Para surpresa de alemães e germanófilos o governo
de Passos decidiu entregar a EDP aos chineses. Passámos por
mal-agradecidos aos olhos dos nossos parceiros-credores mas marcámos
pontos perante o mundo (e tambem junto da alguns europeus,
certamente). A decisão governamental foi não só acertada sob o ponto
de vista da gestão da coisa publica como sobretudo en termos
geoestratégicos. Com a presença interessada da China em Portugal
passaremos de país europeu periférico para ponto obrigatorio de
passagem de tecnologia e de capitais de Oeste para Leste e vice-versa.
Um pouco o que faz Singapura em relação ao Extremo Oriente. Sem os
chineses Singapura não era certamente o que hoje é.
Tomara que pressões de vária ordem que o governo
Passos vai começar a sofrer para compensar esta chinesice, dando as
outras joias a privatizar aos membros das suas várias familias
(europeia, lusófona e outras) não surtam efeito nos espíritos
deslumbrados dos nossos governantes, que só agora realizaram a
importancia das empresas publicas portuguesas a privatizar. Agora que
os chineses ganharam a EDP não faz sentido não lhes entregar tambem a
REN. Ficaremos assim com bons argumentos junto dos chineses para lhes
mostrar que poderemos ser-lhes uteis na sua estratégia de penetração
na Europa e nas Américas. Se isto trouxer mais dinheiro para fazermos
face aos nossos graves problemas de tesouraria publica, porque não?
A TAP deve ser entregue aos brasileiros na
sequencia da inteligente politica de expansão promovida por Fernando
Pinto (o Cristiano da aviação que Guterres descobriu no Brasil). Será
a única forma de evitar que Portugal desapareça do mapa da aviação
civil internacional. Passando a propriedade das rotas para os
brasileiros, Lisboa e Porto continuarão a ser aeroportos de origem e
de destino das rotas brasileiras. De outro modo o "hub" passará para
Madrid ou para Frankfurt.
Quanto às outras privatizações previstas, acho que
deveremos privilegiar quem já investiu em nós permitindo reforços de
posições capitalistas àqueles que já detêm posições nas empresas a
privatizar. A não ser que razões de natureza estratégica se imponham.
Nisto de negócios não deve haver favores. "There is no free lunches".
O BCP é vital para o sector bancário. Só se os angolanos
corresponderem às expectativas (dando garantias!) é que deveremos
deixá-los crescer. Basta de fazerem negócios com o nosso dinheiro! De
contrário mais vale entregar o sector aos espanhois. Não esquecer por
outro lado que os chineses quando decidem aterrar fazem como os
americanos: trazem tudo. Duvido assim que se ficarem tambem com a REN
(e algo mais...) prescindam de trazer para cá um dos seus bancos. Eles
só fazem gestão correntre entre eles. Para os chineses, brancos e
sobretudo portugueses, não são de fiar (Macau ainda lhes está na
memória).
Esperemos que o processo de privatizações que
começou bem continue neste registo. De contrário é mais uma
oportunidade que perderemos. E já chega de delapidar os bens de todos
em proveito só de alguns.
ALBINO ZEFERINO 2/1/2012
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