Decididamente os nossos amigos gregos não páram de nos
surpreender. Afinal o anuncio de que haveria referendo na Grécia sobre
a saida grega do euro e subsequentemente da Europa Unida (será assim
tanto?) pelo premier helénico socialista era truque. O que o gajo
queria era pôr a direita em sentido. Uma espécie de marosca à
Sócrates. Mas que deu cabo da cabeça à Merkel e aos amigos dela do G20
deu. E teve outro mérito ainda. Mostrar ao resto da malta que isto dos
défices excessivos não é só mania alemã. Os 2% que a Grécia vale na UE
(mais o 1% portugues) eram capazes de fazer alguma moça no delicado
equilibrio que a aventura do euro representa. A inédita saída de um
país da zona euro (sobretudo em consequencia de um referendo popular)
poderia ser fatal para as ambições comunitárias de integrar todo um
continente (ainda por cima velho e cheio de vícios) numa mesma zona
economico-financeira e politico-social, sob a batuta alemã.
Regressámos pois à vaca fria, mas de olho mais aberto graças aos xuxas
gregos. O susto foi tal que nem Berlusconi se safou. A Itália vai
ficar sob vigilância até que os italianos decidam correr com o homem.
Quanto à questão propriamente dita dos défices excessivos, nada de
novo na frente Oeste (como dizia Erich Maria Remarque no seu
oscarizado romance). Os fogos vão sendo apagados de cada vez que
reacendam, sem que se faça uma limpeza geral nas matas. E ainda por
cima à custa dos desgraçados que ficaram queimados. A vida é assim e
não como alguns queriam que fosse. Já o fugitivo Guterres dizia o
mesmo.
Os mais optimistas têm esperança porém que este incidente
possa forçar à adopção de novas e mais veementes tácticas para tentar
estancar esta fuga para o precipicio em que a questão dos defices
excessivos se tornou. Libertar a acção do BCE para que este possa ir
injectando dinheiro nos países faltosos à medida que seja necessário
(como antes fazia o BdP relativamente às empresas em dificuldades);
forçar os investidores privados a aceitar as perdas derivadas da crise
e não apenas os contribuintes e finalmente avançar para um estádio de
integração europeia mais aprofundado. 2012 poderá ser o ano do tudo ou
nada. Ou se avança para uma verdadeira união ou deixamos que o castelo
de cartas em que a UE se transformou se desmorone. Do berço da
democracia pode vir a ultima lição europeia.
ALBINO
ZEFERINO 6/11/2011
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