segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A TRAGÉDIA GREGA

Decididamente os nossos amigos gregos não páram de nos 
surpreender. Afinal o anuncio de que haveria referendo na Grécia sobre 
a saida grega do euro e subsequentemente da Europa Unida (será assim 
tanto?) pelo premier helénico socialista era truque. O que o gajo 
queria era pôr a direita em sentido. Uma espécie de marosca à 
Sócrates. Mas que deu cabo da cabeça à Merkel e aos amigos dela do G20 
deu. E teve outro mérito ainda. Mostrar ao resto da malta que isto dos 
défices excessivos não é só mania alemã. Os 2% que a Grécia vale na UE 
(mais o 1% portugues) eram capazes de fazer alguma moça no delicado 
equilibrio que a aventura do euro representa. A inédita saída de um 
país da zona euro (sobretudo em consequencia de um referendo popular) 
poderia ser fatal para as ambições comunitárias de integrar todo um 
continente (ainda por cima velho e cheio de vícios) numa mesma zona 
economico-financeira e politico-social, sob a batuta alemã. 
Regressámos pois à vaca fria, mas de olho mais aberto graças aos xuxas 
gregos. O susto foi tal que nem Berlusconi se safou. A Itália vai 
ficar sob vigilância até que os italianos decidam correr com o homem. 
Quanto à questão propriamente dita dos défices excessivos, nada de 
novo na frente Oeste (como dizia Erich Maria Remarque no seu 
oscarizado romance). Os fogos vão sendo apagados de cada vez que 
reacendam, sem que se faça uma limpeza geral nas matas. E ainda por 
cima à custa dos desgraçados que ficaram queimados. A vida é assim e 
não como alguns queriam que fosse. Já o fugitivo Guterres dizia o 
mesmo. 
Os mais optimistas têm esperança porém que este incidente 
possa forçar à adopção de novas e mais veementes tácticas para tentar 
estancar esta fuga para o precipicio em que a questão dos defices 
excessivos se tornou. Libertar a acção do BCE para que este possa ir 
injectando dinheiro nos países faltosos à medida que seja necessário 
(como antes fazia o BdP relativamente às empresas em dificuldades); 
forçar os investidores privados a aceitar as perdas derivadas da crise 
e não apenas os contribuintes e finalmente avançar para um estádio de 
integração europeia mais aprofundado. 2012 poderá ser o ano do tudo ou 
nada. Ou se avança para uma verdadeira união ou deixamos que o castelo 
de cartas em que a UE se transformou se desmorone. Do berço da 
democracia pode vir a ultima lição europeia. 

ALBINO 
ZEFERINO 6/11/2011 

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