domingo, 31 de março de 2013
AS TRES FASES DO REGIME
Passados quase 40 anos sobre a instauração do regime politico iniciado em 25 de abril de 1974, podemos hoje dividir esse período da nossa recente história politica em tres partes distintas, com distintos protagonistas. Um primeiro período correspondente à queda brusca e revolucionária do regime chamado salazarista, que durou 48 anos, para dar lugar a uma situação confusa que se caracterizou por uma abertura completa e descontrolada do sistema, transformando o país numa festa permanente de libertação de mentalidades e de constrangimentos socio-económicos que ficou conhecido pela revolução dos cravos. Foi a liberalização dos partidos politicos, a ocupação das empresas e das propriedades dos chamados fascistas e a sua subsequente nacionalização, a libertação dos presos políticos, a criação dos sindicatos esquerdistas, a promoção da auto-gestão, a criação da economia popular, as nacionalizações da banca e dos seguros, enfim, a mudança radical das mentalidades resultante das alterações forçadas dos costumes e da moral das pessoas. O regresso a Portugal dos retornados das colónias, entretanto entregues aos que as reclamavam, foi tambem um momento relevante neste conturbado período revolucionário que muito contribuiu para a confusão social instalada.
Aproveitando-se da anarquia politico-social vigente, o partido comunista legalizado iniciou um processo (que ficou conhecido pelo PREC - processo revolucionário em curso) tendente a substituir as estruturas salazaristas por estruturas marxistas-leninistas importadas e orientadas por Moscovo, que conduziriam à instalação de um regime comunista em Portugal. Foi a acção concertada do PS de Mário Soares com o protagonismo vitorioso da chamada ala liberal dos militares revolucionários chefiada por Ramalho Eanes que evitou aquilo que teria sido uma catástrofe para o mundo ocidental de então. CEE e EUA puseram-se detrás de Soares e de Eanes impedindo a instalação de um regime do tipo cubano na Europa ocidental.
Com a entrada de Portugal na então CEE, em 1986, iniciou-se o segundo período do regime do 25 de abril. Iniciadas por Mário Soares com o pedido de adesão oficial apresentado em 1977, as negociações com a CEE foram longas e dificeis, pois conviveram com uma oposição aberta do PC e da extrema-esquerda, ainda com muita influência na sociedade civil da época. Foi porém Cavaco quem terminou as negociações e quem trouxe ao regime uma lufada de modernidade nunca imaginada pelo povo obnubilado por 48 anos de clausura politica seguidos de mais 12 de alegre rebaldaria. Foi a época dos subsidios europeus a fundo perdido e da construcção das infra-estruturas, bem como das privatizações das empresas revolucionariamente nacionalizadas. Foi a abertura da televisão aos privados, a criação de uma nova classe social emergente, a chamada classe média, base social por excelência dos regimes democráticos, e a livre concessão generalizada de créditos bancários.
Esta sociedade nova proporcionadora de desafogo e ávida de desenvolvimento acabou com Sócrates, paradoxalmente um dos expoentes máximos dessa nova classe social em desenvolvimento acelerado, em consequencia da crise financeira de 2008, que se reflectiu em força em Portugal em 2010 e que deu lugar a um novo período caracterizado pela intervenção financeira externa.
Iniciou-se assim o terceiro período deste regime iniciado em 25 de abril de 1974, há quase 40 anos, que não se sabe nem como nem quando terminará. Limitado a cumprir zelosamente as determinações da troika, o actual governo de Passos Coelho ficará no poder enquanto continuar a mostrar desejo de cumprir. Mal a troika se dê conta de desfalecimento ou menor empenho governamental em cumprir o que lhe foi estabelecido (e a 7ª avaliação quase chegou a isso) o governo estará condenado e o país tramado. Por cada sobressalto que provocarmos na complexa e delicada tarefa europeia de salvar o euro e de retomar os níveis de crescimento a que os europeus se acostumaram, levaremos com mais austeridade em cima. Temos a Grécia (e agora Chipre) para nos mostrar os limites ao nosso descontentamento e as penalizações correspondentes em caso de rebeldia. Não tentemos o diabo pois ele é bem capaz de nos tramar.
ALBINO ZEFERINO 31/3/2013
sábado, 30 de março de 2013
DIREITOS E LIBERDADES
A POLITICA ASSENTA NESTA PREMISSA FUNDAMENTAL: DIREITOS E LIBERDADES. SEM ELES NÃO É POSSIVEL CRIAR UM SISTEMA LEGÍTIMO DE GOVERNO NUMA NAÇÃO ORGANIZADA. PARA SE VIVER EM SOCIEDADE COM HARMONIA TÊM QUE SE DEFINIR PREVIAMENTE OS DIREITOS A QUE TODOS TÊM ACESSO E AS LIBERDADES QUE NÃO É LEGITIMO SEREM RECUSADAS A NINGUEM. TUDO ISTO DEVERÁ SER VERTIDO NUMA LEI À QUAL SE CHAMA CONSTITUIÇÃO POLITICA. ESTES SÃO OS PRINCIPIOS BÁSICOS NOS QUAIS TODA A TEORIA POLITICA DEVE ASSENTAR. QUANDO OS DIREITOS NÃO SÃO CONCEDIDOS E AS LIBERDADES SÃO CERCEADAS, ENTÃO ESTAMOS PERANTE UM SIMULACRO DE ESTADO E NÃO NUM ESTADO DE DIREITO.
PORTUGAL NEM SEMPRE VIVEU DURANTE A SUA LONGA HISTÓRIA SUBORDINADO A UM ESTADO DE DIREITO. MESMO DEPOIS DA GENERALIZAÇÃO DA CHAMADA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (APÓS 1789) NEM SEMPRE SE VIVEU EM PORTUGAL DE UMA FORMA VERDADEIRAMENTE DEMOCRÁTICA. E QUANDO ISSO ACONTECEU TAMBEM NUNCA FOI DURANTE MUITO TEMPO SEGUIDO, NEM DE UMA FORMA PERFEITA. O NOSSO SÉCULO 19 FOI FÉRTIL EM REVOLUÇÕES E CONTRA-REVOLUÇÕES, ONDE O LIBERALISMO ALTERNAVA COM O ABSOLUTISMO E O CENTRALISMO COM A DESCENTRALIZAÇÃO. NO SÉCULO 20 TIVEMOS DUAS REPUBLICAS DITAS DEMOCRÁTICAS (EMBORA NUNCA ASSENTES QUALQUER DELAS VERDADEIRAMENTE NA DEFESA INTRANSIGENTE DOS DIREITOS E LIBERDADES DOS CIDADÃOS) INTERCALADAS POR UM PERÍODO DE DITADURA CONTROLADA. PODER-SE-Á AFIRMAR QUE EM PORTUGAL NUNCA SE VIVEU CONSISTENTEMENTE EM DEMOCRACIA PLENA E PORTANTO QUE O POVO PORTUGUES NUNCA INTERIORIZOU ESSSA FORMA NORMAL DE CONVIVENCIA SOCIAL COMO NOUTROS PAÍSES ONDE A DEMOCRACIA SE INSTALOU PARA FICAR.
ESTAMOS HOJE VIVENDO UM PERÍODO DE EXCEPÇÃO SUBORDINADO A DITAMES EXTERNOS MAS AINDA FORMALMENTE SOB UM REGIME DEMOCRÁTICO. SE A DEFESA DOS DIREITOS E DAS LIBERDADES FUNDAMENTAIS DOS CIDADÃOS NUNCA FOI A RAZÃO ULTIMA QUE DITOU AS LEIS EM PORTUGAL, HOJE É PUBLICO E NOTÓRIO QUE O FUNDAMENTO DO SISTEMA POLITICO QUE NOS REGE PRIVILEGIA A RECUPERAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO ACIMA DE TUDO O MAIS, INDEPENDENTEMENTE DO GOVERNO QUE FORMALMENTE ESTEJA NO PODER. POR ESSA RAZÃO É INDIFERENTE QUE SEJA O PS, O PSD OU O CDS. JUNTOS OU COLIGADOS QUEM GOVERNE. TÊM É QUE ACEITAR A TROIKA. QUEM NÃO ACEITA A TROIKA É IRRELEVANTE PARA A POLITICA DE HOJE. O IMPORTANTE É PRESERVAR O EURO, A UE E O CUMPRIMENTO DAS REGRAS COMUNITÁRIAS. TUDO O RESTO NÃO CONTA. QUANTO MAIS O POVO NÃO CONCORDA, MAIS AUSTERIDADE SE LHE IMPÕE. VEJA-SE O CASO DA GRÉCIA E MAIS RECENTE E OBVIAMENTE O CASO DE CHIPRE. A ESPANHA E A ITÁLIA (MAIS MADURAS DO QUE PORTUGAL) TÊM VINDO A FUGIR DA TROIKA O MAIS QUE PODEM, MAS TAMBEM JÁ PERCEBERAM QUE NÃO PODEM ULTRAPASSAR CERTOS LIMITES.
DEIXEMO-NOS DE LIRISMOS ROMANTICOS E DE WISHFULL THINKINGS E NÃO DESPERDICEMOS OS NOSSOS ESFORÇOS EM MANIFESTAÇÕES INUTEIS OU EM DEBATES ESTÉREIS. CONCENTREMO-NOS NO ESSENCIAL DA QUESTÃO QUE HOJE É A NOSSA SUBSISTENCIA COMO NAÇÃO (EMBORA JÁ NÃO COMPLETAMENTE INDEPENDENTE) E COMO PESSOAS (EMBORA JÁ NÃO COMPLETAMENTE LIVRES).
ALBINO ZEFERINO 30/3/2013
quarta-feira, 27 de março de 2013
A DOENÇA DO ZÉ
O ZÉ ESTÁ DOENTE. ESTÁ CADA VEZ MAIS DOENTE E NÃO DEIXA QUE O TRATEM. O ESTADO DEPRESSIVO EM QUE FICOU VAI PARA DOIS ANOS QUANDO LHE FIZERAM VER QUE ESTAVA MUITO DOENTE, TOLDOU-LHE A MENTE E INSTALOU NO ESPÍRITO POBRE DO ZÉ UM SINDROMA DE REJEIÇÃO EM RELAÇÃO AO SEU ESTADO DE SAUDE. O ZÉ RECUSA ACEITAR A SUA DOENÇA E REJEITA O TRATAMENTO QUE OS MEDICOS LHE PRESCREVERAM PARA A TENTAR DEBELAR. COMO ACONTECEU ISTO?
OBNUBILADO COM AS MUDANÇAS QUE A REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL DE 1974 OPERARAM NA VIDA SIMPLES E PACATA QUE LEVARA ATÉ ENTÃO, O ZÉ COMEÇOU A FAZER DISPARATES QUE LHE FORAM ARRUINANDO PROGRESSIVAMENTE A SAUDE. COMEÇOU A COMER DEMAIS, COISAS QUE LHE FAZIAM MAL. PASSOU A A BEBER REGULARMENTE BEBIDAS ESPIRITUOSAS QUE LHE TOLDAVAM O ESPÍRITO E A RAZÃO E EXPERIMENTOU A COCA QUE A LIBERDADE DOS COSTUMES TROUXERA PARA PORTUGAL. JULGOU QUE NÃO TERIA NUNCA MAIS QUE TRABALHAR E QUE AS SUAS NECESSIDADES LHE SERIAM ETERNAMENTE SATISFEITAS PELO ESTADO-PATRÃO TODO PODEROSO. AS FACILIDADES DE CRÉDITO QUE BANQUEIROS SEM ESCRUPULOS LHE PROPORCIONARAM, EMPURRARAM O ZÉ PARA UMA VIDA PERDULÁRIA E FÁCIL À QUAL NÃO ESTAVA HABITUADO NEM FAZIA PARTE DO SEU ADN, ENDIVIDANDO O ZÉ PARA O RESTO DA SUA VIDA SEM QUE ELE DISSO SE APERCEBESSE. ATÉ QUE UM DIA, NUMA SIMPLES CONSULTA MEDICA DE ROTINA (QUE O SERVIÇO NACIONAL DE SAUDE PROPORCIONAVA REGULARMENTE AO ZÉ, MESMO SEM QUE ELE SE QUEIXASSE DE NADA) LHE FOI DETECTADA UMA DOENÇA GRAVE QUE O PODERIA MATAR SE NÃO TRATADA A TEMPO. IMEDIATAMENTE O ZÉ FOI INTERNADO NO HOSPITAL PARA EXAMES E DESDE ENTÃO CAIU NUMA PROSTRAÇÃO ENORME RECUSANDO QUALQUER TRATAMENTO, COMO QUE RESIGNADO À SUA TRISTE SORTE.
AO FIM DE 7 AVALIAÇÕES PERIÓDICAS, OS MEDICOS CONCLUIRAM QUE O ZÉ POUCO OU NADA COLABORARA NO TRATAMENTO QUE LHE TINHAM PRESCRITO, AMEAÇANDO-O DE LHE DAREM ALTA DO HOSPITAL E INTERROMPENDO O TRATAMENTO QUE LHE ESTAVAM MINISTRANDO, SE O ZÉ NÃO SE DISPUSESSE A FAZER OS SACRIFICIOS NECESSÁRIOS PARA QUE O TRATAMENTO SURTISSE EFEITO. O ZÉ, POREM, EM VEZ DE COMPREENDER O MELINDRE DA SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRAVA, RESOLVEU INSISTIR NA RECUSA DO TRATAMENTO PONDO EM CAUSA A NECESSIDADE DO TRATAMENTO QUE LHE TINHAM PRESCRITO E A COMPETENCIA DOS MEDICOS QUE O ASSISTIAM.
COMO SERÁ POSSIVEL TRAZER O ZÉ PARA A REALIDADE E CONVENCE-LO (NATURALMENTE A BEM) DE QUE NÃO TEM OUTRA ALTERNATIVA QUE NÃO SEJA ACEITAR O TRATAMENTO QUE LHE FOI PRESCRITO E SUBMETER-SE A ELE COM DENODO E DETERMINAÇÃO PARA VER SE CONSEGUE ESCAPAR DA MORTE CERTA QUE O ESPERA SE PERSISTIR NA RECUSA DE TOMAR OS REMÉDIOS QUE O PODERÃO LEVAR À CURA?
ALBINO ZEFERINO 27/3/2013
domingo, 24 de março de 2013
VOLTA SÓCRATES QUE ESTÁS PERDOADO
O anunciado regresso a Portugal do antigo primeiro ministro socialista, José Sócrates, que fugiu para França na sequência da intervenção externa a que Portugal ficou sujeito como consequência da sua inábil governação, vai marcar um novo ciclo político na vida portuguesa. Dois anos após a saída de Sócrates, os seus sucessores no governo não conseguiram ainda equilibrar o país, apesar das condições excepcionais em que estão governando. As sucessivas investidas comunistas contra o que eles chamam o desmantelamento das conquistas revolucionárias do 25 de abril, a oposição sem sentido definido (mas atrapalhadora apesar disso) do PS de Seguro (embrulhado no esforço de se impôr aos amigos do fugitivo que ainda pontificam no partido) e o desapoio do parceiro da coligação CDS/PP nos momentos de maior melindre politico, lançaram o PSD (e o governo) para uma situação de extrema vulnerabilidade da qual já não poderá sair normalmente.
Sociologicamente interiorizados na classe politica portuguesa os inconvenientes dumas eleições antecipadas (o que ocorreria em condições de não ameaça de bancarrota como aquela que atravessamos), resta ao governo (com o apoio do presidente) encontrar uma forma de continuar governando sem que o país se desmembre em grupos de pressão cada um puxando para seu lado até ao completo esfrangalhamento do Estado. Não resta outra solução que não seja remodelar profundamente o actual governo (na sua composição, nas pessoas e nos partidos que o apoiam). Nova estrutura orgânica deve ser negociada entre Passos Coelho e Portas, associando o PS na empreitada. Seguro concorda? Muito bem. Continua a não concordar. Avança Sócrates.
Chegou o momento em que as aparencias já não contam e onde os verdadeiros problemas do país têm que ser enfrentados com pragmatismo e com a coragem que tem faltado a esta governo. Sem uma grande coligação onde caibam todos os partidos democráticos que defendem uma maior integração europeia como única forma de fazer sair a UE do marasmo, dando-lhe as condições de poder tornar-se num verdadeiro polo de desenvolvimento a par da China e dos EUA, não será possivel a Portugal continuar a pertencer à linha da frente da UE (isto é, a pertencer à zona euro) e a poder continuar a gozar dos beneficios da civilização como tem acontecido até agora. Haja coragem, pargmatismo e determinação para isso no espírito e na vontade daqueles que nos governam (ou que venham a governar) é o que sinceramente desejo.
ALBINO ZEFERINO 24/3/2013
sábado, 23 de março de 2013
NOVA VIDA OU VIDA NOVA?
Agora que o governo parece querer desistir de governar, ameaçando veladamente ir-se embora caso o famigerado (e excessivamente mediatizado) Tribunal Constitucional resolva, do alto da pomposa importancia que os ignorantes jornalistas lhe dão, dar razão aos detractores da austeridade na decisão que brevemente vai tomar sobre a inconstitucionalidade de algumas das determinações constantes do orçamento do Estado em vigor, parece que iremos ter vida nova. Ou será apenas nova vida? Recordo (apenas pela analogia dos desabafos) quando Cavaco (o grande responsável por este "tiro no próprio pé") - então impante primeiro ministro desta republica das bananas europeia - reclamava para as oposições (que os jornais fizeram largo eco) pedindo alto e bom som: "deixem-me governar". Referia-se o excelentíssimo gajo aos obstáculos que já naquela altura os seus detractores lhe punham à frente quando ele, na sua ânsia reformadora, resolveu modificar o país e os seus paisanos, à sua maneira. Vimos o resultado dessa tarefa. Despedimento dele e do seu governo, eleições com resultados inexpressivos e começo de um período governativo deprimente e depressivo que levou o país ao estado de indigencia em que hoje se encontra.
Será que iremos agora pelo mesmo caminho? Arriscar-me-ia a prever que sim. Habituados a viver à custa de outros, os portugas de hoje não conseguem auto-regular-se face ao fim dos subsidios vindos de fora (não se percebia bem de onde, mas isso tambem não interessava) que os mantinham vivos e contentes e à necessidade de trabalharem no duro para sobreviverem e darem aos seus filhos condições de dignidade e os valores humanos inerentes. Uma vez o governo demissionário, Cavaco não terá outra alternativa do que convocar eleições antecipadas, cujo resultado só terá (na melhor das hipóteses) expressão governativa lá para o fim do ano. Até lá teremos governo de gestão (desculpa para interromper a necessária e urgente reestruturação do Estado), vacatio legis e finalmente governo novo (resultado de negociações à italiana) de coligação incerta (o CDS dá para tudo, embora sem o grau minimo de confiança indispensável para uma governação exigente). Como reagirão os nossos credores a tanta inconsciencia? Decerto muito mal. Veja-se o que se está a passar em Chipre e na Grécia (países intervencionados como nós) e em Itália e em Espanha (em depressão, mas ainda sem intervenção). Não nos admiremos de serem subitamente interrompidas as tranches que ainda faltam do total dos 78 mil milhões que nos prometeram de ajudas e que as exigencias no saneamento do Estado e das suas instituições surjam já sem as delicadezas de uma urbanidade própria de cavalheiros do mesmo clube. A situação do país piorará, as pessoas sofrerão ainda mais e a recuperação será mais dificil e mais lenta. Mas as esquerdas rejubilarão, virão cantar a Grandola para a rua (alguns dos nossos amigos os acompanharão) e Cavaco continuará em Belém com a sua Maria, de consciencia tranquila pelo serviço minimo rotineiro que executou qual policia de giro que acabada a ronda sem sobressaltos regressa ao quartel ignorando o ruido da turba ululante que se faz ouvir no fim da rua.
ALBINO ZEFERINO 23/3/2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
AS VÉSPERAS
Para os católicos vai entrar-se na semana maior do ano. A Semana Santa que celebra a morte violenta de Cristo que deu a Sua vida pelos Homens pecadores. Habitualmente considerado um período de reflexão pelos católicos de todo o mundo, onde a Igreja convida todos a fazerem o seu exame de consciencia anual, a chamada semana da Páscoa serve para muitos apenas como mais um período de descanso onde as rotinas são quebradas e as familias se reunem.
Neste momento de indefinição do nosso futuro colectivo, muitos portugueses se interrogam acerca do caminho que o país está a levar, depois de dois anos de esperanças frustradas e de aumento de sacrificios pessoais, que noutros lugares já teria sido motivo para revoltas violentas. Será que chegamos ao limite da nossa proverbial paciencia colectiva ou estaremos conformados a uma vida de privações e de renuncias sem fim à vista nem compensações redentoras?
Há quem fale em eleições antecipadas como solução para este impasse em que caimos. Mas será assim? Será que uma simples mudança de orientação governativa irá convencer os nossos credores de que estamos redimidos e prontos a cumprir zelosamente com as nossas obrigações? Não creio. Julgo que bem pelo contrário uma interrupção do normal período legislativo iria transmitir aos nossos parceiros o fim da nossa determinação em cumprir com o estabelecido no programa que fixamos com os nossos credores, lançando o país para uma espiral recessiva donde dificilmente sairiamos sem sacrificios ainda mais penosos e de consequencias ainda mais imprevisiveis. Temos, para os mais distraidos, o exemplo grego de que já pouco se fala em Portugal (mas que se tivessemos uma comunicação social séria, competente e honesta não deixaria de ser tema diário de acompanhamento como exemplo a evitar por cá) onde o desespero do povo grego é ignorado sobranceiramente por todos e já se fala até em interesses russos na região (o caso do congelamento das contas bancárias em Chipre é paradigmático).
Um outro caminho seria o do tudo ao molho e fé em Deus. A malta dos direitos adquiridos e das amplas liberdades alcançadas, receosa de perder as benesses que conseguiu à custa do prejuizo causado aos outros, diz não haver outra solução. Para parar a investida alemã na desagregação da Europa do sul aos seus interesses inconfessáveis (acenando, sem o mencionar, com a tentativa nazi de conquista da Europa) a malta da esquerda portuguesa (e tambem espanhola, grega, italiana e francesa) pensa que este pesadelo só poderá ser travado com uma revolução internacionalista contra o invasor teutónico e os seus capangas troiquianos. Tristes líricos! Sem pensarem nas consequencias fatais que tal acto tresloucado acarretaria, só comparáveis à devastação verificada no rescaldo da 2ª guerra mundial, em 1945, esses líricos ou nos querem enganar ou não percebem nada de economia. Porque de economias de guerra se trata quando nos referimos às economias dos países intervencionados. A intervenção ocorreu porque os nossos credores se convenceram de que sozinhos não seriamos capazes de governar o país em condições de pagarmos as nossas dividas. E o que significa para eles governar bem o país? É ver-mo-nos livres dos obstáculos ao desenvolvimento que os dogmas marxistas inculcados nos espíritos simples dos portugueses e na Constituição política elaborada nos alvores do regime democrático representam.
Haverá quem não pense assim, mas eu perguntaria a esses tais líricos se prefeririam que continuassemos a sujeitar-nos às crescentemente elevadas taxas de juro que os mercados financeiros nos iriam cobrando para acedermos ao dinheiro emprestado necessário para pagar os exageros financeiros criados na sequência marxista do 25 de abril de 1974? Essa seria a forma mais rápida de nos correrem da União monetária e consequentemente da União europeia, opção estruturante do nosso desenvolvimento contemporaneo, como está para acontecer com Chipre e com a Grécia se continuam a recusar a ajuda externa que a União europeia e o FMI lhes estão oferecendo, tal como a nós.
O governo portugues tem que mostrar-se menos hesitante e mais firme na tomada de decisões que não prejudiquem uma maior integração portuguesa na federalização inescapável da Europa, por muito que isso agrida as consciencias mais nacionalistas de alguns ferrenhos velhos do Restelo (como o genial Camões os definiu). Nas vésperas de mais uma celebração do martírio de Cristo, temos a obrigação de pensar o melhor caminho que devemos percorrer para não deitarmos tudo a perder. Haja Fé!
ALBINO ZEFERINO 22/3/2013
domingo, 17 de março de 2013
A HORA DA VERDADE
Com a constatação generalizada do insucesso da politica de austeridade prosseguida até agora pelo governo, torna-se necessário mudar de rumo num sentido mais conforme com as críticas à austeridade que se manifestam de todos os lados e que já chegaram até Bruxelas e a Washington. A ausência de medidas tendentes a melhorar a anémica economia portuguesa e a incapacidade governativa em reformar efectivamente a máquina administrativa do Estado vão forçar o governo a remodelar-se finalmente. Não poderá ser uma simples mudança de nomes ou de caras, mas terá que reflectir uma adequação de novas personalidades a uma nova estratégia governativa.
O panorama partidário portugues está esgotado ao fim de quase 40 anos de exercicio e as pessoas já não se revêm nas actuais alternativas partidárias que lhes são oferecidas. Disso são prova as constantes sondagens de opinião com que quase semanalmente os confusos jornalistas portugueses bombardeiam os pobres portugas e que insistentemente apontam para empates eleitorais. Portugal é um país empatado à procura de vitórias para não baixar de divisão. À esquerda temos o PS que pretende representar o Zé Povinho ignorante e labrego, suburbano e aculturado e à direita está o PSD representando a outra grande faixa do eleitorado mais provinciana e mesquinha, mais manhosa e igualmente inculta. É a malta da sueca. Nas extremidades de cada uma destas duas grandes formações estão o Bloco de Esquerda representando os intelectuais da esquerda, a malta da cultura popular e dos subsidios, das alternativas alternantes e da esquerda caviar. Do outro lado está o Partido Popular, ex-CDS, monárquico, exclusivo, beto, mas tambem defensor das causas perdidas e popularucho. Para além destas opções (venha o diabo e escolha!) subsiste (como reminiscência do passado) o PC vernáculo, operário, contestatário e sindicalista. É a malta da outra banda, dos bairros populares, da luta pela luta, do "não passarão" e das dinamizações.
Para quem já não se lembre, o PS representava antigamente o reviralho não comunista, tolerado pela PIDE pois não constituia perigo para o regime, ao contrário do PC (que vivia na clandestinidade) e que esse sim incomodava, com atentados, golpes e propaganda subversiva. Depois veio o PSD (primeiro chamou-se Partido popular democrático) que reunia marcelistas descontentes e desiludidos do regime anterior e finalmente o CDS (por insistencia de Melo Antunes que empurrou Freitas para a cabeça do unico partido da direita legitimado pelo MFA mas que se reclamava do centro...). O Bloco foi uma criação pós-CEE para aglutinar a malta da extrema-esquerda que não se uniu aos grandes partidos (unicos que davam empregos). Assim está antropologicamente dividida a malta que se reclama portuguesa. Será que 40 anos passados esta malta ainda se revê nestas agremiações? Não creio. O povo portugues cresceu, cultivou-se, viajou, aprendeu linguas, comparou e tirou conclusões. Não todos é certo mas grande parte deles. Sobretudo os mais jovens que aproveitaram abundantemente a unica politica cultural comunitária de sucesso que ficou conhecida pelo Erasmus. As divisões ideológicas já não se fazem da forma antropológica atrás referida. Há malta que votava antes à esquerda e que defende politicas consideradas hoje de direita (redução do poder do Estado na educação por exemplo). E vice-versa. Há malta que votava à direita e hoje defende que o liberalismo do Estado não é incompativel com uma politica macissa de investimento publico.
O que irá acontecer ao espectro politico de Portugal? Não sei. Sei que Presidente, partidos e demais actores politicos da nossa praça devem estar atentos a estas alterações antropológicas na sociedade portuguesa. A próxima remodelação ministerial deverá, a meu ver, reflectir este fenómeno sob pena do povo portugues não se sentir representado nas instituições onde votou e nas pessoas em quem votou.
ALBINO ZEFERINO 17/3/2013
sábado, 16 de março de 2013
A VERDADE DOS FACTOS
Terminada a 7ª avaliação da troika com resultados decepcionantes, verifica-se que a máscara está a cair. Não é já mais possivel ocultar os verdadeiros problemas deste pobre país enredado numa enorme camisa de onze varas da qual não consegue ver-se livre sem que reconheça a necessidade de voltar atrás nos exageros cometidos. O velho aforismo de que não é possivel fazerem-se omoletas sem ovos tem aqui completo cabimento, quando se verifica por A+B que não temos condições de continuar a gastar um dinheiro que não temos.
Sem produção nacional que o sustente não vai continuar a ser possivel ao Estado proporcionar ao seu povo os serviços a que este está habituado desde há quase 40 anos para cá. Sustento para todos, saúde para todos, férias para todos, transportes para todos, casa para todos, escola para todos, enfim, tudo para todos, como Marx teorizava e Lenine quis por em prática sem sucesso. Enquanto foi possivel ir pedindo dinheiro emprestado para tudo e mais alguma coisa (corrupções incluidas) sem necessidade de prestar contas aos credores (não foi Sócrates que, de Paris, nos mandou dizer que as dívidas não só são necessárias como são virtuosas?) conseguimos sobreviver desta maneira enganosa. Agora que temos fiscalização periódica sobre o destino do dinheiro que nos emprestam, conclui-se (ao fim de 7 avaliações) que o problema portugues não está só na falta de dinheiro, mas tambem na falta de capacidade para o gastar.
Tenho vindo a dizer (mais ou menos claramente) que, enquanto não assumirmos a necessidade de reestruturar este Estado perdulário e desorganizado em que Portugal se tornou, nada será possivel fazer para sairmos deste enorme buraco em que o euro nos meteu. A questão reside nisto: ou queremos continuar na zona euro com as vantagens que isso nos traz, mas à custa de grandes sacrificios colectivos (vg.abrandamento do Estado social, aumento do desemprego, adaptação de procedimentos mais rigorosos no mercado do trabalho, supressão de regalias sociais injustificadas, etc.), ou preferimos manter-nos nesta ilusão igualitária que o 25 de abril nos trouxe, anestesiados num limbo de utopia festiva colectiva e convencidos de que um país com mais de 800 anos de existência está imune ao seu desaparecimento.
Como se consegue isto dentro de um sistema democrático-parlamentar, na plenitude do gozo dos direitos e garantias individuais consignados na Constituição e em obediência aos amplos direitos individuais e colectivos que a lei portuguesa confere, não sei. Sei que chegamos a um ponto sem retorno e que algo terá que ser feito sob pena de cairmos numa situação de completo desgoverno à grega, onde tudo nos poderá acontecer, até mesmo sermos engolidos por outros, passando a ter que lhes obedecer à força, sem paninhos quentes, cantigas de amigo ou greves contestatárias.
ALBINO ZEFERINO 16/3/2013
quinta-feira, 14 de março de 2013
A PROLETARIZAÇÃO DA CLASSE MÉDIA
Contrastando com o período chamado cavaquista (onde começou a surgir uma classe social até então inexistente como tal em Portugal) a classe média portuguesa começa a proletarizar-se em consequencia da crise. O aumento incontrolado do desemprego (que já não afecta só o proletariado como dantes) aliado à redução do poder de compra resultante dos cortes salariais e da redução dos beneficios sociais, tem vindo a empurrar uma grande parte da população urbana (que antes vivia com algum desafogo proporcionado pelo credito bancário fácil) para situações próximas da miséria, que lhe retiram a sensação de conforto que o acesso fácil aos bens de consumo proporcionava, mais próprias das angustias do proletariado.
Creio ser esta a explicação para as manifestações multitudinárias que ultimamente se têm verificado por tudo quanto é sítio e a pretexto de tudo e de nada, onde se veem senhoritas de baton e saltos altos acompanhadas por homens de charuto e engraxados a par de empedernidos sindicalistas, entoando cantigas e slogans revolucionários e frases ameaçadoras contra o governo e contra os capitalistas de opereta que actuam em Portugal. A chamada classe média que estava em ascensão em Portugal está hoje a desmoronar-se por falta de consciencia social de classe e de sustentação financeira, à qual os governos anteriores não souberam ou não quiseram dar forma definitiva e está a regressar ao passado, engrossando o rol do operariado descontente com o desmembramento sistematizado do chamado estado social, obra maior do 25 de abril, para cujo passo Portugal não teve pernas.
Estamos assim a regredir décadas de progresso para voltar à velha dicotomia marxista da oposição entre ricos e pobres (duas classes que se definiam já não entre bem ou mal nascidos, mas entre possidentes e possidónios), odiando-se entre si e disputando as benesses governamentais sem contemplações classistas nem preocupações humanitárias. Os ingleses chamavam a isto nos principios do século XX, a oposição entre os nobs (vulgarmente tories) e os snobs (vulgarmente whigs). Foi preciso uma primeira ministra snob (mas torie) para quebar este ciclo maldito e lançar a Grã-Bretranha de novo na prosperidade. Agora os bancos estão a dar cabo de tudo e a fazer voltar a Union Jack ao principio.
Em Portugal ocorre o mesmo. Depois de um período de depressão consequencia das indefinições do PREC, veio a explosão social com a entrada de Portugal na CEE. O dinheiro fácil fluia e a classe proletária transformava-se em classe média (média baixa para os oriundos do operariado agicola e fabril e média alta para os provenientes do funcionalismo) deixando os privilégios de classe para a nova classe alta vinda da politica e dos negócios "complicados". Os originários das antigas classes altas (os aristocratas) engrossavam a crescente classe média (alta ou baixa consoante os rendimentos de que dispunham) e só as grandes familias (Mello, Champalimaud, Espirito Santo) se mantinham no topo da escala social compartindo riquezas e negócios com os novos-ricos do regime (Amorim. Belmiro,Jorge Jardim).
Tudo isto a crise está pondo em causa. Como terminará não sei. Nem quando. Só sei é que quanto mais tarde acabar, mais mudanças sociais trará. Se os ricos (e quais deles) deixam de o ser e se os pobres (e quais deles) passam a ser ricos não sei. Só sei é que grandes mudanças se estão produzindo em Portugal, com consequencias dramáticas para muita gente e com sorte para alguns (como sempre ocorre nas mudanças). Esperemos conseguir sair da tempestade sem nos molharmos muito e sem constipações que nos levem à morte. Para isso há que cuidar-se muito. Dizia-se antes para os infectados com o virus da gripe: abafe-se, abife-se e avinhe-se. Quem avisa bom amigo é.
ALBINO ZEFERINO 14/3/2013
terça-feira, 12 de março de 2013
PARA ONDE NOS ESTÁ A LEVAR A TROIKA?
PARA NÃO DIZER QUE A TROIKA NOS ESTÁ A LEVAR PARA O INFERNO (POIS ALGUNS LEITORES MENOS CRENTES DO QUE EU PODERIAM IMAGINAR QUE TODOS NÓS FOSSEMOS RELIGIOSOS) EU DIRIA ANTES QUE A TROIKA NOS ESTÁ PURA E SIMPLESMENTE A LEVAR. MAS A LEVAR PARA ONDE, INTERROGAR-SE-ÃO OS MAIS CÉPTICOS. VAMOS ENTÃO POR PARTES.
AO EXIGIR QUE CUMPRAMOS COM RIGOR OS PARÂMETROS ORÇAMENTAIS E FINANCEIROS QUE O MEMORANDO NOS IMPÔS, A TROIKA ESTÁ-NOS EMPURRANDO AOS POUCOS E POUCOS PARA FORA DO SISTEMA QUE NOS ACOLHEU HÁ QUASE 30 ANOS. UMA VEZ FORA DELE, TORNAR-SE-Á MAIS FÁCIL PARA OS NOSSOS CREDORES ENTRAREM POR AQUI DENTRO E TOMAREM CONTA DE NÓS E DO PAÍS SEM MAIS ENTRAVES QUE NÃO SEJAM OS QUE RESULTAREM DE CANTIGAS DE PROTESTO ENTOADAS POR NOSTÁLGICOS DO MARXISMO ABRILISTA.
MAS, DIRÃO ALGUNS CRÉDULOS, OS TIPOS ATÉ PARECE QUE ESTÃO DISPOSTOS A NOS DAREM MAIS UM ANO PARA CUMPRIRMOS OS OBJECTIVOS QUE NOS IMPUSERAM. PORQUÊ ESTAR A DENEGRIR NESSA MALTA? A RAZÃO É SIMPLES. PORQUE A QUESTÃO NÃO É DE TEMPO. É DE ESTRUTURA. SEM QUE REESTRUTUREMOS OS PRINCIPIOS QUE ENFORMAM O ESTADO QUE RESULTARAM DAS INCONSCIENCIAS DO PREC SEQUENTE AO 25 DE ABRIL, NADA SE PODERÁ FAZER PARA SANEARMOS AS NOSSAS FINANÇAS E RECUPERARMOS A NOSSA ECONOMIA. NÃO É EMPURRANDO COM A BARRIGA OS PROBLEMAS PARA A FRENTE (NISSO TÊM SIDO EXIMIOS OS NOSSOS GOVERNANTES) QUE ELES SE RESOLVEM.
ENTÃO SE ASSIM É, PORQUE RAZÃO NÃO DEITAMOS MÃOS À OBRA E REESTRUTURAMOS OS TAIS PRINCIPIOS? A COISA NÃO É PORÉM TÃO SIMPLES COMO PARECE AOS OLHOS MENOS ATENTOS DA REALIDADE PORTUGUESA. A MENTE EMPEDERNIDA DO NOSSO POVO, FRUTO DE SÉCULOS DE IMPOSIÇÕES E DE MALANDRICES, FICOU RESISTENTE A TODAS AS TENTATIVAS DE ADAPTAÇÃO RACIONAL DA SOCIEDADE ÀS VICISSITUDES DO MUNDO GLOBALIZADO DE HOJE. EU DIRIA MAIS PROSAICAMENTE, UTILIZANDO UM AFORISMO POPULAR MUITO COMUM AOS PORTUGUESES, QUE "GATO MOLHADO DE ÁGUA FRIA TEM MEDO", O QUE QUER DIZER QUE O POVO PORTUGUES É DESCONFIADO POR NATUREZA E JÁ NÃO VAI EM CANTIGAS DE EMBALAR COM MUITA FACILIDADE.
EM CONCLUSÃO, PODEREMOS DIZER QUE NÃO É A TROIKA QUE NOS ESTÁ A LEVAR PARA O INFERNO, MAS A TACANHEZ DE ESPIRITO E A DESCONFIANÇA ANCESTRAL DO POVO PORTUGUES QUE NOS IMPEDE DE SAIRMOS DESTE MOLHO DE BRÓCULOS ONDE FOMOS CAIR NESTE PRINCIPIO DE SÉCULO DE MUDANÇAS RADICAIS E DE GRANDES INCÓGNITAS ACERCA DO NOSSO FUTURO COLECTIVO.
ALBINO ZEFERINO 12/3/2013
sexta-feira, 8 de março de 2013
PORTUGAL E A VENEZUELA
Chavez não foi mais do que um Lenine índio que aproveitou a demagogia fácil e o excesso de auto-estima que possuia para controlar e dirigir um povo miserável e ignorante em direcção a uma utópica revolução guevariana que libertaria a América latina da influência malévola norte-americana, instalada no sub-continente desde Monroe.
A sua própria forma errática de governar, sempre dependente dos conselhos mais políticos do seu camarada Fidel Castro, a troco do petróleo venezuelano que Chavez mandava para Cuba e que sustentou o regime maldito desde a queda dos sovietes russos, demonstra à saciedade o lastimável estado em que o revolucionário coronel deixou aquele que é considerado talvez o país mais belo da Ibero-américa. Sem cultura, sem dinheiro e sem desenvolvimento, a Venezuela é hoje um país à deriva, que vive exclusivamente da exportação do seu petróleo em fase adiantada de esgotamento das suas reservas em hidrocarburetos e sem futuro à vista. O ex-camionista Maduro, sem a demagogia natural e fácil de Chavez, não vai conseguir evitar que a Venezuela caia numa depressão profunda, quiçá até, numa revolução regional que arrastaria o golfo das Bermudas para as trevas profundas do subdesenvolvimento.
Portugal, que desde que Sócrates estabeleceu com a Venezuela chavista uma identidade politico- ideológica muito própria, assente na numerosa comunidade portuguesa instalada naquele país (carinhosamente conhecida pelos padeiros) e consubstanciada na negociata dos famosos computadores Magalhães que fez enriquecer muitos amigos sócretinos, encontra-se hoje curiosamente numa situação semelhante. Sem dinheiro e tambem sem cultura e sem esperança, o povo portugues vive momentos de amargura, entalado entre a recordação das larguezas proporcionadas pelos fundos perdidos comunitários e o esfumar do utópico estado social criado pelos demagogos da politica portuguesa do 25 de abril.
Igualmente ignorante e tambem muito vulnerável às demagogias baratas dos politicos sem escrupulos, o povo portugues está hoje confrontado, tal como o venezuelano, entre a aceitação duma realidade que se revela dura e dificil ou a recusa em reformar o Estado de acordo com os parametros actuais que a sociedade de hoje impõe. O adiamento da partida de Lisboa dos examinadores troikianos não satisfeitos com os resultados desta avaliação (sobretudo no que toca à indefinição dos sectores onde o governo irá buscar os 4 mil milhões necessários à continuidade da ajuda financeira excepcional de que necessitamos) aproxima Portugal da Venezuela, orfã do Pai que a conduzia alegremente para o abismo, tal como o Estado social abrilista portugues irá conduzir Portugal, alegremente cantando a Grândola vila morena, para fora do sistema que nos tem sustentado nos últimos 30 anos.
ALBINO ZEFERINO 8/3/2013
sexta-feira, 1 de março de 2013
OS MALDITOS QUATRO MIL MILHÕES
DE ONDE SURGIU ESTE FAMOSO NUMERO CORRESPONDENTE AO VALOR DAS DESPESAS QUE O ESTADO PORTUGUES TEM QUE REDUZIR? DA TROIKA CLAMA O GOVERNO; NÃO SENHOR, FOI O GOVERNO QUEM INVENTOU ESSE HORRIVEL NUMERO, DIZ SEGURO; QUANTO ÀS ESQUERDAS, NEM QUEREM OUVIR FALAR DO ASSUNTO, SUSPEITANDO ONDE O GOVERNO E A TROIKA QUEREM CHEGAR. ONDE FICAMOS ENTÃO?
CIENTES DE QUE O GOVERNO POUCO OU NADA TEM CONSEGUIDO FAZER PARA REDUZIR AS SUAS PRÓPRIAS DESPESAS POR FALTA DE FORÇA CONTRA AS INVECTIVAS POPULARES REACTIVAS A QUALQUER MUDANÇA QUE PERTURBE O NORMAL FUNCIONAMENTO DA BANDALHEIRA ONDE O ZÉ POVINHO SE HABITUOU A VIVER, A TROIKA MUDOU DE ESTRATÉGIA FIXANDO VALORES CONTABILISTICOS COMO METAS A ATINGIR NO ESFORÇO REFORMADOR DO GOVERNO. SÓ QUE OS PORTUGAS NÃO SÃO PARVOS E JÁ PERCEBERAM DE ONDE ESSA MASSA VIRÁ. AFLITOS QUANTO À CONTINUAÇÃO DAS BENESSES QUE O ESTADO SOCIAL CRIADO À SOMBRA DAS AMPLAS LIBERDADES ADQUIRIDAS LHES PROPORCIONOU, OS PORTUGAS (DA ESQUERDA À DIREITA)SUBLEVAM-SE CONTRA O QUE CHAMAM DE INSENSIBILIDADE SOCIAL DO GOVERNO.
NA TENTATIVA DE SER VER LIVRE DE UMA TAREFA QUE LHE PODERÁ SER FATAL, PASSOS COELHO EMPURROU PARA CIMA DO SEU SÓCIO PORTAS O ENCARGO DE DEFINIR OS SECTORES QUE IRÃO CONTRIBUIR PARA ESSA REDUÇÃO DA DESPESA PUBLICA. PORTAS, MALANDRO, APROVEITARÁ O ENCARGO PARA MASTIGAR O PROBLEMA À PORTUGUESA, ATIRANDO A SUA SOLUÇÃO PARA AS CALENDAS GREGAS (OU SEJA ATÉ AO FIM DA LEGISLATURA) O QUE SIGNIFICARÁ QUE NÃO HAVERÁ CORTES NA DESPESA.
NA REALIDADE, A SITUAÇÃO JÁ SE DETERIOROU DE TAL MANEIRA QUE CORTAR OU NÃO NA DESPESA PUBLICA JÁ É IGUAL AO LITRO. O NÍVEL DO ENDIVIDAMENTO PORTUGUES ATINGIU VALORES INCOMPORTÁVEIS PARA PODER SER NORMALMENTE REGULARIZADO. TAMBEM A REDUÇÃO DAS DESPESAS SOCIAIS - UNICA SOLUÇÃO PALPÁVEL PARA SE ATINGIR O DESEJADO NÍVEL NO DÉFICE PUBLICO - NÃO PARECE ATINGIVEL NATURALMENTE, DADO O CRESCIMENTO INCONTROLÁVEL DOS APOIOS SOCIAIS AUTOMÁTICOS RESULTANTES DOS SUBSIDIOS DE DESEMPREGO E DOS APOIOS DE CARÁCTER SOCIAL ÀS POPULAÇÕES CARENCIADAS, AMBOS EM CRESCENDO.
HAVERÁ POIS QUE ENCONTRAR OUTRAS SOLUÇÕES MAIS IMAGINATIVAS PARA PODERMOS CONTINUAR A RECEBER OS EMPRESTIMOS BONIFICADOS DOS NOSSOS CREDORES, ANTES DE QUE A BANCARROTA SEJA OFICIALMENTE DECLARADA EM PORTUGAL COMO SUCEDEU COM OS GREGOS, DE QUEM JÁ NINGUEM FALA COMO SE TIVESSEM DEIXADO DE EXISTIR.
ALBINO ZEFERINO 1/3/2013
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