domingo, 20 de novembro de 2011

PORQUE RAZÃO NÃO CONSEGUIMOS SAIR DA CRISE?

Não será preciso ser muito entendido em Economia 
para perceber as razões pelas quais Portugal não consegue sair da 
crise. Partindo do principio de que todos nós (pobres, ricos, velhos, 
novos, homens, mulheres, empregados, desempregados, cultos, 
analfabetos, crentes, ateus, de esquerda, de direita, estupidos ou 
inteligentes) estamos gastando para sobreviver mais do que produzimos 
(o que fizesre tu ontem para poupar dinheiro?) parecem-me óbvias tres 
grandes razões pelas quais Portugal não consegue sair desta crise: 1ª 
- O ESTADO GASTA MAIS DINHEIRO COM OS CIDADÃOS DO QUE O DINHEIRO QUE 
OS CIDADÃOS DÃO AO ESTADO. Por isso diz-se que o Estado está falido e 
precisa de pedir dinheiro emprestado; 2ª - O ESTADO FAZ COISAS QUE 
SERIAM FEITAS MELHOR E MAIS BARATO PELOS CIDADÃOS. Por exemplo, 
detendo e controlando sectores produtivos e interferindo na produção 
nacional; 3ª - O ESTADO EMPREGA MAIS GENTE DO QUE A ESTRITAMENTE 
NECESSÁRIA PARA ASSEGURAR AS FUNÇÕES DE SOBERANIA QUE VERDADEIRAMENTE 
JUSTIFICAM A SUA EXISTENCIA, a fim de artificialmente baixar o 
desemprego. 
Quando na sequencia do 25 de Abril de 1974 o 
Estado escancarou as suas portas e movido por uma onda libertária deu 
guarida a todas as fantasias revolucionárias de um povo cansado de uma 
guerra sem fim, iniciou-se o processo que fatalmente iria desembocar 
na situação em que hoje estamos vivendo. A festa não durou uma noite, 
nem uma semana, nem um mes, nem um ano, nem sequer uma década, mas sim 
37 anos de inconsciencia colectiva. A Constituição esquerdizante saída 
da Revolução dos cravos em 1976, garantindo que Portugal se iria 
encaminhar para o socialismo, não foi mais do que um compromisso 
politico entre as várias forças que então disputavam o poder, muito 
influemciada pela esquerda revolucionária e aceite pela direita 
envergonhada. Apesar das várias revisões entretanto sofridas, a 
Constituição politica portuguesa não é mais do que uma manta de 
retalhos onde os portugueses de hoje não se revêem e que urge 
substituir para dar corpo a uma verdadeira reforma do Estado que este 
governo está disposto a empreender, mas que as forças de esquerda 
acoitadas por detrás deste aborto constitucional querem impedir. 
Para que o Estado passe a gastar menos dinheiro 
com as pessoas, será preciso que as pessoas passem a cuidar mais de si 
próprias e a contar menos com o Estado para o seu sustento. Terão que 
trabalhar mais, estudar mais, ser mais educadas e instruidas, aprender 
a fazer mais coisas e fazê-las mais bem feitas, para que possam ganhar 
mais dinheiro para melhor se governarem a si próprias, sem pedinchices 
nem lamechas. O Estado gasta demais em subsidios ( de refeição, de 
férias, de nascimento, de funeral, de transportes, de ajudas de custo, 
de desemprego, social de inserção, de saúde, de apoios sociais de toda 
a ordem, etc.etc.). 
Por outro lado, a intervenção do Estado na 
economia nacional, detendo posições sociais em empresas privadas ou 
gerindo mesmo empresas publicas inseridas no mercado, não faz sentido 
nos dias de hoje, mais de 20 anos depois da queda do muro de Berlim. 
Há que libertar o Estado destas tarefas que não lhe cabem por natureza 
e que não são mais do que resquícios do 25 de Abril, prejudicando o 
desenvolvimento harmonioso do país e impedindo que saiamos desta 
crise. 
Tudo isto faz com que o Estado tenha mais 
empregados do que as empresas privadas todas juntas, obrigando os 
poderes publicos a gastos com ordenados, benesses e a outras despesas 
derivadas do pessoal que sustenta, em prejuizo do sustento organizado 
e racional das funções de soberania que naturalmente lhe cabem e que, 
como todos sabem, são a justiça, a segurança nacional e internacional 
e a representação do Estado. 
Torna-se assim, a meu ver, indispensável que se 
acorde numa Constituição politica moderna, curta, simples, mas 
directa, sem subterfugios nem alçapões, que possa servir de base a uma 
verdadeira reforma do Estado que permita que Portugal recomece ("fresh 
start" como dizem os ingleses) um percurso de recuperação nacional 
digno da nossa história de quase 900 anos. Não é confundindo as 
pessoas com convocatórias de greves que não conduzem a lado nenhum e 
que só destroem a imagem de povo ordeiro e consciente das suas 
dificuldades que ainda temos. Olhem para os gregos que em poucas 
semanas destruiram séculos de grandeza e de respeito de todo o mundo. 

ALBINO ZEFERINO 
20/11/2011 

1 comentário:

  1. Meu caro Albino Zeferino,

    Não vou dar tiros ao lado - isto em relação ao tema abordado no seu escrito - , mas chamar a atenção para pontos centrais desta crise e do debate em curso.

    Qual é a lógica do sistema? Se eu quero comprar um carro, ou tenho dinheiro para o pagar a pronto ou não tenho. Se tenho e compro, o problema é meu e ninguém tem nada com isso. Se não tenho, peço emprestado ao banco que me concede crédito para o efeito, com juros que mais tarde terei de pagar. Se não me dão crédito, fico a ver navios e o carro não sai do "stand". Se o banco me dá crédito e eu não posso pagar, o problema principal é dele, banco, e não meu. Recordo que eu não posso pagar. Ponto final. O banco que fique com o carro. Eu não gasto demais. Se tenho do meu, gasto, se o banco me empresta, gasto. Se o banco me empresta, é porque reúno condições para pagar e confia em que não estou a gastar em excesso. Se não tenho condições para pagar, o problema é, repito, do banco. Ele é que fica à rasca. Eu, pura e simplesmente, não pago e ficarei sem o carro. Por outro lado, o Estado vive muito acima das suas possibilidades e gastou o dinheiro de todos nós onde não devia. Mas quem é o Estado? Somos todos nós. O problema é que nós não gerimos, porquanto pusemos lá uns senhores para gerirem em nosso nome (o Governo), convictos de que eles é que sabem ou devem saber o que estão a fazer. Mais. o Governo deve regularizar a banca, se não o faz, foge às suas obrigações mais elementares. A lógica é de uma simplicidade extrema: nesta crise só há dois culpados: a banca e o Estado (Governo). Não vale a pena pôr mais problemas no "complicador". Com efeito, "the rest is silence!

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