segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

QUEM SE INTERESSA POR PORTUGAL?

Num momento de enormes duvidas quanto ao futuro de 
Portugal resultante da crise global que nos assola, cabe perguntar-se 
quais são os países que mais interesse têm na preservação da nossa 
independencia como Nação livre e soberana, pois só assim poderemos 
esperar alguma solidaridade nos esforços que vamos empreendendo para 
atingirmos esse objectivo. Desde sempre que em momentos de crise 
outros povos vieram em nosso socorro, sempre interessadamente é certo, 
mas cuja ajuda foi decisiva para a preservação da nossa identidade 
enquanto povo independente e capaz de cuidar de si. Foram os ingleses, 
para cuja estratégia expansionista era indispensável travar o acesso 
fácil dos espanhois ao Atlantico (em Aljubarrota e na Restauração) ou 
evitar que mais tarde países seus rivais controlassem o Atlantico nas 
suas caminhadas europeias (a França napoleonica e a Alemanha nazi), os 
que mais nos ajudaram durante a nossa história de glórias e de 
fracassos. Mas foram tambem os ingleses que, conhecendo-nos melhor, 
mais nos exploraram e nos achincalharam (Protectorado de Beresford, 
Ultimato de 1890 e 1ª Grande Guerra). Foi ainda aos ingleses a quem 
Salazar recorreu no periodo entre guerras (a troco de apoio 
financeiro, a Inglaterra ficou com os correios, telegrafos, telefones, 
redes de transportes, monopólios comerciais e outros em Portugal). 
Mais nenhum outro país teve uma influencia tão forte na defesa da 
nossa identidade própria como os ingleses, a troco da cedencia de 
partes da nossa soberania (a libra, por exemplo, circulava em Portugal 
a par do escudo, como moeda de referencia). 
Com a entrada na União europeia e a subsequente 
adopção do euro como moeda nacional, fomo-nos afastando da 
Grâ-Bretanha, que hoje deixou de constituir referencia em Portugal, 
para nos enfeudar-mos na chamada europeização do país, espécie de 
crença que tudo justifica e tudo explica. Agora que estamos 
intervencionados por essa Europa que tanto desejámos e idolatrámos, 
procuramos ainda estrebuchar alguma independencia entregando sectores 
importantes da nossa economia a terceiros países que nos acenam com 
investimentos que serão rentáveis certamente para eles mas talvez não 
tanto para nós. Refiro-me a chineses e a angolanos que se estão 
apropriando, uns do sector energético e outros do bancário portugues. 
Compreende-se o interesse chines na tecnologia portuguesa e sobretudo 
na internacionalização da EDP atraves da qual poderão mais facilmente 
penetrar no Brasil e na America. Quanto aos angolanos, a tomada de 
participações importantes na banca portuguesa permite-lhes entrarem no 
controlado mercado financeiro europeu tornando-os players mundiais no 
sector. A Europa (e os alemães em particular) que contavam conosco 
como extensão espanhola e tambem brasileira dos seus interesses, está 
a verificar que a liberalização rapida e descontrolada da economia 
portuguesa está a virar-se para outras paragens menos apetecidas dos 
europeus (leia-se dos alemães). Queira Deus que a boa-vontade com que 
a troika tem vindo a acompanhar a lenta e problemática recuperação 
portuguesa não se transforme no lobo mau que tem açulado a Grécia e a 
está e empurrar encosta abaixo em direcção ao precipicio fatal. 

ALBINO ZEFERINO 
30/1/2012 

COMO SERÁ O MEU FUTURO?

A primeira parte da minha vida, correspondente à 
minha infancia e á minha adolescencia, passou-se relativamente bem e 
portanto bastante depressa.  Vivia-se nessa altura em Portugal em 
pleno salazarismo e fazendo eu parte de uma familia acomodada, nunca 
senti verdadeiramente o peso do Estado na minha vida.  Os meus pais 
educaram-me bem, como era suposto ser educado naquela época um 
rapazinho da classe média, frequentando colégios particulares e 
cumprindo os programas de ensino iguais para toda a gente.  Em casa 
não se falava de politica (isso era deixado para os cerebros que da 
politica se ocupavam) e as vicissitudes sociais passavam-me ao lado, 
como de todos os que me rodeavam, familia, colegas, vizinhos, amigos, 
conhecidos e parentes.  Depois de um secundário mediano mas sem faltas 
fui para a faculdade, onde pela primeira vez deparei com questões 
sociais e politicas (estava-se nos anos 60) que observei de longe, mas 
sem nunca me envolver.  A contestação juvenil à guerra colonial, o 
maio de 68 em França, o caso Delgado, a revolta de Beja, as greves 
universitárias, em suma, a generalização da reacção a um regime que 
atingia o seu fim, não se me afigurou tão evidente como agora 50 anos 
depois surge na nossa história.  Só com a morte de Salazar se tornou 
mais óbvia a aproximação do fim do regime e a incógnita sobre o que se 
iria passar a seguir.  Estavamos habituados a tomar conta de nós 
próprios e a olhar para o estrangeiro como um estranho a quem se 
agradava ou desagradava consoante os nossos próprios interesses.  Não 
havia que formular estratégias para o relacionamento externo.  Tudo 
era mais simples e mais óbvio.  Apesar de defrontarmos uma guerra sem 
solução em tres frentes e 40% do orçamento do Estado estar hipotecado 
a esse esforço, pouco se notava nas ruas e na vida do dia a dia. 
Porém só poucas pessoas tinham direito a tudo e à maioria cada vez 
faltava mais.  Até que chegou o 25 de abril e a mudança radical da 
sociedade portuguesa.  Nessa altura eu, já formado, cumpria serviço 
militar obrigatório ao qual não me eximi, nem fugindo para o 
estrangeiro, nem fingindo mazelas que felizmente não tinha. Tinha 
casado com a minha namorada de sempre e a nossa mais velha tinha 
acabado de nascer.  Com o fim do serviço militar, casado, com 
responsabilidades familiares, mas sem emprego (naquela época um tipo 
mediano como eu não tinha qualquer problema em encontrar ocupação 
desde que tivesse um curso) resolvi concorrer á carreira diplomática e 
entrei.  Tinha iniciado a segunda parte da minha vida. 
                    Com a minha entrada no mercado de trabalho e as 
responsabilidades familiares entretanto criadas, coincidiu a vivência 
sistemática no estrangeiro inerente à profissão que escolhera. Sem 
experiencia familiar no sector e ao sabor das vicissitudes politicas, 
sociais e económicas que decorriam em Portugal, consequência da 
profunda alteração de hábitos,costumes e valores, que o 25 de abril 
nos trouxe, fui aprendendo um pouco à minha custa a adaptar-me a uma 
nova vida, com exigencias e tarefas desconhecidas para mim, que nos 
toma completamente o tempo, o espirito e o modo de viver. Passaram 
assim 37 anos a correr. Aprendi assim que não convém dizer sempre 
tudo, que nem tudo o que luz é ouro, que os melhores nem sempre 
vencem, que nem sempre o que parece é e que a vida tem mais de dubio 
do que de certo. Ao mesmo tempo ganhava bem, estava protegido 
profissionalmente, tinha apoio social garantido e sentia-me como 
fazendo parte de um club de elite numa sociedade que se desconjuntava. 
A coisa acabava por compensar.  Alem disso, à medida que ia mudando de 
actividade (em média cada 2/3 anos) sentia que me ia tornando cada vez 
mais objectivo, sobretudo depois de passar alguns anos a viver no 
estrangeiro.  As coisas e sobretudo os acontecimentos que observava 
começavam a significar para mim mais do que simples circunstancias do 
momento e mais como fazendo parte de um todo mais geral, que encaixava 
na evolução geoestratégica regional e mundial da sociedade em que 
vivemos.  Foi desta maneira que consegui, sem esforço, situar a 
evolução social portuguesa desde o 25 de abril (e até antes) no seu 
contexto politico e económico.  É assim que percebo a integração 
europeia e a defendo como unica via para a solução dos problemas 
portugueses.  Agora já reformado, com meus filhos casados e com uma 
neta, permito-me a mim próprio exprimir aquilo que verdadeiramente 
sinto como animal pensante. 
                     Coincidindo com o que chamo a terceira parte da 
minha vida (velho à espera da morte) surgiu uma verdadeira hecatombe 
que se traduz na situação de descalabro económico em que Portugal se 
encontra.  Não tendo vivido sistematicamente em Portugal  durante os 
ultimos 35 anos, esperava que agora, passado tanto tempo e depois dos 
portugueses terem partilhado longamente as experiencias e o modo de 
vida europeu, eu pudesse tranquilamente fixar-me na terra onde nasci 
sem as preocupações próprias de um refugiado, disfrutando duma pensão 
de reforma suficiente para manter uma vida digna como a que levei até 
aqui, representando com orgulho o meu país no estrangeiro. Mas o que 
verifico é que os portugueses nada aprenderam do convivio com gentes 
mais evoluidas, estão cada vez mais saloios e ignorantes, mais 
aldrabões e vigaristas, com menos escrupulos e mais pouca-vergonha, 
mais perguiçosos e velhacos, enfim, merecedores de todas as vilanias 
que lhes façam e dignos do país que destruiram leviana e 
inconscientemente. Deus tenha piedade de nós. 

                         ALBINO ZEFERINO         28/1/2012 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

MAIS UMA CAVACADA


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SESSÕES DE ESCLARECIMENTO


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A CONCERTAÇÃO SOCIAL

Convencidos de que o acordo a que chegaram vai 
salvar o país da miséria, patrões e empregados deste jardim à 
beira-mar plantado embandeiraram bacocamente em arco com as decisões a 
que chegaram ontem de madrugada ao fim de horas e horas perdidas de 
desconversa. Os patrões, que depois do abandono do abaixamento da TSU, 
bem como da posterior meia-hora suplementar de trabalho diário, 
contentaram-se agora com uma vaga bolsa de horas extraordinárias e uma 
contracção dos dias de férias e sairam da reunião muito contentinhos, 
tentando convencer os incautos que agora sim, estavam reunidas as 
condições para que Portugal passasse a produzir à chinesa. Os 
trabalhadores, por seu turno, de cabeça baixa e aparentando derrota, 
esfregam as mãos de contentes pelo "histórico" acordo que vai deixar 
tudo na mesma como a lesma. Os comunas da Intersindical, ausentes das 
negociações e que continuam a mandar nos sindicatos mais populosos, 
não se consideram vinculados a este acordo, que consideram espurio 
porque contra os direitos adquiridos dos trabalhadores e contrário à 
Constituição socialista que nos rege. 
Não nos admiremos pois se as famigeradas agências 
de rating continuarem a flagelar-nos com sucessivos abaixamentos da 
nossa classificação de confiança que determina, quer queiramos ou não, 
as taxas de juros que vamos pagando pelos nossos empréstimos. É claro 
que isto faz parte da guerra surda dolar-euro, mas não nos 
convençamos, como o primeiro-ministro quer fazer-nos crer, que estamos 
fora dessa jogada e que por cá vai tudo no melhor dos mundos. Somos 
atacados porque fazemos parte da zona euro e estamos vulneráveis, ou 
seja "damos o flanco". Enquanto não nos convencermos e não convençamos 
terceiros de que estamos efectivamente a mudar o sistema de governação 
em Portugal, cheio de vícios e de alçapões, não conseguiremos sair 
desta zona de turbulencia. Ninguem lá fora compreende para que serve 
um presidente num regime semi-presidencialista, inventado por Salazar 
para se manter no poder eternamente, nem porque razão ainda não nos 
vimos livres da influencia dos comunistas que já não riscam em lado 
nenhum, só aqui. Temos o plano da troika, a boa-vontade da dupla 
Merkozy, as tranches de dinheiro a fluirem, a ausencia de alternativas 
governativas. Falta ao governo mais determinação e mais coragem para 
de uma vez por todas começar a reabilitação do país, sem compromissos 
que desvirtuem os objectivos, nem cedências que comprometam as 
finalidades. É preciso tirar os fantasmas dos armários das nossas 
consciencias: já não há comunismo no mundo e as maçonarias estão 
passadas de moda. Ataquemos os problemas de frente, forçando a 
comunicação social e o governo a enfrentá-los: Porque temos ainda uma 
constituição socialista? Porque razão não "limpamos" as camaras 
municipais? Com que fundamento juridico se usam bens publicos para 
pagar favores privados? Porque razão os partidos politicos não são 
fiscalizados? Não seria isto uma tarefa mais util para incumbir o 
presidente da Republica de fazer? 

ALBINO ZEFERINO 17/1/2012 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O ANO DE TODOS OS PERIGOS

2012 será definitivamente um ano decisivo para a 
salvação de Portugal como nós o conhecemos desde há 900 anos. O 
desmantelamento do famoso Estado social saído do PREC de 1974 com a 
estrutura marxista que lhe foi imprimida por Cunhal y sus muchachos 
com a cobarde abstenção de Soares e dos seus amiguetes socialistas 
será o desafio que o governo Passos-Portas tem pela frente este ano 
que agora começou. Espartilhado pelo MOU da troika (mas que lhe serve 
de desculpa) o governo portugues vai ter uma tarefa muito dificil pela 
frente se quizer efectivamente deixar obra feita. Será um pouco como 
fazer omoletes sem ovos. Explico-me. Sob um pano de fundo democrático 
assente numa Constituição de base marxista, o governo vai ter que 
reformar pacificamente (isto é, sem reacções populares violentas) um 
regime que fomenta a subsidiodependencia nacional como forma de vida 
dos seus cidadãos para melhor os enquadrar politicamente. O sistema já 
vem de Salazar, apenas sofreu uma viragem ideológica em 1974. 
A isto soma-se o ambiente recessivo da economia 
portuguesa que, se por um lado serve de pretexto para a adopção de 
medidas reformistas (que de outro modo suscitariam uma imediata 
reacção popular) aceites resignadamente por uma população pouco 
esclarecida , por outro fomenta um desemprego crescente fruto da 
dispensa de trabalhadores excedentários criando bolsas de pobres cada 
vez mais carenciados que têm que ser apoiados pelo Estado. É este o 
paradoxo que o governo da troika (como já é conhecido) tem que 
enfrentar com a coragem do forcado e a determinação do obstinado. 
O risco que o governo corre é compartilhado por 
nós todos, saudosistas do PREC incluidos. Se não conseguirmos atingir 
as metas que nos foram impostas na sequência do nosso pedido de ajuda 
internacional (por falta de apoio popular ou por cedencia 
governamental aos numerosos lobis instalados) o destino de Portugal 
será negro. Não valerá a pena deitarmo-nos a adivinhar o nosso futuro 
ou a esconder a cabeça na areia tentando ignorá-lo. Basta olhar para o 
que está a acontecer à Grécia. Nisso tivemos sorte com a desgraça 
alheia. 
O governo já percebeu que é mais importante 
endireitar as finanças do que fazer andar a economia. Uma vez saneadas 
as contas, os amigos europeus acorrerão como o têm feito desde há 30 
anos. Mas para isso não devemos hostilizá-los como os gregos têm 
feito. Beware the propellors como dizem os marinheiros, sempre 
avisados contra as intempéries. 
Não há alternativa a Passos. Ou consegue superar 
o desafio e é o maior por muitos e bons anos. Ou cai e não haverá 
outro para tentar fazer o que ele não terá conseguido. Nessa altura 
sofreremos na pele as consequencias dos disparates cometidos durante o 
nosso passado recente e já não teremos sequer oportunidade para 
responsabilizar ninguem pelo que nos acontecerá. Todos seremos 
responsáveis. Os nossos filhos nos julgarão. E não serão meigos, 
asseguro-lhes. A geração à rasca já hoje tem muitos ressentimentos 
pelo que tem sofrido. Não sejamos masoquistas. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PORQUÊ TANTA PRESSA?

Fala-se cada vez mais na conveniência em insistir 
com a troika no alargamento dos prazos de cumprimento de certas 
medidas constantes no memorando de entendimento a que nos 
comprometemos. Percebe-se da dificuldade politica na imposição dessas 
medidas mais dificeis, sobretudo daquelas que irão bulir com os velhos 
hábitos nacionais do "nacional-porreirismo" e do "deixa andar". Não 
tenhamos porem ilusões acerca da determinação dos nossos 
sócios-credores no "endireitamento" do nosso modo de vida laxista e 
desorganizado que alguns "patriotas" de pacotilha classificam de 
"desenrascanço" tipicamente luso. É que enquanto não nos endireitarmos 
(bem como os países intervencionados como o nosso) não será possivel 
solucionar globalmente a questão da da dívida europeia. E quanto mais 
tarde se criarem os mecanismos necessários para essa solução 
definitiva e global, mais problemática se afigura a recuperação da 
Europa. 
A mázona da Merkel já definiu o timing deste 
processo. Primeiro pôr os prevaricadores na ordem para evitar futuras 
prevaricações e só depois avançar com o verdadeiro processo de 
recuperação das finanças dos países em dificuldade. Ninguem gosta de 
atirar o seu dinheiro para dentro de um buraco sem fundo antes de o 
tapar. O risco será o do contágio sistémico a outros países ainda 
equilibrados. Além dos países já oficialmente no cadafalso (vamos lá a 
ver se nem todos terão que ser enforcados) começaram já outros a dar 
sinais de desiquilibrio financeiro, como a Itália, a Espanha e agora a 
Hungria. A questão do timing nas reestruturações está a tornar-se 
assim cada vez mais premente, não no sentido do seu alargamento (como 
os portugas, habituados a ver apenas as árvores desprezando a visão 
global da floresta, desejam), mas pelo contrário na sua redução, para 
travar o efeito de contágio a países sãos, que se está a tornar cada 
vez mais ameaçador. 
O "efeito" chines nascido da recente participação 
chinesa no capital da EDP, que criou na convicção dos espíritos 
simples dos portugas de que Portugal se poderá safar das suas 
obrigações financeiras internacionais tornando-se numa Mongólia 
ocidental, veio aprofundar a convicção saloia lusa de que se a Europa 
não nos ajuda (ainda querem mais?) então virar-nos-emos para os 
"amigos" chineses, que estão desejosos para "investir" neste país de 
brandos costumes, que eles bem conhecem dos últimos anos da presença 
portuguesa em Macau. Não sejamos tolos, nem saloios em demasia, mas 
preocupemo-nos mais em ajudar a recuperar o nosso país para 
reingressarmos na comunidade de países que constituem ainda referencia 
de vida aos demais povos da terra, voltando a ser um país onde outros 
desejam viver e não regredirmos aos anos 60 onde a maioria de nós 
procurou vida melhor no estrangeiro. 


ALBINO ZEFERINO 8/1/2012 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

VÊM AÍ OS CHINESES

Para surpresa de alemães e germanófilos o governo 
de Passos decidiu entregar a EDP aos chineses. Passámos por 
mal-agradecidos aos olhos dos nossos parceiros-credores mas marcámos 
pontos perante o mundo (e tambem junto da alguns europeus, 
certamente). A decisão governamental foi não só acertada sob o ponto 
de vista da gestão da coisa publica como sobretudo en termos 
geoestratégicos. Com a presença interessada da China em Portugal 
passaremos de país europeu periférico para ponto obrigatorio de 
passagem de tecnologia e de capitais de Oeste para Leste e vice-versa. 
Um pouco o que faz Singapura em relação ao Extremo Oriente. Sem os 
chineses Singapura não era certamente o que hoje é. 
Tomara que pressões de vária ordem que o governo 
Passos vai começar a sofrer para compensar esta chinesice, dando as 
outras joias a privatizar aos membros das suas várias familias 
(europeia, lusófona e outras) não surtam efeito nos espíritos 
deslumbrados dos nossos governantes, que só agora realizaram a 
importancia das empresas publicas portuguesas a privatizar. Agora que 
os chineses ganharam a EDP não faz sentido não lhes entregar tambem a 
REN. Ficaremos assim com bons argumentos junto dos chineses para lhes 
mostrar que poderemos ser-lhes uteis na sua estratégia de penetração 
na Europa e nas Américas. Se isto trouxer mais dinheiro para fazermos 
face aos nossos graves problemas de tesouraria publica, porque não? 
A TAP deve ser entregue aos brasileiros na 
sequencia da inteligente politica de expansão promovida por Fernando 
Pinto (o Cristiano da aviação que Guterres descobriu no Brasil). Será 
a única forma de evitar que Portugal desapareça do mapa da aviação 
civil internacional. Passando a propriedade das rotas para os 
brasileiros, Lisboa e Porto continuarão a ser aeroportos de origem e 
de destino das rotas brasileiras. De outro modo o "hub" passará para 
Madrid ou para Frankfurt. 
Quanto às outras privatizações previstas, acho que 
deveremos privilegiar quem já investiu em nós permitindo reforços de 
posições capitalistas àqueles que já detêm posições nas empresas a 
privatizar. A não ser que razões de natureza estratégica se imponham. 
Nisto de negócios não deve haver favores. "There is no free lunches". 
O BCP é vital para o sector bancário. Só se os angolanos 
corresponderem às expectativas (dando garantias!) é que deveremos 
deixá-los crescer. Basta de fazerem negócios com o nosso dinheiro! De 
contrário mais vale entregar o sector aos espanhois. Não esquecer por 
outro lado que os chineses quando decidem aterrar fazem como os 
americanos: trazem tudo. Duvido assim que se ficarem tambem com a REN 
(e algo mais...) prescindam de trazer para cá um dos seus bancos. Eles 
só fazem gestão correntre entre eles. Para os chineses, brancos e 
sobretudo portugueses, não são de fiar (Macau ainda lhes está na 
memória). 
Esperemos que o processo de privatizações que 
começou bem continue neste registo. De contrário é mais uma 
oportunidade que perderemos. E já chega de delapidar os bens de todos 
em proveito só de alguns. 

ALBINO ZEFERINO 2/1/2012