quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PORTUGAL À DERIVA

Depois de tantas expectativas parece que o arranque reformador deste nóvel governo começou gripado. Com tantas medidas avulsas acaba por não se entender qual é a ideia subjacente. Acabar com os privilégios dos trabalhadores? Destruir definitivamente o tecido económico nacional? Dar cabo do Estado social inventado pelos socialistas para perdurarem no poder? Arrumar de vez com a classe média criada sem critério sociológico após o 25 de abril? Matar os riquinhos (porque verdadeiramente ricos não há em Portugal) tirando-lhes o dinheiro?
             Num país essencialmente pobre e débil como é o nosso (sempre foi pouco produtivo, dependente de outros e amorfo) há que ter ideias muito claras sobre o que e como fazer quando um governo se propõe reformar o sistema existente. Não basta detectar as suas fraquezas (o que é sempre mais fácil) mas ter ideias, capacidade e saber para as fazer vingar. 
             O que estes dois meses de governação já deixaram claro (e infelizmente foi só isso) é que a pretexto do cumprimento do plano da troika o governo tem legislado sem critério politico subjacente e (perdoe-me Passos Coelho) sem coordenação. A inclusão no governo (ainda por cima sendo de coligação) de uma maioria de ministros independentes (ou seja, sem ideologia definida, ou melhor dizendo, fazendo o que lhes vem à cabeça) leva a isto mesmo: uma enorme descoordenação. Não se pode ter ao mesmo tempo, diz o povo, sol na eira e chuva no nabal. Ou o governo quer mesmo reformar o país (porque entende que é a única forma de sairmos deste buraco) ou apenas quer fingir que muda alguma coisa para que tudo fique na mesma.
             Se o governo ainda pensa como anunciou antes de ser eleito, então meus amigos há que trabalhar mais rapidamente e melhor. Para isso há sobretudo que trabalhar sobre uma base politica clara, pré-definida e univoca. Para assegurar essa base é que serve o Conselho de ministros, balizando as propostas de lei de cada ministro dentro das orientações politicas que foram escolhidas pelo povo nas ultimas eleições legislativas.
             Fazer um levantamento das situações iniquas no país (que infelizmente abundam); planear e fasear o respectivo saneamento; retirar ao Estado a detenção de meios de produção (ou seja as empresas lucrativas); reforçar o poder de intervenção do Estado nas acções de soberania (tribunais, policias, defesa, representação do Estado) e sobretudo educar as pessoas a viverem em sociedade, sem atropelos, cumprindo as regras e justificando o dinheiro que ganham, o ar que respiram e o espaço que ocupam nesta terra que é de todos, deve ser a prioridade do governo. Tudo o resto é deixar que o mercado e a concorrencia orientem.
 
                                            ALBINO ZEFERINO    8/9/2011

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