Sócrates (tal gato das sete vidas) saiu-se bem do imbróglio, tendo criado uma crise política que todos desejavam mas a cuja responsabilidade todos fugiam, empurrando para o confuso PSD a culpa da sua eclosão. Independentemente dos resultados destas novas eleições e do governo que delas sair, a inevitabilidade do envolvimento do FMI nas nossas vidas parece inevitável. Os nossos credores o que desejam é que Portugal se endireite de uma vez por todas, seja quem for que por aqui esteja a mandar. Só os nossos políticos é que se preocupam com quem está no poder convencidos que por esse facto mandam no país. Mas cada vez menos isso vem acontecendo. A nossa situação de dependencia externa é tão grande que para alemães, espanhois e outros credores, é indiferente quem detenha formalmente responsabilidades publicas. O que lhes interessa agora é que façamos como eles querem para que os créditos que nos concederam não vão pelo cano abaixo.
Os nossos credores travestidos de homens do FMI vão agora desmontar peça por peça o monstro imobilista em que o PREC abrilista transformou o nosso país há mais de 30 anos. Tudo aquilo que for considerado como um empecilho ao nosso desenvolvimento vai ser pura e simplesmente suprimido, sem paninhos quentes, compensações, negociações, atrasos ou alternativas. Começando pelos maiores cancros estruturais (aos quais os portugas, habituados a 30 anos de direitos adquiridos, estão psicologicamente agarrados) como o direito ao trabalho, à saude, ao ensino e à segurança social (colocados constitucionalmente ao mesmo nível do direito à vida, dos direitos humanos e do direito à propriedade privada) os nossos credores irão certamente cortar a direito. Não é por acaso que a lista das greves anunciadas para os próximos meses começou pelos sectores mais poderosos afectos à Intersindical (transportes, saude, educação e empresas de serviços publicos). Veremos como e de que forma acaba esta luta surda.
Albino Zeferino 17 mar 2011
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