Considerado por todos como um país pobre onde o nível de vida é mais baixo do que nos países vizinhos, Portugal regista altos níveis de preços nos bens de consumo relativamente ao nível de salários praticado, por vezes mesmo superiores aos preços dos mesmos bens transacionados em países de nível mais elevado. Por outro lado, os numerosos estrangulamentos ao comércio existentes em Portugal (como a proliferação desordenada dos subsídios e dos condicionantes, quer à produção, quer ao consumo) que distorcem as regras do mercado livre e desvirtuam as regras da sã concorrencia, acentuam as incongruencias sociais e económicas que caracterizam a nossa sociedade e descredibilizam a nossa existêmcia como país civilizado e merecedor de ombrear com os países mais desenvolvidos do mundo.
Portugal é um país de excepcionalidades. As excepções confirmam as regras, como diz o povo. Mas entre nós as excepções são tantas que são elas que justificam as regras. Sem regras não haveria excepções e sem excepções tambem não era possivel haver regras em Portugal. Todos e cada um de nós se acha merecedor de ser excepcionado no cumprimento das regras exigidas a todos (senão não eram regras mas imposições) por esta ou aquela particularidade que, aos nossos olhos, nos faz distintos dos demais. Por este motivo se torna muito dificil governar para todos em Portugal com isenção, limpeza e imparcialidade. Para agradar a uns estabelece-se determinada regra, mas excepciona-se outros do seu cumprimento para agradar a estes. O resultado é sempre coxo, parcial, injusto e inconsequente. Por este motivo somos considerados incongruentes pelos nossos parceiros e estamos a ser penalizados por isso.
Enquanto não conseguirmos endireitar o nosso país por nós mesmos, mostrando aos nossos credores que somos capazes de estabelecer regras de vida iguais para todos sem excepções nem favores (não desvirtuando o sagrado principio europeu da livre concorrencia) não pensemos em nova vida, sem crises e sem injustiças, que os nossos políticos nos prometem a toda a hora se neles votarmos e neles confiarmos os nossos destinos. Aprendamos com os nossos irmãos do sul que, fartos de injustiças, se revoltaram contra os ferozes tiranos que há dezenas de anos esbulhavam os países deles e os manietavam nas suas expectativas e nos seus sonhos.
ALBINO ZEFERINO 8/3/2011
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