sábado, 4 de maio de 2013
O DESESPERO DOS DESESPERADOS
O discurso mole ontem proferido pelo primeiro ministro nas televisões, anunciando finalmente cortes na despesa publica e comunicando aos portugueses a desejada chegada da salvação nacional, caiu como uma bomba nos corações dilacerados dos partidos politicos oposicionistas (e não só), que de imediato lançaram contra o homem vilipendios esganiçados de furia incontida, como se ele fosse um qualquer Duas-caras da série do Batman, desejoso de destruir a cidade para depois se apoderar dos seus escombros.
Claro que toda a gente já sabia o que Passos iria dizer. Só os mais distraidos puderam legitimamente invocar surpresa em relação às duras medidas anunciadas. Toda a gente sabe que há funcionários publicos a mais e que o seu regime laboral e retributivo é mais favorável que o dos restantes trabalhadores do país. A coisa já vem de longe (eu diria que do século passado) e tambem não é novidade para ninguem que siga estas coisas da crise com algum seguimento, que 70% da despesa anual do Estado se esvai em salários, ajudas de custo, reformas e demais beneficios sociais (ADSE, subsidios vários, regimes especiais para algumas carreiras, etc.) que custam ao erário publico o dinheiro que tem e que não tem (por isso o Estado se vem endividando progressivamente, chegando a divida publica hoje a mais de 140% do PNB).
Virando o bico ao prego, os oposicionistas reclamam que a austeridade recai sistematicamente sobre os mesmos, poupando aos malandros dos capitalistas os sacrificios que maldosamente o governo vem impondo desde há dois anos sobre o desgraçado povo portugues, já tão maltratado pelas agruras que a maldita crise lhe vem provocando, esquecendo (ou fingindo esquecer) que não é possivel poupar sem fazer sacrificios. Basta, diz Seguro fazendo boquinhas, do alto da sua pesporrante oposição alternativa, recusando-se a colaborar na única maneira de recuperar o país. Unica, pois se houvesse outra menos penosa, já estaria a ser aplicada. Não seria preciso Seguro clamar por ela.
O pais está dividido ao meio (como sempre esteve), 50% das pessoas estão à esquerda e 50% delas estão à direita. O traço contudo passa pelo meio do PS. É por isso que Seguro está entalado. Se diz que é pela recuperação do país através da única maneira possivel de o fazer, é logo substituido por Costa ou por Assis. Se, pelo contrário, recusa a austeridade (tentando enganar o povo com alternativas inexistentes) a metade dos xuxas não-marxistas vai-se a ele ou vai-se embora. É este o drama do Seguro e do PS. Toda a gente já percebeu (à excepção dos ignorantes ou dos demagogos) que se Seguro estivesse no poleiro faria exactamente o mesmo que Passos (tal como o malandro do Sócrates foi obrigado a fazer). Quem manda em nós é a troika, pois sem ela não há dinheiro para ninguem e sem dinheiro não há pão. Diz o povo que "casa onde não há pão, todos ralham e ninguem tem razão".
Falta agora o pimpolho do puto dizer tambem umas coisas. Deixou para domingo, o dia do Senhor. Com o tempo que o sol nos promete, é possivel que ninguem o oiça. Não será porem coisa de sustancia, pois sem a troika o gajinho já tinha saltado do poleiro. E quando saltar, será para voltar com os seus tres amiguinhos de novo para dentro do táxi.
Tenhamos paciencia, juizo e alguma contenção nas nossas atitudes. O caminho é duro mas seguro. Haveremos de lá chegar. Seguros, sem Seguro, mas seguramente.
ALBINO ZEFERINO 4/5/2013
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