terça-feira, 15 de novembro de 2011

A CRISE E O FUTURO DA EUROPA

Tentando olhar para além da crise, constata-se que a 
oportunidade que ela está a proporcionar a esta Europa comunitária de 
se integrar mais profundamente parece estar a tomar forma. Talvez não 
da maneira harmónica que os actuais tratados consagram, mas de 
qualquer modo obrigando a que os países membros se aglutinem numa nova 
entidade cujos contornos ainda estão difusos. A meu ver, a velha 
teoria dos circulos concentricos está a formar-se, com um país central 
rodeado de outros que dele dependem e que por sua vez são centrais 
relativamente a outros com os quais formam circulos mais pequenos que 
funcionam dentro do grande circulo. Todos eles obedecerão às mesmas 
regras, diferenciando-se apenas pela sua importancia relativa, que 
sujeita os mais fracos aos interesses dos mais fortes. A regra da 
subsidiaridade será a base desta construção, ou seja, as grandes 
decisões (aplicáveis a todos, como por exemplo as regras orçamentais e 
os grandes principios) serão tomadas pelos mais fortes, deixando as 
decisões menos importantes (sobretudo aquelas que tenham impacto 
meramente regional) para os mais fracos. Os muito fracos apenas 
decidirão sobre assuntos do seu exclusivo interesse e sempre de modo a 
que não se oponham às regras gerais. 
A firme determinação do governo alemão de não deixar cair 
os chamados países intervencionados em prol da defesa do euro é a 
prova cabal de que a Alemanha se prepara para tomar firme as rédeas na 
condução da Europa comunitária, sem tergiversações nem hesitações, que 
a complexa ortodoxia dos tratados vigentes impõe. Para tal será 
necessária uma revisão dos tratados, que terá que obedecer às regras 
constitucionais e que por isso se revela de dificil execução. Contudo, 
não se pense que as soberanias nacionais possam, como aconteceu até 
agora, impedir por vontade popular o desenvolvimento desta acção. A 
Alemanha encontrará forma de ultrapassar este obstáculo através de 
pressões financeiras sobre os países recalcitrantes, como se viu com 
as pressões que levaram às recentes substituições dos governos na 
Grécia e na Itália, países liderados agora por tecnocratas obedientes 
a Bruxelas. Em Portugal acontecerá o mesmo logo que o actual governo 
dê mostras de desfalecimento na determinação em reformar o Estado. 
Não se pense pois que será através da invocação de regras 
constitucionais ou por meio de greves ou levantamentos corporativos 
que se vai impedir a prossecução deste desiderato, que irá transformar 
a Europa que hoje conhecemos num bloco coeso de países semi-soberanos 
capaz de ombrear com os grandes blocos económicos que são os Estados 
Unidos e a China com os seus respectivos satélites. 

ALBINO 
ZEFERINO 14/11/2011 

1 comentário:

  1. O objectivo final da criação da Comunidade Europeia é a criação de uma Federação! Esta nos primeiros documentos de 1945-1950. Os pais fundadores viam o Federalismo à luz de estados federais multiculturais como a Suiça a chave para o problema eterno de Guerras na Europa. Como a união não seria possível por via cultural nem tão pouco nacional devido a diversidade optou-se pela via económica que obviamente necessita e iria pressionar a união política. Só que as lideranças mudaram...e os povos esqueceram o que o nacionalismo criou nos últimos séculos e as decisões arrastam-se...Espero que voltem atrás e releiam os documentos iniciais são a chave para a a salvação da Europa:)

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