
dos interesses particulares das organizações mais ou menos secretas
que se dedicam a proteger os seus membros das consequencias das
condenáveis acções que praticam, como se houvesse umas leis e uma
justiça para os eleitos e outras leis e outra justiça para as pessoas
comuns, não parece ser coisa de país que pretende mostrar não desejar
pertencer à categoria dos países párias.
A democracia não se exerce protegendo o prevaricador das
consequencias dos seus actos, seja através de alçapões legais (como a
suspensão dos efeitos das sentenças ou as prescrições de crimes) seja
através de formas espurias de ilibar os prevaricadores (como as
incompatibilidades ou as imunidades) próprias das sociedades mais
primitivas, mas deixando os agentes da justiça agir de acordo com a
sua consciencia, enquanto detentores de um poder que reside no povo e
não nos poderosos, mas responsabilizando-os em contrapartida pelas
decisões que proferem em nome de todos, pobres ou ricos, poderosos ou
humildes, santos ou pecadores. Enquanto não for expurgada a
legislação das iniquidades que lhe foram sendo introduzidas para
satisfazer interesses ocultos e por vezes inconfessaveis, não se
regenará a justiça em Portugal e consequentemente o país no seu
conjunto.
Só espero que esta corajosa decisão da juizinha valente
venha a ser rapidamente confirmada, para bem da nossa credibilidade
como Nação valente e imortal (como diz o hino).
ALBINO ZEFERINO em 1/1072011
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