segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O BAILINHO DA MADEIRA

O Dr. João Alberto Jardim exagerou. Estar há mais de 30
anos à testa do governo regional da Madeira leva a estas coisas.
Independentemente da razão que lhe possa assistir nesta luta sem
quartel que se avizinha, o certo é que houve exagero. Não se procede
assim contra uma decisão do governo central mesmo quando o respeito
que lhe é devido se esfumou por culpa das diatribes que Sócrates lhe
fez. Os tiques ditatoriais que a população da Madeira tem permitido a
Jardim acabaram por se virar contra ele. Não fora a atitude traidora
de Portas ameaçando Passos Coelho de abandonar a coligação se este
perdoar a dívida a Jardim, a questão madeirense ter-se-ia resolvido
como Jardim previra. Entre amigos. O azar dele são as eleições
regionais que se aproximam e todos (PS e CDS) querem as sobras de
Jardim.
A atitude do CDS de Portas veio evidenciar a fragilidade
da coligação governamental. Mas mostrou mais. Trouxe a publico aquilo
que muitos já tinham confidenciado ao primeiro ministro, ou seja, que
Portas não merecia confiança. Trocar uma solidariedade vital para o
governo central nos tempos que correm por meia duzia de votos (ainda
por cima na Madeira) que, quando muito permitirão ao CDS coligar-se
com o PS num futuro governo regional, definem o carácter do líder
centrista e aquilo que Passos pode esperar dele. Mais valia ter
convidado o amigo Seguro para o baile, o que permitiria uma maioria
mais alargada, passivel de proporcionar uma revisão constitucional
indispensável para a regeneração do país e para fazer sair Portugal
deste fosso cheio de portas e de janelas que dão para o jardim.

ALBINO ZEFERINO
19/9/2011

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