segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

VÊM AÍ OS CHINESES

Para surpresa de alemães e germanófilos o governo 
de Passos decidiu entregar a EDP aos chineses. Passámos por 
mal-agradecidos aos olhos dos nossos parceiros-credores mas marcámos 
pontos perante o mundo (e tambem junto da alguns europeus, 
certamente). A decisão governamental foi não só acertada sob o ponto 
de vista da gestão da coisa publica como sobretudo en termos 
geoestratégicos. Com a presença interessada da China em Portugal 
passaremos de país europeu periférico para ponto obrigatorio de 
passagem de tecnologia e de capitais de Oeste para Leste e vice-versa. 
Um pouco o que faz Singapura em relação ao Extremo Oriente. Sem os 
chineses Singapura não era certamente o que hoje é. 
Tomara que pressões de vária ordem que o governo 
Passos vai começar a sofrer para compensar esta chinesice, dando as 
outras joias a privatizar aos membros das suas várias familias 
(europeia, lusófona e outras) não surtam efeito nos espíritos 
deslumbrados dos nossos governantes, que só agora realizaram a 
importancia das empresas publicas portuguesas a privatizar. Agora que 
os chineses ganharam a EDP não faz sentido não lhes entregar tambem a 
REN. Ficaremos assim com bons argumentos junto dos chineses para lhes 
mostrar que poderemos ser-lhes uteis na sua estratégia de penetração 
na Europa e nas Américas. Se isto trouxer mais dinheiro para fazermos 
face aos nossos graves problemas de tesouraria publica, porque não? 
A TAP deve ser entregue aos brasileiros na 
sequencia da inteligente politica de expansão promovida por Fernando 
Pinto (o Cristiano da aviação que Guterres descobriu no Brasil). Será 
a única forma de evitar que Portugal desapareça do mapa da aviação 
civil internacional. Passando a propriedade das rotas para os 
brasileiros, Lisboa e Porto continuarão a ser aeroportos de origem e 
de destino das rotas brasileiras. De outro modo o "hub" passará para 
Madrid ou para Frankfurt. 
Quanto às outras privatizações previstas, acho que 
deveremos privilegiar quem já investiu em nós permitindo reforços de 
posições capitalistas àqueles que já detêm posições nas empresas a 
privatizar. A não ser que razões de natureza estratégica se imponham. 
Nisto de negócios não deve haver favores. "There is no free lunches". 
O BCP é vital para o sector bancário. Só se os angolanos 
corresponderem às expectativas (dando garantias!) é que deveremos 
deixá-los crescer. Basta de fazerem negócios com o nosso dinheiro! De 
contrário mais vale entregar o sector aos espanhois. Não esquecer por 
outro lado que os chineses quando decidem aterrar fazem como os 
americanos: trazem tudo. Duvido assim que se ficarem tambem com a REN 
(e algo mais...) prescindam de trazer para cá um dos seus bancos. Eles 
só fazem gestão correntre entre eles. Para os chineses, brancos e 
sobretudo portugueses, não são de fiar (Macau ainda lhes está na 
memória). 
Esperemos que o processo de privatizações que 
começou bem continue neste registo. De contrário é mais uma 
oportunidade que perderemos. E já chega de delapidar os bens de todos 
em proveito só de alguns. 

ALBINO ZEFERINO 2/1/2012 

Sem comentários:

Enviar um comentário