quinta-feira, 10 de março de 2011

O DISCURSO DO REI

Para a maioria dos observadores o discurso de posse do novo Presidente da República agradou. Foi incisivo, crítico, quase feroz, orientado e orientador (mais parecia um programa de governo), tecnicamente irrepreensivel e extraordinariamente acutilante. Porém, na preocupação de ser abrangente, Cavaco misturou a necessidade óbvia de encontrar o ponto de equilibrio financeiro com a inevitabilidade de proteger os mais desfavorecidos. Sabemos e ele melhor do que ninguem, da impossibilidade de comptabilizar esses dois objectivos essenciais para o reequilibrio do país nas condições de pré-falencia em que nos encontramos. Há que fazer escolhas políticas rapidamente e sem tergiverações. O governo tem demonstrado através de Sócrates uma determinação inabalável na procura de soluções para a saída da crise que se agrava de dia para dia. Contudo a indefenição de um projecto reformador não tem facilitado a vida a um governo exangue, confuso, descontrolado e desanimado. Não bastam palavras acertadas para fazer sair Portugal da maior crise de sempre. Há que definir objectivos claros (que pressupõem opções políticas claras) executar um plano coerente e ter vontade, força e meios para o fazer. Duvido que o PS ou o PSD possam por si sós demonstrar a coragem necessária para pôr esse plano em prática. A questão transformou-se num problema de regime. Não sei se Cavaco com o seu bem elaborado discurso conseguiu transmitir isso aos portugueses. E se porventura terá coragem em assumir que a questão é mesmo uma questão de regime. Por essa razão penso que o discurso do rei não merece um óscar.
 
                                                   ALBINO ZEFERINO      10/3/2011

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