terça-feira, 13 de setembro de 2011

A GLOBALIZAÇÃO DAS ECONOMIAS

Fala-se muito hoje da globalização, umas vezes para
enaltecer as suas consequencias positivas para o progresso da
Humanidade e outras para justificar os diversos falhanços das
politicas economicas e financeiras levadas a cabo por governos
incompetentes e corruptos. Mas afinal o que é a globalização e quais
são as suas consequencias para o Homem?
Ao promover uma economia global, ou seja, alargando o
espaço de aplicação dos mesmos principios economicos a áreas
geográficas maiores do que os Estados soberanos que compõem esse mesmo
espaço, o homem está por um lado dinamizando a economia em geral e por
outro promovendo o desenvolvimento economico dos Estados integrantes
desse espaço maior. E quais são as consequencias para o
desenvolvimento social dessa globalização?
Uma primeira consequencia parece-me óbvia: um grupo de
pessoas trabalhando em comum e organizado segundo as mesmas regras
produz mais e melhor do que as mesmas pessoas trabalhando cada uma
para seu lado com ritmos e exigencias próprias. Ora produzindo mais e
melhor em conjunto do que separadamente, o homem e os Estados
progridem mais depressa com a globalização do que sem ela. Mas se é
assim, porque razão há pessoas e Estados que não se desenvolvem tanto
como outros? A resposta é simples: porque nem todos pensam da mesma
maneira, tornando mais dificil e por vezes impossivel um trabalho e
uma convivencia harmoniosa que conduza a um progresso economico
sustentado.
Pois é precisamente isto que hoje se passa na Europa e no
Mundo. Não existindo as mesmas regras e os mesmos ritmos de trabalho
em todos os países ( e por vezes em todas as regiões do mesmo país) o
fenómeno da globalização tem dificuldade em se impor. Na União
europeia por exemplo, enquanto não forem harmonizadas (ou seja,
aplicadas genericamente) as mesmas regras economicas e financeiras a
todos os Estados membros (começando naturalmente pelos países da moeda
comum) não será possivel um desenvolvimento economico e social
sustentado em todos os países que compõem a União. Esta reflexão
leva-nos a outra. Como será possivel fazer perceber a toda a gente o
que é melhor para ela em determinada ocasião e em determinado contexto
historico? Creio que aqui é onde a imperfeição humana mais se
manifesta. Já Churchil em plena guerra mundial dizia que a democracia
sem ser um sistema perfeito é o que mais se aproxima dessa perfeição.
Enquanto o ser europeu (com as suas limitações humanas,
as suas vaidades e os seus vícios) não se convencer de que é na união
da Europa que reside a solução para a saída desta crise longa e
profunda em que mergulhamos (uns mais do que outros) não vamos a lado
nenhum. Para Portugal não há alternativa. Foi ao ter descoberto esta
verdade antes de toda a gente que Mário Soares conseguiu a sua carta
de alforria que o guindou para dentro da História de Portugal. Devemos
mostrar aos nossos parceiros na U.E. que somos merecedores de fazer
parte de uma Europa unida e solidária, trabalhadora, culta e
progressiva, defensora dos principios que lhe permitam participar no
mundo globalizado de hoje, sem complexos nem hesitações que entravem a
vontade de progredir num mesmo sentido de progresso economico e
social.
Para isso os portugueses terão que se entender no
essencial e deixar-se de originalidades bacocas que só confundem o
estrangeiro na sua avaliação das nossas capacidades em conseguir sair
deste fosso que se vai alargando e aprofundando diariamente. As
reservas manifestadas quanto ao cumprimento rigoroso do plano da
troika, como a constitucionalização do défice ou a reorganização
territorial do país, por exemplo, tal como as ameaças mais ou menos
veladas a um aumento da conflitualidade social, não ajudam ao esforço
nacional que deve ser de todos sem excepção, venham elas dos
sindicatos, dos partidos ou das organizações de interesses
corporativos ou morais. O que esta crise veio demonstrar é que sem uma
globalização da sociedade europeia não haverá progresso social para os
europeus e que se uns devem ceder numas coisas (os alemães nos seus
lucros) outros deverão fazê-lo noutras (os gregos e os portugueses nos
beneficios sociais espurios de que injustificadamente gozam).

ALBINO ZEFERINO 13/9/2011

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