quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A GREVE GERAL

Anunciada como uma reacção macissa e generalizada às 
politicas recessivas do governo impostas pela troika, a greve 
decretada pelos sindicatos veio mostrar à evidencia a ausencia de 
adesão por parte da generalidade dos sectores produtivos nacionais. 
Apenas os habituais apoios dos sectores intermediários, nomeadamente o 
dos transportes, da estiva e da recolha de lixos, ainda controlados 
maioritariamente pelo partido comunista tiveram alguma expressão, o 
que mais uma vez demonstrou o desfazamento em que aquela organização e 
as suas satélites sindicais se encontram relativamente aos verdadeiros 
problemas nacionais. O problema do desenvolvimento nacional não se 
situa na dicotomia entre os ricos e os pobres (já não há ricos nem 
pobres em Portugal) mas entre os que produzem e os párias. 
Habituados há muitos séculos a uma omnipresença 
tutelar do Estado, os portugueses só muito lentamente se estão 
libertando dessa tutela, como o bébé faz quando a mãe o larga para ele 
dar os primeiros passos. Receosos do risco inerente à iniciativa 
individual, alguns portugueses ainda preferem o conforto perguiçoso da 
dependencia do Estado, seja no campo profissional, seja no do 
investimento, oferecendo uma resistencia passiva às mudanças 
estruturais exigidas pela profunda crise que assola a Europa e o mundo 
civilizado. E esse receio é aproveitado por aqueles que, instalados 
nos seus empregos já inuteis, impedem os mais jovens de aceder ao 
mercado de trabalho que eles se negam a abandonar. O incremento das 
novas tecnologias e as exigencias cada vez mais tecnicas que as novas 
profissões impõem assustam os velhos de antigamente que teimosamente e 
com boçalidade indisfarçada organizam as greves de protesto a uma 
situação criada mais por eles do que por aqueles contra quem 
protestam. 
Que soluções propõem os sindicalistas? Uma anarquia à 
grega? Um salve-se quem puder? Um levantamento bolchevique? Uma 
declaração de guerra aos mercados? Vá lá saber-se. Se calhar eles 
próprios tambem não sabem. O que sabem é que não querem sair dos seus 
poleiros bem pagos e bem instalados. Enquanto a festa do Ávante der 
lucro e a Constituição permitir estas liberalidades cada vez mais 
custosas, eles não desarmarão como sempre o têm feito desde que 
permitimos que saissem da clandestinidade. Sem se aperceberem que os 
reaccionários são eles próprios, continuarão a apregoar aos berros, 
como a Pasionária : NO PASARÁN! 

ALBINO ZEFERINO 24/11/2011 

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