Não será preciso ser muito entendido em Economia
para perceber as razões pelas quais Portugal não consegue sair da
crise. Partindo do principio de que todos nós (pobres, ricos, velhos,
novos, homens, mulheres, empregados, desempregados, cultos,
analfabetos, crentes, ateus, de esquerda, de direita, estupidos ou
inteligentes) estamos gastando para sobreviver mais do que produzimos
(o que fizesre tu ontem para poupar dinheiro?) parecem-me óbvias tres
grandes razões pelas quais Portugal não consegue sair desta crise: 1ª
- O ESTADO GASTA MAIS DINHEIRO COM OS CIDADÃOS DO QUE O DINHEIRO QUE
OS CIDADÃOS DÃO AO ESTADO. Por isso diz-se que o Estado está falido e
precisa de pedir dinheiro emprestado; 2ª - O ESTADO FAZ COISAS QUE
SERIAM FEITAS MELHOR E MAIS BARATO PELOS CIDADÃOS. Por exemplo,
detendo e controlando sectores produtivos e interferindo na produção
nacional; 3ª - O ESTADO EMPREGA MAIS GENTE DO QUE A ESTRITAMENTE
NECESSÁRIA PARA ASSEGURAR AS FUNÇÕES DE SOBERANIA QUE VERDADEIRAMENTE
JUSTIFICAM A SUA EXISTENCIA, a fim de artificialmente baixar o
desemprego.
Quando na sequencia do 25 de Abril de 1974 o
Estado escancarou as suas portas e movido por uma onda libertária deu
guarida a todas as fantasias revolucionárias de um povo cansado de uma
guerra sem fim, iniciou-se o processo que fatalmente iria desembocar
na situação em que hoje estamos vivendo. A festa não durou uma noite,
nem uma semana, nem um mes, nem um ano, nem sequer uma década, mas sim
37 anos de inconsciencia colectiva. A Constituição esquerdizante saída
da Revolução dos cravos em 1976, garantindo que Portugal se iria
encaminhar para o socialismo, não foi mais do que um compromisso
politico entre as várias forças que então disputavam o poder, muito
influemciada pela esquerda revolucionária e aceite pela direita
envergonhada. Apesar das várias revisões entretanto sofridas, a
Constituição politica portuguesa não é mais do que uma manta de
retalhos onde os portugueses de hoje não se revêem e que urge
substituir para dar corpo a uma verdadeira reforma do Estado que este
governo está disposto a empreender, mas que as forças de esquerda
acoitadas por detrás deste aborto constitucional querem impedir.
Para que o Estado passe a gastar menos dinheiro
com as pessoas, será preciso que as pessoas passem a cuidar mais de si
próprias e a contar menos com o Estado para o seu sustento. Terão que
trabalhar mais, estudar mais, ser mais educadas e instruidas, aprender
a fazer mais coisas e fazê-las mais bem feitas, para que possam ganhar
mais dinheiro para melhor se governarem a si próprias, sem pedinchices
nem lamechas. O Estado gasta demais em subsidios ( de refeição, de
férias, de nascimento, de funeral, de transportes, de ajudas de custo,
de desemprego, social de inserção, de saúde, de apoios sociais de toda
a ordem, etc.etc.).
Por outro lado, a intervenção do Estado na
economia nacional, detendo posições sociais em empresas privadas ou
gerindo mesmo empresas publicas inseridas no mercado, não faz sentido
nos dias de hoje, mais de 20 anos depois da queda do muro de Berlim.
Há que libertar o Estado destas tarefas que não lhe cabem por natureza
e que não são mais do que resquícios do 25 de Abril, prejudicando o
desenvolvimento harmonioso do país e impedindo que saiamos desta
crise.
Tudo isto faz com que o Estado tenha mais
empregados do que as empresas privadas todas juntas, obrigando os
poderes publicos a gastos com ordenados, benesses e a outras despesas
derivadas do pessoal que sustenta, em prejuizo do sustento organizado
e racional das funções de soberania que naturalmente lhe cabem e que,
como todos sabem, são a justiça, a segurança nacional e internacional
e a representação do Estado.
Torna-se assim, a meu ver, indispensável que se
acorde numa Constituição politica moderna, curta, simples, mas
directa, sem subterfugios nem alçapões, que possa servir de base a uma
verdadeira reforma do Estado que permita que Portugal recomece ("fresh
start" como dizem os ingleses) um percurso de recuperação nacional
digno da nossa história de quase 900 anos. Não é confundindo as
pessoas com convocatórias de greves que não conduzem a lado nenhum e
que só destroem a imagem de povo ordeiro e consciente das suas
dificuldades que ainda temos. Olhem para os gregos que em poucas
semanas destruiram séculos de grandeza e de respeito de todo o mundo.
ALBINO ZEFERINO
20/11/2011
Meu caro Albino Zeferino,
ResponderEliminarNão vou dar tiros ao lado - isto em relação ao tema abordado no seu escrito - , mas chamar a atenção para pontos centrais desta crise e do debate em curso.
Qual é a lógica do sistema? Se eu quero comprar um carro, ou tenho dinheiro para o pagar a pronto ou não tenho. Se tenho e compro, o problema é meu e ninguém tem nada com isso. Se não tenho, peço emprestado ao banco que me concede crédito para o efeito, com juros que mais tarde terei de pagar. Se não me dão crédito, fico a ver navios e o carro não sai do "stand". Se o banco me dá crédito e eu não posso pagar, o problema principal é dele, banco, e não meu. Recordo que eu não posso pagar. Ponto final. O banco que fique com o carro. Eu não gasto demais. Se tenho do meu, gasto, se o banco me empresta, gasto. Se o banco me empresta, é porque reúno condições para pagar e confia em que não estou a gastar em excesso. Se não tenho condições para pagar, o problema é, repito, do banco. Ele é que fica à rasca. Eu, pura e simplesmente, não pago e ficarei sem o carro. Por outro lado, o Estado vive muito acima das suas possibilidades e gastou o dinheiro de todos nós onde não devia. Mas quem é o Estado? Somos todos nós. O problema é que nós não gerimos, porquanto pusemos lá uns senhores para gerirem em nosso nome (o Governo), convictos de que eles é que sabem ou devem saber o que estão a fazer. Mais. o Governo deve regularizar a banca, se não o faz, foge às suas obrigações mais elementares. A lógica é de uma simplicidade extrema: nesta crise só há dois culpados: a banca e o Estado (Governo). Não vale a pena pôr mais problemas no "complicador". Com efeito, "the rest is silence!