segunda-feira, 14 de março de 2011

SÓCRATES À RASCA

  Depois da enorme rabecada que o presidente lhe deu no parlamento no dia da sua nova posse, Sócrates não se lembrou de mais nada para se vingar do que levar novo plano de austeridade para Bruxelas sem nada lhe dizer nem aos interessados, como se o presidente e o povão não tivessem nada que ver com a governação do país, feudo de caça exclusivo dele (assim julga Sócrates) e dos sócretinos que o rodeiam.  Não se deveria ter pois admirado com as manifestações de ontem que, a pretexto do desespero juvenil, não foram mais do que um genuino acto de rebeldia pacífico de toda a população contra o desnorte em que se tornou a governação socialista, incapaz de reconhecer a sua incompetencia na reacção à crise. Creio que a partir de agora os dias de Sócrates como primeiro-ministro estão contados, ficando apenas a aguardar-se a oportunidade de novas eleições.
          Contudo, uma vitória eleitoral folgada da direita não se afigura óbvia enquanto não se dissiparem as memórias dos desmandos da governação santanista na sequência da fuga de Barroso para a Europa (parece hoje claro a toda a gente que a dissolução do parlamento da iniciativa de Sampaio deveria ter ocorrido logo após a demissão de Barroso, poupando o país aos desmandos santanistas que ainda hoje obnubilam os espíritos dos portugas). E sem maioria parlamentar nenhum governo terá hoje em dia condições para impôr aos cidadãos uma reforma do Estado indispensável para proceder ao saneamento das contas publicas, cujo desnorte está diariamente minando a nossa independencia e consequente possibilidade de decidirmos colectivamente o nosso futuro.
          O que os nossos credores estão pedindo (eu diria exigindo) ao governo portugues (seja ele qual fôr) é que se acabem as distorções economico-sociais herdadas do gonçalvismo que ainda não houve coragem de desmantelar. Para um qualquer alemão (ou europeu rico) é inaceitável estar a dar o seu dinheiro (que muito lhe custou a ganhar) para que alguns quantos malandros portugueses recebam benesses injustificadas e injustificáveis (protecção social generalizada, saude tendencialmente gratuita, ensino de borla sem critérios de avaliação e privilégios de toda a ordem, desde subsidios e abonos para tudo e mais alguma coisa a isenções fiscais ou outras para amigos e confrades).
          Receio que com o prolongamento desta agonia sem que haja coragem para estancar esta sangria desatada que os políticos não têm querido promover, outros venham, sem a legitimidade que as decisões democráticas conferem às medidas mais dificeis de aceitar, impôr-nos soluções drásticas que firam a nossa soberania e o nosso orgulho nacional.
 
                                                          ALBINO ZEFERINO          13/3/2011

Sem comentários:

Enviar um comentário