terça-feira, 14 de maio de 2013

O FIM DO CAMINHO


          Será que chegamos mesmo ao fim?  Não quero aceitar que assim seja mesmo se a evidência dos factos a isso me impele.  O anunciado encerramento da famosa 7ª avaliação da troika no Conselho Ecofin de ontem, com a aceitação formal de um plano de austeridade cuja implementação é obviamente impossivel de executar, deixa duas possibilidades de interpretação em aberto.  A primeira é formal e a outra é substancial , mas ambas são contra nós.  Formalmente significa que a Europa e o FMI tudo fizeram para nos salvar, mas que fomos nós com os nossos rodriguinhos de povo atrasado que não quisemos redimir-nos, apesar da ajuda excepcional que nos foi dada.  A interpretação substancial é a de que independentemente daquilo que o povinho queira ou não queira, vamos ser salvos pela Europa e pelo FMI, pois isso é indispensável para a própria salvação da Europa.  Atrever-me -ia a pensar que as duas interpretações se completam embora pareçam antagónicas.  Seremos salvos apesar de não querermos, pois a salvação não será aquela que esperamos.
           Portugal não será a Califórnia da Europa, nem sequer a Flórida da Europa.  Será quando muito o Porto Rico da Europa ou a Cuba da Europa.  Mas continuará formalmente a fazer parte da Europa porque convém mais à verdadeira Europa que assim seja.  As periferias são necessárias para servirem de lixeira dos centros.  Lixeira industrial (há que ter sítio para despejar os detritos industriais), lixeira humana (há que ter lugar onde despejar os velhos que nunca mais morrem), lixeira social (há que encontrar espaço onde despejar os inadaptados sociais, que incomodam) e lixeira turistica (há que dar sardinhas e vinho tinto aos que hoje conspurcam a Côte dÁzur e a Riviera italiana).
          Como chegámos a isto?  Apresentava João Duque no último Expresso a seguinte constatação: "Em 2000, a economia portuguesa ocupava o 22º lugar no ranking da competitividade mundial elaborado pelo WEF.  Em 2012, Portugal ocupa o 49º lugar desse mesmo ranking.  Isto é, em 12 anos conseguimos a extraordinária façanha de descer 27 lugares no ranking da competitividade mundial!  Simultaneamente, conseguimos a extraordinária proeza de passar o endividamento publico de 50,7%  do PIB para 123,6%, no mesmo período! "  Pergunta depois João Duque: "Com tanto dinheiro recebido da Europa e com tanta dívida emitida durante esse período, onde está o resultado ou onde está esse dinheiro?"  É na resposta a esta pergunta que devemos procurar as causas da desgraça colectiva na qual estamos hoje mergulhados.

                                        ALBINO ZEFERINO                       14/5/2013

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